O RISO NA EDUCAÇÃO


O riso faz parte da experiência humana desde a origem do homem no Planeta e poucos filósofos falaram sobre ele. Desde a antiguidade até o século XX, o máximo que foi escrito sobre o riso foram poucos ensaios sobre o tema e por autores menos conhecidos.
Dos autores clássicos, Platão, Hobbes e inclusive Kant limitaram-se a escrever alguns parágrafos a respeito, dentro de outros temas, mostrando pouco interesse pela questão do riso.
A segundo coisa também surpreendente sobre o riso é quão negativo foram os filósofos ao tratar sobre o tema, independente do período. Da Grécia antiga até o século XX, a maior parte dos pensadores que se deu ao trabalho de escrever alguns parágrafos a respeito do riso se concentrando em apontar os efeitos negativos do riso, como no caso em que o riso aparece sob a faceta zombeteira, dominante ou desdenhosa. Platão é um dos filósofos que lançou sobre o riso um julgamento negativo.
A escola ou a universidade, desde suas criações, foram marcadas pelo silêncio, voltadas para o espaço da razão, do pensamento e não um espaço no qual haveria o riso e o brincar. O riso era de fora do ambiente educacional, do povo, da rua, da bagunça, mas isso está mudando gradativamente, pois se vê a necessidade da brincadeira e do jogo cômico em sala de aula e por isso o riso vem ganhando espaço.
Parece que a escola/universidade não é um lugar de rir. As crianças, adolescentes e adultos riem como se fosse algo proibido, eles transgridem regras ao rir dentro de sala. Mas isso vem principalmente porque a professora ou professor aprenderam que a melhor escola é a silenciosa e levam isso para as suas aulas.
O ambiente educacional é sinônimo de ordem, enquanto o riso nesse ambiente é a desordem. O riso é algo que “escorre”, “transborda” e onde a gente não controla. Na verdade, o riso gera aproximação, ele ajuda na socialização entre as pessoas e é uma forma de comunicação espontânea.
Ele nos faz interagir como indivíduos de um grupo social e também para aliviar tensões do nosso dia a dia. Por isso a sala de aula precisa também ser um espaço de risos, de alegria e de prazer. E o riso aparece no ser humano desde os dois meses de vida.
A escola/universidade precisa provocar o riso em seus alunos e alunas. Ele é literalmente indispensável para o conhecimento do mundo que nos rodeia e revela o irrevelável de dentro de nós.
Por que será que o melhor momento da aula é o recreio/intervalo? Será que lá se pode rir com liberdade?
É necessário acolher o riso em sala de aula, pois o corpo se expressa naturalmente. Ele na escola/universidade é um poderoso instrumento de comunicação, e além de tudo gera descontração e felicidade proporcionando a superação de inibições nos estudantes. Queremos uma escola feliz e com alunos felizes.
A descontração vinda do riso suaviza o enfrentar das situações e assuntos constrangedores e angustiantes em sala, dando um novo sentido nas relações entre as pessoas. Percebe-se que vem uma sensação de leveza e bem-estar nas aulas. A comicidade em sala de aula é uma excelente estratégia de aproximação professor-aluno. E essa linguagem lúdica pode ajudar a mediar conflitos.
Enfim, a escola/universidade pode sim ser um local de riso, um ambiente prazeroso, mais confortável, menos triste, silencioso e depressivo. Muitas crianças e adolescentes, e também adultos dizem não gostar da escola: Será porquê?
É preciso redesenhar uma nova escola onde os alunos e alunas se movimentem, botem para fora os desejos, reflexões, vontades e o riso. Deixando assim de ser uma escola de corpos disciplinados e silenciados.
Os alunos e alunas que tiverem contato com atividades escolares propostas pelos professores entrelaçadas pelo riso e pelo humor terão mais alegria de viver e mais prazer em fazer as tarefas e em estudar. O riso desmascara a escola convencional, ele é transgressor e necessário para uma sociedade mais humanizada e feliz. E por isso aqui ao leitor um “elogio ao riso” dentro das escolas e das universidades brasileiras.