RUÍDOS NA MADRUGADA

Sem ter muito o que fazer me dirigi até o templo da sujeira alimentar, estava com saudade daquela catinga de gordura que nos recebe sempre que chegamos.
O Galak em pé na porta, parecia a estátua do diabo na porta do inferno, dei bom dia, recebi como resposta um grunhido que identifiquei como um doce: Vá se lascar!
Pedi a cerveja, sentei esperando que o Caixa Preta chegasse logo para que o Galak parasse de me olhar com aquele jeitão doce de psicopata condenado à morte.
Como se estivesse adivinhando, o velho Caixa apareceu. Depois de sacanear com o nosso garçom preferido, onde não faltaram os palavrões de sempre, mas sempre recheados de carinho e alguns coices, ele todo entusiasmado veio logo me contar um caso muito interessante e engraçado que ele diz ser a mais pura verdade.
Contou ele que outro dia, já de madrugada, a mulher o acordou dizendo que ouviu um barulho no quintal e disse: – Amor, levanta e põe a cara na janela, assim eles pensam que temos um cachorro em casa.
Muito puto da vida por ter sido acordado aquela hora, respondeu mais ou menos da mesma forma: – Acho melhor você colocar sua cara lá na janela, assim eles vão achar que a casa é mal assombrada.
Resultado. Uma briga de lascar e a mulher está bicuda até hoje, dei umas boas risadas.