O Jornal do Guará
Em março de 1983 circulava a primeira edição do Jornal do Guará o periódico comunitário mais antigo do Distrito Federal. Nesses trinta anos ininterruptos, foram mais de 600 edições, hoje distribuídas semanalmente. A cidade foi construída nos anos 70 e consolidada lentamente ao longo dos anos 80, e o Jornal do Guará documentou a construção desta comunidade, suas particularidades e seus símbolos.
O Jornal do Guará foi narrador e protagonista da construção de uma das cidades mais bem equipadas e com melhor qualidade de vida do Distrito Federal, posicionando-se com a comunidade em torno de questões que atingiam a cidade diretamente, como as mudanças arquitetônicas, a consolidação do parque ecológico, o desenvolvimento local, a gestão política e a visão cultural.
Ao longo deste tempo, o processo artesanal para montagem de um jornal mudou. Os fotolitos, as montagens, a datilografia, as revelações são agora obsoletos. O JG (ou Jornal do Guará), na rede mundial de computadores, chega à casa de qualquer pessoa em segundos, assim que a notícia acontece. É fabricado dentro de uma máquina e reproduzido em milhares de cópias impressas em minutos. Da editoração eletrônica à fotografia digital. As redes sociais e a instantaneidade da comunicação interconectada que distribuem cada nova edição a milhares de leitores em segundos. Mas a essência do jornalismo é a mesma, assim como a essência do Jornal do Guará. Um modesto jornal comunitário que sobreviveu à massificação dos meios de comunicação.
Jornalismo é a história contada no exato instante em que acontece. Folhear o Jornal do Guará, desde a sua primeira edição, é entender a história da cidade, compreender os fatos que levaram à sua fotografia atual. Ter como missão criar as condições para que uma população ciente de sua história tenha orgulho de seu povo. Aflora em uma população bem informada a sensação de pertencimento a uma comunidade e, por consequência, a suas capacidades de desenvolvimento social e econômico são potencializadas. Assim, a trajetória do jornal confunde- se constantemente com a trajetória do Guará e ambas são escritas na voz futura. Ao relermos o passado contado como a novidade incrível, como o que está para acontecer, lidamos com o ápice da incerteza dos dias que virão.
Em cada edição desses trinta anos, o JG contou os acontecimentos e, principalmente, revelou os planos de nossos cidadãos e governantes. Tornaram públicos os projetos de desenvolvimento, as ideias dos guaraenses, as aspirações políticas, as indagações das lideranças e as previsões para um futuro que passou, ou seja, as notícias que relatavam há 30 anos os projetos vindouros agora são história. Outras previsões, projetos e ideias nunca aconteceram. Muitas se tornaram hoje no que nos orgulhamos de chamar de Guará. O Jornal do Guará, baseado no que sabia, então, fez também suas previsões. Quantas vezes aspirou desvendar o nome do administrador antes do anúncio oficial, ou tentou entender os próximos investimentos do Estado, ou como nossos cidadãos se comportariam. Acertou algumas vezes. Mas errou muitas e provavelmente continuará a errar. Essa futurologia lógica, esse historiar o presente é que faz do jornalismo peça fundamental no desenvolvimento de qualquer povo. Traz à tona a grandeza de tornar público o que é privado, de dar a todos o poder da informação.
Em busca da história da cidade, deve-se percorrer todas as páginas desse jornal desde a sua fundação. E, dessa forma, deparar-se com a narrativa da consolidação de uma cidade no Brasil. Um fato raríssimo, possível no Distrito Federal por conta da sua recente fundação. Quando a primeira edição circulou, a cidade do Guará tinha apenas 14 anos. Imagine quantas vezes isso foi possível. Um veículo de comunicação narrar o crescimento de uma cidade inteira desde os seus primeiros anos. Percebe-se que as páginas guardadas das edições antigas do Jornal do Guará continham o passado narrado em tempo presente. Uma perspectiva diferente de se olhar o passado. Esse trabalho aborda o reconhecimento da importância do acervo de edições passadas do Jornal do Guará. Esse reconhecimento dá-se pela sua abertura irrestrita ao público. A intenção aqui é disponibilizar todas as edições do JG a quem se interessar pela história da cidade do Guará. Aos estudantes, e principalmente aos líderes, aos governantes, para que conheçam bem o passado afim de compreender os problemas presentes. Dar utilidade à informação até então guardada nos arquivos da redação do Jornal do Guará.
Ao expôr os documentos originais, expõem-se o fato sem intermediários. Esse é o tom escolhido. Simplesmente abrir o arquivo e deixar que olhem. Existem diversas aplicações para esse material, a sua maioria educativa. Porém cabe ao universo de leitores encontrar outras aplicações para este acervo. Para exemplificar a riqueza do acervo, o anexo 2 deste artigo traz um texto com uma análise superficial dos primeiros 10 anos do JG.
Segundo jornal comunitário mais antigo do Distrito Federal em circulação – o mais antigo é o jornal Satélite, de Taguatinga – o Jornal do Guará, foi nesses 30 anos o veículo comunitário mais consistente da região. De periodicidade irregular até 1989, o jornal passou a ser quinzenal até 97, quando ampliou a periodicidade para semanal até 1998. Hoje o JG é semanal, publicado aos sábados e distribuído gratuitamente em versão digital e impressa.
Durante mais de 20 anos, a cidade do Guará foi a única do DF com apenas um jornal comunitário. Durante os últimos 30 anos surgiram nove jornais na cidade, mas nenhum sobreviveu. Há 20 anos, o Jornal do Guará é impresso em cores..
A tiragem, que chegou a 17 mil exemplares de 1983 a 85 – era distribuída em todas as casas da cidade – ficou durante vários anos em 12 mil exemplares – e atualmente é de 9 mil exemplares, como os custos aumentaram na proporção inversa das verbas publicitárias públicas e privadas, a solução foi melhorar a distribuição, com menos desperdício.
O Jornal do Guará circula todos os sábados e é distribuído gratuitamente por todas as bancas de jornal do Guará; em todos os estabelecimentos comerciais, clubes de serviço, associações, entidades, nas agências bancárias, no Clube do Comerciário, na Administração Regional, nos consultórios médicos e odontológicos e em residências. E, ainda, por meio de mala direta a líderes comunitários, empresários, autoridades que moram no Guará ou que interessam à cidade; empresas do SIA, Sof Sul e ParkShopping; GDF, Câmara Legislativa, bancada do DF no Congresso Nacional e agências de publicidade. Além da distribuição da edição virtual do JG, por correio eletrônico e página eletrônica, semanalmente.