Deputado Delmasso: “Guará vai ter um salto de qualidade nos próximos anos”

Morador do Guará, deputado distrital intermedia chegada de grandes investimentos e apresenta mais emendas parlamentares para a cidade. E responde como trata as críticas

Como foi Alírio Neto e Izalci Lucas antes, há cinco anos o cacique político da cidade é o deputado distrital Rodrigo Delmasso, com poderes para indicar e trocar administradores regionais, destinar emendas parlamentares e buscar outros projetos. Habilidoso politicamente, foi influente no governo Rollemberg, apostou em Ibaneis nas eleições do ano passado e conseguiu mais espaço ainda no atual governo, em parte também pela influência como vice-presidente da Câmara Legislativa. Mas, esse estilo controlador, que alguns chamam de “coronelismo”, tem sofrido críticas de opositores nos grupos sociais da cidade, principalmente depois das trocas de André Brandão e Vânia Gurgel por nomes técnicos e leais ao grupo político dele e da Sara Nossa Terra. Uma coisa é fato: Delmasso foi o parlamentar que mais destinou emendas parlamentares para o Guará, mais de R$ 37 milhões em cinco anos do mandato dele. E virão mais, pelo que conta nesta entrevista.

O que esperar para o Guará em 2020?
– Com certeza, um ano bem melhor do que foi 2019, até porque o governo Ibaneis teve que fazer vários ajustes na máquina e no orçamento. O novo secretário de Cidades, Fernando Leite, é um profundo conhecedor do governo e sabe colocar a máquina para funcionar. Em todas as vezes que foi presidente da Caesb, a empresa foi superavitária e premiada como umas das melhores de saneamento do país. E vai atuar junto com o Secretário de Governo, José Humberto Pires, outro avião para trabalhar. Essa dupla dando suporte às administrações regionais, as cidades vão ganhar muito

Mas as administrações estão esvaziadas e praticamente sem qualquer autonomia…
– Concordo e já manifestei essa preocupação ao governo. As administrações regionais hoje não passam de cartório e de ouvidoria, para carimbar documentos e ouvir demandas.

E o que governo pretende fazer para revitalizá-las?
– Estou sugerindo que os contratos com a Novacap e o SLU sejam ampliados e transferidos parte para a própria administração regional, que seriam reforçadas com orçamento próprio, que não precisa ser muito. Em vez da administração recorrer aos polos de serviços, como está sendo, recorreria diretamente aos dois órgãos e pagaria pelo serviço que contratar pagando do seu próprio orçamento, sem intermediários. Reduziria os custos e a burocracia.

No modelo atual, as administrações regionais ficam dependentes dos polos…
– Sem dúvidas. E mais enfraquecidas. Foi um modelo implantado no governo Rollemberg. A minha sugestão é que a Novacap faça uma licitação grande, com 31 lotes (um para cada administração regional) e ela ficaria apenas como gestora dos contratos e a execução com as administrações. Hoje, os polos promovem operações de limpeza e manutenção numa cidade e depois vão para outra. Nesse meio tempo o mato cresce, os buracos aumentam, principalmente nesta época de chuva, e a população acaba culpando a administração. A estrutura atual do governo está muito pequena para o atendimento a uma população de 3,2 milhões de habitantes.

A Administração do Guará por exemplo conta com apenas 23 funapeiros (presidiários em regime de socialização) para o serviço braçal numa cidade de 150 mil habitantes…
– O governo precisa também qualificar os quadros das administrações regionais, através de concurso público. Contratar técnicos especializados em determinadas áreas. O SLU precisa ampliar o contrato de varrição. As cidades não podem continuar sendo consideradas bairros, porque são cidades mesmos. Ah, não tem orçamento? Vá na Câmara Legislativa e negocia a destinação de emendas parlamentares para a criação de orçamento para as administrações.

“Escolhi morar no Guará e criar minha família aqui. Quero, por exemplo, andar no calçadão com minha filha e dizer a ela que fui o responsável pela melhoria da iluminação pública. Quando passarmos em frente à Escola Técnica, dizer a ela que ajudei a concluir a escola com minhas emendas parlamentares. É um motivo mais pessoal. Quero deixar esse legado para a cidade”

A não ser o custeio, as administrações contam apenas com as emendas parlamentares, daí a dependência dos seus padrinhos políticos.
– Isso não é somente no DF, mas no Brasil todo. Todas as cidades dependem dos seus padrinhos políticos para reforçar seus orçamentos e conseguir mais investimentos. Sejam eles deputados estaduais, federais ou senadores. É perfeitamente normal, até porque o parlamentar foi eleito também para defender sua região. Vejamos o caso de Luziânia, onde o deputado federal Célio Silveira prioriza suas emendas, porque é da região, assim como a deputada estadual Leda Borges com Valparaiso. Seria nocivo se esses parlamentares não priorizassem suas regiões, suas bases eleitorais.

Por que o sr. não destina suas emendas para que sejam executadas diretamente pela Administração do Guará?
– Porque existe uma lei que determina que a execução de contratos a partir de um determinado valor tem que ser feita por técnico especializado, o que a Administração não dispõe. Por isso, defendo concurso público para qualificar o quadro, até para dar continuidade de um governo para outro.

Existe previsão para esses concursos?
– Ibaneis já prometeu para breve.

