Uma escola comum com salas, quadros, carteiras, pátio de recreação, quadra de esportes, alunos, professores, lanche, mochilas, barulho e muita movimentação, olhando assim parece mesmo uma escola comum, mas o Centro de Ensino Especial 1 do Guará tem tudo que uma escola normal tem e muito mais! A escola é a única na cidade destinada ao ensino e desenvolvimento de bebês, crianças e adultos portadores de síndromes como TEA (transtorno do espectro autista), Síndrome de Down, TGD (transtorno global de desenvolvimento), DMU (deficiência múltipla), DI (deficiência intelectual), e recebe alunos da Estrutural, Núcleo Bandeirante, Lúcio Costa, Águas Claras, Riacho Fundo e Guará. Nesta escola não há provas, não há pressão, não há uma grade curricular pré-definida a cumprir durante o ano. Os 278 alunos vêm para acentuar suas qualidades naturais, aprimorar seus dons, aprender a lidar melhor com as suas deficiências, e a conviver melhor na sociedade, melhorando sua qualidade de vida.
A demanda de interessados é tão grande que a escola não consegue suprir toda a procura por vagas. O maior empecilho é o espaço físico da escola que é pequeno, e também pela diversidade de alunos que ela recebe. Existem turmas de apenas 1 aluno que possui determinada síndrome que não possibilita que ele conviva com outros por não suportar barulho, ou muita movimentação.
Os bebês chegam ao Centro de Ensino encaminhados por órgãos da saúde (hospitais, postos de saúde etc), e participam do programa Educação Precoce, onde recebem atendimento exclusivo para sua incapacidade, ajudando o seu desenvolvimento levando a criança a tal condição de avanço que, aos 4 anos ela poderá participar normalmente das escolas inclusivas ( que recebem tanto as crianças comuns, quanto as especiais), e assim ela poderá seguir sua vida acadêmica com mais desenvoltura, não precisando frequentar escolas especiais.
As crianças e até mesmo os adultos que não receberam esse cuidado desde bebê, ou que tem maior grau de privação, o Centro de Ensino oferece suporte no ensino não só educacional, mas também para a vida. Oficina de arte, laboratório de informática, dança, oficina de lava a jato, natação, horta, cozinha experimental, educação física, musicalidade e as salas de aula, colaboram no crescimento ou até mesmo estabilidade da saúde dos alunos. A professora Kissiene Boaventura leciona há 1 ano no Centro e está encantada com tudo que ela também tem aprendido com seus 14 alunos na oficina de papel. Lá eles fazem todo trabalho de reciclagem, e no fim produzem lindas agendas (que podem ser compradas na direção da escola), convites e cartinhas de papel reciclado. “Na minha aula não busco retorno cognitivo dos alunos, não posso exigir isso deles, busco ensinar valores, coordenação motora, aprimorar habilidades, comportamento, relacionamento com os colegas. Procuro reconhecer e valorizar as virtudes de cada um, e isso me ensina muito sobre a vida”, afirmou a professora.
Há 3 anos a frequência dos alunos tem mostrado um grande crescimento graças ao sistema de transporte escolar exclusivo para crianças especiais. Cerca de 80% dos alunos têm utilizado o transporte próprio para eles. “Devido à distância entre a escola e a residência ou a dificuldade de locomoção, muitos dos nossos alunos eram irregulares na assiduidade das aulas, mas depois da implantação desse sistema exclusivo a frequência tem sido melhor”, avaliou a diretora do Centro de Ensino, Sandra da Costa Rodrigues.
Mas outras dificuldades prejudicam o pleno trabalho dos professores e demais profissionais da escola, um deles é a falta de parcerias entre a escola e profissionais de saúde que poderia resultar em maior ganho para o aluno. “Muitas vezes acontece do aluno ter um surto, ou estar super agitado por falta de seu medicamento. Acaba o remédio em casa, e os pais muitas vezes carentes e sem acesso a médicos não conseguem atualizar a receita, a criança fica sem tomar o remédio”, declarou a diretora. Por conta disso, o aluno falta à aula, ou vai e não consegue absorver o conteúdo. A diretora acredita que se houver uma cooperação entre profissionais de saúde com a escola isso poderá facilitar e melhorar muito a evolução nos estudos. Psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e demais profissionais podem procurar a direção da escola caso tenham interesse em ajudar esse lindo trabalho que é feito no Guará. E a comunidade também pode cooperar, a verba destinada à escola não é suficiente para todas as necessidades, muitas vezes peculiares de cada aluno. Doações de fraldas de todos os tamanhos (inclusive adulto), luvas de procedimento (descartáveis), álcool e colchonetes (porque alguns alunos passam muito tempo no chão sentados ou deitados), e a escola precisa sempre trocar os colchonetes. Todos os donativos podem ser entregues no próprio Centro de Ensino, que fica na QE 20 Área Especial A, em frente ao Hospital Regional do Guará 1.
A escola promove todo ano uma grande festa junina para arrecadar fundos para ajudar nos gastos da escola ou investir em ventiladores e outros itens do dia a dia. Esse ano a festa acontece dia 10 de junho às 16h na quadra da escola a festa é aberta para toda comunidade. O sonho da diretora é conseguir verbas ou parcerias com empresários ainda esse ano para cobrir a área da piscina que é descoberta e também para o aquecimento da água que é feito pelo sistema de aquecimento solar, mas não é suficiente e muitas crianças e bebês reclamam da temperatura da água.
Graças às parcerias a escola tem uma banda composta pelos próprios alunos que toca em desfiles e apresentações especiais, todos os instrumentos foram comprados para a escola pelo Rotary Club, que também doou todo material necessário para a oficina de papel, desde o fogão e panelas para cozinhar o papel reciclável, como também a guilhotina e outros instrumentos, proporcionando uma oficina que traz muitos benefícios para os alunos