Enquanto a maioria dos segmentos empresariais sofre com a crise econômica no Brasil, os números oficiais da Receita Federal comprovam que a crise não chegou nem perto das calçadas dos 7 mil salões e barbearias em funcionamento no Distrito Federal, que emprega mais de 13 mil profissionais. De acordo com o Sindicato dos Salões, Barbeiros, Cabeleireiros e Instituto de Beleza (Sincaab-DF), em média, 20 novos comércios do segmento são inaugurados por mês. Dentro desses altos números positivos, os maiores responsáveis são os estabelecimentos especializados no público masculino.
Há apenas um ano e meio no mercado, a barbearia e bistrô Perfil de Homem, na QI 11 do Guará I, é um exemplo de investimento bem sucedido em meio à crise. O empresário Carlos Eduardo da Silva Souza já trabalhava na área e decidiu que era hora de ter o seu próprio negócio. Pesquisou e encontrou, na sua opinião, “o melhor ponto comercial” para seu empreendimento. A partir daí, investiu na barbearia, não só no serviço e na qualidade que exige dos seus funcionários, como também nos atrativos para o público. Um deles é a gratificação com uma bebida – alcoólica ou não – a cada serviço que o cliente encomenda.
A barbearia Perfil de Homem também desenvolveu a própria marca de camisetas, que estão disponíveis para venda, juntamente com produtos para jogos de baralho e dominó. Outra novidade que o cliente encontra na barbearia é o estúdio de tatuagem, que foi implementado posteriormente para atender tanto homens quanto mulheres. Mesmo com tantos chamativos, o proprietário explica que o maior investimento é no atendimento e na qualidade do serviço. “Desde a pessoa que limpa o local, a bartender, a recepcionista, o barbeiro, o tatuador, todos são instruídos a acolher bem o cliente. Depois, a finalização disso é o serviço de qualidade.” A barbearia divulga também seus serviços nas redes sociais, através do @perfildehomembarbeariaebistro.
Se você pensa que eles (homens) vão à barbearia apenas para cortar o cabelo e fazer a barba, está enganado. Com a procura eminente, os estabelecimentos oferecem muito mais do que o famoso “barba, cabelo e bigode”. Progressiva, hidratação capilar, implante sem cirurgia, depilação, tintura, manicure, podologia, alisamento e design de sobrancelhas estão entre os serviços procurados pelo freguês.
A mais antiga e mais tradicional do Guará é a di Vicente Manoel, ou Barbearia Cultural (QE 40 Polo de Moda), como também é conhecida, sob o comando do cabelereiro e professor Hagá di Souto, que já ministrou mais de 600 cursos registrados no Brasil e no exterior. “Eu agradeço a oportunidade de ter a oportunidade de encontrar uma profissão que exerço com prazer e profissionalismo, mas, ao mesmo tempo triste pela pouca qualificação do mercado”, diz o cabelereiro. Ops!, barbeiro.
O ambiente todo no estilo retrô escolhido por Hagá não tem a ver com a tendência atual do mercado. Há oito anos, quando inaugurou a barbearia, já seguia essa linha. Poltronas de avião, uma vitrola que o cliente pode tocar seus próprios discos de vinil, mesas de pneu reutilizado, peças dos anos 50 e 60 são algumas das peculiaridades do salão. “Ser cabelereiro é uma missão, porque eu toco na cabeça das pessoas, que para mim é o ponto ápice do ser humano, é uma parte vulnerável. Tem pessoas que chegam inseguras, mas precisam se desarmar e eu entendo isso. Deixo o cliente tranquilo e crio esse vínculo com o ele, passando a ser meu amigo”, afirma Hagá. Siga @barbeariadivicentemanoel para conhecer mais.
Atrativos e serviços a mais
“O homem se transformou também em alvo das empresas de beleza, de estética e podologia. Isso tem relação com a mudança da cultura”, explica o presidente do Sindicato dos Cabeleireiros do DF (Sicaab-DF), Célio Paiva. Segundo ele, “os empresários passaram a ficar atentos ao público, começaram com pequenos ambientes em estabelecimentos já existentes e agora é possível ver espaços exclusivos para homens.” Serviços de bar, wi-fi, ambiente climatizado, videogame, TV’s com transmissão de jogos e lutas são algumas das mordomias encontradas nestes espaços destinados a eles.
Com o mercado em alta, é frequente ver um estabelecimento voltado para o público masculino sendo inaugurado. E, mesmo os mais antigos e tradicionais na área, tiveram que se reinventar. O cabelereiro Maciel Costa está há 19 anos trabalhando no mesmo local na QI 6, onde funcionava um salão de beleza unissex. Com o passar dos anos Maciel, incrementou ao salão uma loja de cosméticos, mas a partir de 2013 direcionou seu foco para o público masculino, mas por causa do seu histórico na região, ainda há algumas clientes que fazem questão de continuar sendo atendidas na barbearia.
Há alguns meses outra mudança: a barbearia passou por uma reforma e, a pedido dos clientes, foi instalado um bar com cervejas especiais. Todo o ambiente foi modificado, desde o piso, móveis e iluminação. “Eu tenho clientes que frequentam o salão há 19 anos, e eles veem as mudanças no mercado e me cobram isso também, apesar de todos saberem que meu foco é atender bem e com preço acessível. A cerveja é só um complemento para a hora de espera”, afirma Maciel. A barbearia ainda conta com um programa de fidelidade, em que o cliente ganha um corte de cabelo ao completar a cartela. Pelo endereço @barbeariamacielcosta dá para saber mais sobre o trabalho do profissional.
Barbearias dizem “não!” para a crise
Salões exclusivos para homens, como existiam antigamente, viraram a moda da vez, como serviços extras e mordomias. No Guará, só existia uma barbearia, mas surgiram outras em pouco tempo