Estudantes do CED 4, no Guará I, escrevem seus próprios livros

Os livros foram escritos como incentivo à leitura e à produção literária. Resultado surpreendeu educadores

Quem pode dizer que passou pelo ensino médio tendo escrito um livro? Os alunos de Língua Portuguesa do Ensino Médio do Centro Educacional 04, podem.

Como parte do conteúdo de Língua Portuguesa, o ensino de literatura brasileira e portuguesa consiste em mostrar as principais escolas e gêneros literários, autores e suas obras, mas é sabido que, com a internet, redes sociais, TV a cabo e séries o estilo de leitura e escrita mudou muito e a procura por livros impressos diminuiu. A questão é se os jovens não gostam de ler ou não foram seduzidos pela leitura da literatura?

O projeto dos alunos escreverem seus próprios livros surgiu quando a professora Clarice Santos começou a observar o talento de alguns alunos para o desenho e a criatividade para contarem histórias. Já que o ensino de literatura está no programa, por que além de lerem não escrevem seus próprios livros, foi o que pensou a professora.

O início consistiu em levar as turmas à biblioteca, para que os alunos escolhessem um livro do gosto deles e que lessem, pelo menos, a sinopse e o início dos livros para verem os estilos diferentes de narrações e gêneros.

“Muito conteúdo de literatura é esquecido, mas dificilmente os alunos esquecerão que escreveram um livro. Esses meninos e meninas têm muito potencial. Oportunidades como esta mostram que eles podem avançar muito por mérito próprio”, destacou a professora Clarice.

Levando em consideração a falta de recursos, foi dada total liberdade de criação para a confecção dos livros, inclusive podendo ser escritos à mão. A escolha do gênero também foi livre. Tem romance, ficção, suspense, autobiográfico, drama, história em quadrinhos, verdadeiras obras literárias que, em alguns casos, mereciam ser publicadas por alguma editora.

“Eu gostei muito dos livros, que trabalharam temas que vão além do desenvolvimento do português. Os estudantes colocaram muito de suas vidas nesses livros por meio de diversos assuntos, com situações reais, como bullying e feminismo. A oportunidade de sistematizar por meio dos livros a liberdade de expressão foi um projeto muito feliz da escola. Cada um retratou no gênero e formato que preferiu, ninguém ficou engessado e a criatividade fluiu”, pontuou Janaína Almeida, chefe da Assessoria Especial do Gabinete da SEEDF.