Violino e voz – Casal guaraense resgata a tradição dos músicos de rua

Lucas Moreira e Lís Carvalho dividem a casa e a paixão pela música e encontraram nas ruas da cidade o palco ideal

Ele é violinista e estudante de música na Universidade de Brasília. Ela é flautista, cantora e amante dos aerofônicos. No ano passado os dois saíram da casa dos respectivos pais e decidiram viver juntos, no Guará. Montaram uma pequena empresa de marketing digital e se sustentaram com ela desde então.

Mas, o prazer da música falou mais alto e decidiram fazer disto a profissão deles. Agora apresentam-se nas ruas, uma prática muito comum no exterior, chamada busking. Então, em praças, ruas movimentadas, feiras e qualquer lugar onde haja público eles se apresentam em troca de contribuições de quem ouve.

“Tocar na rua é lindo! Eu sinto que tenho a conexão que sempre quis ter com as pessoas, tenho sido muito bem recebida aonde fui. Claro que há exceções, mas seja o fluxo! Entro e saio com respeito dos lugares, tenho evoluído como pessoa e artista”, resume Lís Carvalho.

Com o repertório que passa de música popular brasileira, cancioneiro popular brasileiro, música folclórica de outros países a temas de filmes, eles tem conquistado cada vez mais admiradores, ao levar alegria a dias sem grandes expectativas, no meio da rua.

Lucas Moreira

Falta reconhecimento

“Eu percebo que a maioria das pessoas nos veem como mendigos que imploram por atenção”, indigna-se Lucas Moreira. Realmente, a arte não é amplamente reconhecida no Brasil como profissão e nem sempre as pessoas sabem lidar com manifestações culturais onde não esperavam.

Um episódio recente na Feira do Guará, local onde os músicos se apresentavam há semanas, os incomodou. Durante uma apresentação, em um sábado à tarde, foram informados que a Administração da Feira teria proibido a prática dentro do espaço, apesar de público. A proibição é ilegal, pois contraria a Lei Wasny (lei distrital nº 4.821, de 27 de abril de 2012). A lei determina que “As manifestações artísticas e culturais em ruas, avenidas e praças públicas são livres de qualquer censura, coerção, proibição, taxas, emolumentos, tributos, impostos, autorização e inscrição”. Autorizando inclusive o recebimento de doações espontâneas. Portanto, ninguém de impedir os músicos de se apresentarem em espaços púbicos.

Lís Carvalho

Apesar dos contratempos, os músicos seguem se apresentando pelo Guará. “graças aos meus bons deuses, temos àquelas pessoas que fazem tudo valer à pena! Cada sorriso que recebo é uma conquista que me regozija! O que importa é que eu amo o que faço e recebo muito incentivo”, completa Lís.