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Região do Guará vai ganhar outra quadra nobre

Depois do Park Sul, que se transformou numa das quadras mais nobres do Distrito Federal e está se transformando em novo polo hoteleiro, a Região do Guará terá uma nova quadra do outro lado do córrego, na Área 28 A, entre o ParkShopping, o Parque Ezequias Heringer e as vias Epia e Epgu. A Terracap incluiu no seu último edital do ano o lote de 160 mil metros quadrados para venda, no valor mínimo de R$ 353 milhões, com caução de R$ 17,6 milhões. O lote chegou a ser oferecido, com o mesmo preço, no edital de setembro de 2018, mas foi retirado pela Terracap antes da abertura do pregão, por causa de um erro de interpretação da licença ambiental.
A área será licitada como um único lote com destinação para residências e comércios, em prédios de até 26 metros de altura (10 andares). O lote tem quase o dobro do tamanho da Super Quadra Brasília (SQB), na EPTG, que conta com 15 prédios, área de lazer e esporte completo e um shopping.
Localizada na margem da Estrada Parque Indústria e Abastecimento, a Área 28-A é uma das mais bem localizadas no DF, por estar no principal eixo rodoviário da capital – a Epia se une à BR-020, seguindo em direção ao Norte e Nordeste do Brasil, e à BR-040, em direção ao Sudeste – ao lado da Rodoviária Interestadual, uma estação do metrô, e ao lado do maior shopping do DF.
Com o aquecimento do mercado imobiliário do Distrito Federal, não deve haver dificuldade para a venda do terreno. O mais provável é que as principais incorporadoras locais se unam em consórcios para a concorrência, por causa do tamanho e do custo do empreendimento.

Lote atrás da delegacia também

Outra novidade do edital é a presença de um grande lote comercial no Centro Comunal I, ao lado da 4ª Delegacia de Polícia, entre as QEs 15, 23 e 26. O lote de tem quase 4 mil metros quadrados, e será cedido por concessão mensal, ou seja, não será vendido, mas cedido por 15 anos (prorrogáveis por mais 15) por R$ 25.530 mensais. O lote está avaliado em R$ 8,5 milhões pela própria Terracap e não poderá receber residências.

 

Área 28-A foi retirada do Parque do Guará em troca de aumento da poligonal

A área 28 A pertencia oficialmente até 2016 ao parque Ezechias Heringer, embora tenha sido cedido durante o governo Cristovam ao empresário Mauro Dutra, amigo do então presidente Lula, para a construção de uma filial do parque aquático americano Wet´n Wild. O projeto não foi viabilizado porque o empresário não conseguiu as licenças ambientais antes do final do governo petista e também porque a cessão foi questionada na Justiça pelo Ministério Público e pelo governo Joaquim Roriz, que veio depois.
Mesmo impedido de implantar o parque, Mauro Dutra tentou manter a cessão da área, através de sucessivas liminares conseguidas na Justiça, até que todas as tentativas jurídicas fossem cessadas pela Terracap, que conseguiu a retomada judicial da posse em 2015.
A iniciativa frustrada resultou em um grande lote terraplanado e com toda a vegetação nativa degradada. Essa degradação foi o argumento do então presidente da Terracap, Júlio Cézar Azevedo Reis, para justificar o interesse da companhia na área e propor a troca por outras de maior interesse ambiental e contíguas ao Parque do Guará, durante a audiência na Câmara Legislativa em junho de 2016. “A proposta retira do parque áreas antropizadas e sem vocação ambiental. Por outro lado, acrescenta áreas com vocação ambiental e que não estão protegidas, como campos de murundus, que são propícios à absorção da água e alimentam lençóis freáticos”, explicou Júlio César.
A permuta foi oficializada através da Lei Complementar 916/2016, que alterou a lei 1826/1998, que criou o parque. Com a permuta, o Parque do Guará cresceu de 304 para 346 hectares. A nova poligonal foi desenhada ainda no governo de Agnelo Queiroz, por uma comissão composta pelo então presidente do Instituto Brasília Ambiental, Nilton Reis, representantes da Administração do Guará e defensores do parque moradores da cidade, chamada de Comissão de Regularização Fundiária do Parque Ecológico Ezechias Heringer.

Impactos no trânsito e nos serviços

Nos últimos dez anos, toda a região da Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia) mudou muito, principalmente na região próxima ao ParkShopping. A Rodoviária Interestadual foi construída, trazendo milhares de pessoas diariamente, o Setor de Oficinas Sul se transformou em um grande setor residencial e hoteleiro, renomeado de Setor Park Sul, e na outra margem da rodovia, que pertence à Região Administrativa do Plano Piloto, próximo ao supermercado Extra, dezenas de lotes estão sendo ocupados aos poucos com hotéis e comércio.
Quando a troca da área estava sendo discutida na Câmara Legislativa, o deputado distrital guaraense Rodrigo Delmasso chegou a apresentar uma emenda parlamentar que proibia a ocupação da área por residências, para evitar o aumento da densidade populacional na região, com impactos significativos no trânsito do acesso ao Guará pela via EPGU (Guará, Zoológico) e nos serviços de água e energia. Para facilitar a aprovação da desafetação da área, o governo Rollemberg teria aceitado incluir na lei a emenda de Delmasso, o que, entretanto, não aconteceu.
A lei sancionada pelo governador Rodrigo Rollemberg, publicada no Diário Oficial do DF no dia 19 de outubro de 2016, não incluiu a emenda. Pior, não apresentou qualquer justifica do veto ao deputado, principal articular da aprovação do projeto na Câmara Legislativa, com a ressalva.
A preocupação das lideranças comunitárias e de urbanistas é com os impactos que mais um condomínio residencial tão próximo do Guará venha a provocar no trânsito, principalmente no acesso através da Epia e da Epgu (Guará-Zoológico), e com o adensamento populacional ao lado de uma reserva ecológica tão importante.

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