Como está a sua sugestão de se implantar um Na Hora no prédio da Administração do Guará?
– ¬Estamos negociando com a Secretaria de Justiça. Já solicitei um orçamento ao secretário Gustavo Rocha um levantamento do custo da implantação, para que eu possa destinar emendas para a execução. Ele me prometeu apresentar até o Carnaval, para que possamos implantar o Na Hora do Guará até o final deste ano. Será um centro administrativo, com todos os serviços do Governo do DF.

O sr. já disse que a população guaraense não tem te dado os votos na proporção dos investimentos que o sr. destina para a cidade. Por que, então, o sr. insiste em apadrinhar o administrador regional e continuar destinando emendas para o Guará?
– É verdade que ainda não tive o reconhecimento pelo que acredito que tenha feito pelo Guará, mas já melhorou na última eleição, quando aumentei minha votação de 20 mil votos em 2014 para 23.900 em 2018 e a maior proporção desse aumento veio do Guará. Mas tem outro motivo, independente do retorno político: escolhi morar no Guará e criar minha família aqui. Quero, por exemplo, andar no calçadão com minha filha e dizer a ela que fui o responsável pela melhoria da iluminação pública. Quando passarmos em frente à Escola Técnica, dizer a ela que ajudei a concluir a escola com minhas emendas parlamentares. É um motivo mais pessoal. Quero deixar esse legado para a cidade.

Mas o sr. é criticado nos grupos sociais por insistir nesse apadrinhamento…
– Por um grupo pequeno, que respeito, mas não influencia minhas ações ou me desanima. Pelo contrário, me anima a trabalhar cada vez mais pela cidade, até eles ficarem falando sozinhos.

Outra crítica é que o sr. prefere afilhados técnicos como administradores regionais. Os que estavam se sobressaindo politicamente, como André Brandão e Vânia Gurgel, o sr. os trocou. Qual o perfil que prefere para apadrinhar?
– O da lealdade. Os dois não foram trocados porque estavam se sobressaindo politicamente, mas porque não estavam sendo leais ao nosso projeto para o Guará. Por isso, prefiro quem não use o cargo com objetivos políticos, que não dê preferência no atendimento a somente a quem for aliado, ou de seu interesse pessoal ou político. Prefiro um técnico a quem prometa e não vai poder cumprir.

O sr. está se empenhado diretamente na implantação de grandes projetos para o Guará. Como está o andamento desses projetos?
– A previsão é abrir a licitação até o segundo semestre deste ano para o Complexo Hospitalar da Região Centro-Sul. A Novacap e a Secretaria de Economia estão finalizando o processo. Por outro lado, já garantimos a parceria do governo federal, através do vice-presidente da Câmara dos Deputados, deputado federal Marcos Pereira, presidente do meu partido, com recursos necessários para a implantação da primeira parte. O governo já anunciou a entrega da creche pública do Guará II no segundo semestre, mas estou negociando com o Ministério da Educação a destinação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) a construção do Centro Interescolar de Línguas do Guará (Cilg) ao lado da Escola Técnica, onde será construída também a sede da Regional de Ensino.
Vamos fechar a primeira fase da troca da iluminação pública por led no primeiro semestre, no Polo de Moda, e ainda das quadras ímpares do Guará I e da quadra Lúcio Costa até o final do ano. Em 2021, vamos trocar as lâmpadas das quadras pares e da via central do Guará II.

E a PPP do Cave e da Avenida das Cidades?
– Bem adiantadas, como o próprio vice-governador Paco Britto disse na entrevista ao Jornal do Guará. E o kartódromo também, no segundo semestre. O kartódromo será de padrão internacional, semelhante ao de João Pessoa (PB), que também foi privatizado.

Quanto o sr. já destinou de emenda parlamentar para o Guará?
– Em cinco anos, R$ 37 milhões.

E para 2020?
– Com as minhas emendas, a Secretaria de Segurança já licitou o monitoramento por câmeras nas entradas do Guará. São câmeras OCR, de alta resolução para identificar rostos. Do ponto de vista da segurança pública, Guará é considerada cidade de trânsito, ou seja, os bandidos vem aqui para roubar e furtar e depois fogem, porque não moram aqui. Para dentro das quadras será numa segunda etapa, quando toda a iluminação for trocada por Led, porque as lâmpadas de vapor de sódio não permitem a captação de imagens nítidas.

Como está a regularização dos condomínios horizontais do Guará – Guará Park, Bernardo Sayão e Iapi?
– A previsão é que as escrituras sejam entregues no início de 2021. O último entrave foi resolvido com a separação do processo dos condomínios do Guará com o de Arniqueira, que tem mais pendências. Só falta a conclusão de algumas obras de galerias de águas pluviais para a liberação da licença ambiental.

O sr. será candidato a que cargo nas próximas eleições?
– Se depender de mim, não concorro à reeleição. Minha vontade é concorrer a deputado federal, mas vai depender do nosso grupo político e do meu partido. Se o deputado federal Júlio César concorrer à reeleição, a prioridade do grupo será ele. Estou disposto, inclusive, a tentar o desafio do Senado. É difícil, mas, quem sabe?

O sr. é vice-presidente da Câmara Legislativa. Será candidato a presidente para os últimos dois anos da gestão da casa?
– Somente se o deputado Rafael Prudente não concorrer à reeleição. Como a reeleição acabou de ser aprovada, acredito que ele vai concorrer. A prioridade é dele. Neste caso, serei candidato à reeleição à vice-presidência.