CHEGA DE SAUDADE

Lá no Porcão, o quiosque mais charmoso e sujo da região, onde se reúne a nata dos desocupados, lisos e assemelhados para falar de política, futebol, para jogar conversa fora, discutir sobre nada depois de algumas doses. Parece até audiência pública: discute-se tudo, vai desde a atual conjuntura até o preço do ovo, que já foi aceito como refeição alternativa por muitos da região, além de ouvir os doces resmungos do “Galak”.
É nesse ambiente tranquilo, apesar das moscas e do calor com uma quentura próxima das caldeiras do inferno, que os “quebrados” se juntam naquela muvuca de lascar, onde rola de tudo um pouco, até briga de vizinhos.
E entre eles, é claro, eu e o meu amigo Caixa Preta, que além de brigarmos com o Galak, aproveitamos para tomar aquela cerveja estupidamente gelada, pois ninguém é de ferro.
Como sempre o velho Caixa estava pra lá de inspirado, não perdoava ninguém, era cada tijolada que até eu estranhei.
O alvo principal foi essa cambada de candidatos cheios de conversa fiada que, de tão bonzinhos, muitos deles já pediram até canonização prévia ao Vaticano.
O Caixa me falou que pôde perceber que tem uns que acham que sem eles o Guará nem existiria.
O pior é que tem outros que nem moram por aqui, mas aparecem todos fagueiros, cheios de amor pelo Guará, pois apesar de morar longe daqui, sentem uma saudade danada, que misteriosamente aumenta em época de eleição.
É de fazer jumento rir.