A luta depois de uma notícia ruim

No mês dedicado a esclarecimentos e a prevenção do câncer de mama, o Jornal do Guará conta o início da história de uma moradora da cidade que enfrenta corajosamente a doença

Elza Muzi, 36 anos, moradora do Guará, recebeu o diagnósticohá apenas três meses, que dizia: Carcinoma ductal infiltrante comcomprometimento de linfonodos axilares, o nome complexo não assustou Elza.Jovem, sem histórico de familiar com câncer, estilo de vida e alimentaçãosaudáveis, atenta à saúde (realiza exames periodicamente), ela não se enquadrano grupo onde é mais comum se manifestar a doença. Em janeiro de 2017 realizoutodos os exames de rotina com sua médica e estava tudo normal. Passados cincomeses, através do autoexame, sozinha Elza descobriu o caroço na mama direita.

Enquanto aguardava novos resultados de ecografia, mamografiae ressonância magnética, Elza não se desesperou. Ela tinha consigo a certeza deque o resultado seria mesmo positivo, e ainda assim teve paz. Iniciou postagensem suas redes sociais encorajando mulheres a se perceberem e a deixarem deignorar os sinais do corpo, alertando-as a procurarem médicos para examesgerais, como prova do “amor próprio”, como ela define.

Ainda no intervalo de tempo entre os exames, Elza terminou oúltimo módulo da sua pós-graduação e começou a resolver o máximo de coisasantes do diagnóstico final. Pesquisou tudo sobre a doença para não ser pega desurpresa, e resolveu alguns problemas pessoais. No dia 11 de julho, recebeu oresultado positivo para câncer de mama, “em momento algum cogitei ou cogitoqualquer outra possibilidade a não ser a minha vitória. Cada dia é vivido noaqui e no agora. Passei a valorizar as coisas e as pessoas certas e a saborearcada momento como se fosse único”, diz ela.

Atualmente, Elza está em tratamento de quimioterapia eaguardando a cirurgia e radioterapia. “Sempre fui uma pessoa muito ansiosa,desde menina, inclusive estava em tratamento medicamentoso no ano passado.Também passei por uma separação de um relacionamento extremamente tóxico eestressante há três anos, e tudo isso pode ter influenciado para odesenvolvimento do câncer, já que ele é multifatorial”, analisa. “Não culponinguém, tudo que vivi foi fruto das minhas escolhas, e hoje sei que meu corpoestá apenas expurgando as dores que um dia eu suportei, por isso sou grata edeixo fluir.”

Cerca de 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitadoscom a aplicação de hábitos saudáveis, entre eles, a prática de atividadesfísicas regularmente, alimentação saudável, manter o peso adequado, evitarbebidas alcoólicas e até mesmo a amamentar pode diminuir os riscos de se ter adoença. No Brasil, a recomendação do Ministério da Saúde é de que as mulherescom idade entre 50 a 69 anos realizem a mamografia de rastreamento (quando nãohá sinais nem sintomas) uma vez a cada dois anos. A mamografia diagnóstica podeser solicitada em qualquer idade, a critério médico. “Sabemos que o tocar amama ajuda a identificar alguma alteração, mas apenas isso não substitui deforma alguma a mamografia”, alerta a médica Meire Barban.

Outubro Rosa

O mês de outubro se tornou rosa – o motivo é vital e aconsequência é fatal, se não tratada a tempo. Desde os anos 90 que outubro foiescolhido para ser o mês que estimula a participação da população no controledo câncer de mama. A data celebrada anualmente tem como objetivo partilharinformações sobre o câncer de mama, conscientizar sobre a doença e contribuirpara a redução da mortalidade. Outubro Rosa é um movimento popularinternacionalmente conhecido, e o nome remete à cor do laço rosa que simbolizaa luta contra o câncer de mama e estimula a participação da população, empresase entidades.

Formada há 28 anos pela PUC, a médica ginecologista MeireBarban explica a importância que a mulher deve ter com sua saúde, especialmenteem relação à prevenção do câncer de mama – além do autoexame, as consultas periódicas e exames específicos podemdetectar precocemente um nódulo, aumentando as chances de cura. “Os examescomplementares de mamografia e ultrassonografia são importantes paradiagnosticarem um câncer inicial ou precoce. Às vezes, nem há nódulos e simclassificações patológicas, que não são palpáveis e são diagnosticadas somentecom a mamografia”, explica a médica.

Para fazer o autoexame da mama é necessário seguir trêspassos: primeiro, a observação em frente ao espelho, depois palpar com aspontas dos dedos a mama de pé e repetir a palpação deitada. O autoexame deveser feito uma vez por mês, todos os meses, três a cinco dias após oaparecimento da menstruação, ou em uma data fixa nas mulheres que já não têmmenstruação. O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação decélulas anormais da mama, que formam um tumor – alguns têm desenvolvimentorápido enquanto outros são mais lentos. O tipo de câncer mais comum entre asmulheres no mundo e no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma, é ocâncer de mama, e responde por cerca de 25% dos casos novos a cada ano nomundo. No Brasil, esse percentual é um pouco mais elevado e chega a 28,1%.