POUCA BALA

O Caixa Preta ainda com cara de ressaca apareceu lá no Porcão. Pedimos logo a nossa cerva e começamos a beber. Fiquei esperando o velho Caixa abrir os trabalhos e contar algum caso pois eu estava doido pra dar umas risadas já que tinha acabado de ler o jornal com aquelas notícias políticas nojentas de todo dia.
Depois do segundo copo, o cabra já ficou mais alegre e então resolveu contar uma de lascar, mas para começar estava bom até demais.
Sempre jurando que era verdade, começou:
“Um cabra violento chegou no boteco bufando, como dizem por ai, botando fogo pelas ventas”.
Final de semana como sempre o boteco estava lotado, era grande a algazarra, foi quando o cabra bombadão, cheio de tatuagens igual um muro pichado, com uma cara de pittibul chegou e já entrou gritando:- Tô armado com uma pistola de 9 mm, tenho ainda dois carregadores com 12 balas cada um, só quero saber quem anda pegando minha mulher?
Um silêncio de lascar, ninguém se movia, todo mundo calado olhando pro cabra, muitos nem respiravam evitando fazer qualquer tipo de barulho, alguns que estavam indo ao banheiro perderam os freios de contenção e fizeram por ali mesmo.
Se caísse uma pena no chão seria como se tivesse caído uma bomba no ambiente, quem estava rezando, rezava baixinho sem mover os lábios.
Depois de todo aquele silêncio, um gaiato falou lá no fundo do boteco:- Eu não queria dizer nada não, pois eu não sou fofoqueiro, mas acho que você trouxe pouca bala”…