Combate à Dengue no Guará tem reforço de 100 bombeiros

Militares vão participar de ações preventivas todos os sábados, em visitas aos locais com focos detectados pela Vigilância Ambiental

A cada verão recomeça a luta contra a proliferação do mosquito Aedes aegypti e contra a dengue, depois do aumento dos casos no Guará nos últimos anos a números preocupantes. A guerra contra a doença na região passa a ter o apoio de cerca de 100 policiais bombeiros, treinados para entrar nos domicílios com poderes para inspecionar e evitar os possíveis criadouros e orientar os moradores a evitar a proliferação do mosquito transmissor. No total, foram treinados 400 bombeiros para ajudar os agentes de Vigilância Ambiental nas operações em todo o DF. A missão dos bombeiros começa neste sábado, 25 de janeiro, na visita aos principais focos verificados nas QEs 19, 21, 34, 36 e 38 do Guará II, onde foram levantados casos recentes da doença. A operação, coordenada pela Casa Civil do governo do DF, tem o apoio também da Polícia Militar.
A ação, além de inspecionar os domicílios, também tem o objetivo de sensibilizar a população para os riscos da dengue. “É preciso alertar que a dengue pode matar, se não for tratada como um caso muito sério. A população deve estar preparada para receber os militares e os agentes que estarão fazendo o trabalho de combate ao mosquito”, explica a chefe de Núcleo Regional de Vigilância Ambiental do Guará, Isabel Lana.

Para Isabel Lana, o morador precisa ajudar no combate à proliferação do mosquito

Quantidade não aumentou
A força-tarefa pretende reduzir a incidência da dengue na Região do Guará, depois que a quantidade de casos verificados no início do ano passado alarmou a população e preocupou as autoridades da saúde pública do DF. Pelo menos a notícia boa é que os números não aumentaram em um ano, inclusive sem morte confirmada.
“Temos investido principalmente na conscientização do morador, porque dispomos de apenas 14 agentes na unidade para cobrir toda região de nossa responsabilidade, que, além do Guará, envolve também SIA, Sof Sul, Arniqueira, Águas Claras, Vicente Pires e Estrutural. No total, temos apenas 53 servidores para realizar todo esse monitoramento”, informa Isabel Lana. Embora os números da Região do Guará sejam relativamente pequenos em relação ao DF, eles são muito maiores do que os casos na cidade em 2018.
Mas não é somente o descuido dos moradores a causa do aumento dos casos de dengue no Distrito Federal. Segundo o médico sanitarista da Fiocruz, Cláudio Maireovictch, fatores climáticos tem influenciado bastante na proliferação. “Todo ano temos período de chuvas e secas, mas a questão é que, quando as chuvas se intercalam com o sol, facilitam que o mosquito complete o ciclo”, explica.

Aparecido alerta que o fumacê é apenas um paliativo

Mobilização no Guará
O aumento da incidência da dengue na região está mobilizando toda a equipe da Vigilância Ambiental do Guará. Mesmo com uma equipe pequena em relação ao recomendável pelos órgãos de saúde, Isabel Lana, conta que o esforço para combater o mosquito tem ido ao limite.
Segundo ela, todos os dias as equipes percorrem os pontos mais críticos, conversando com moradores e empresários e verificando se há focos de dengue. No caso do Guará, a preocupação das equipes é principalmente com o Setor de Oficinais (Área Especial 2A), QE 40/Polo de Moda e QI/QE 12/14, por causa das carçaças de veículos e pneus, e áreas verdes mal cuidadas, além de focos pontuais, casos das últimas quadras do Guará II.
Além da conscientização dos moradores, a Secretaria de Saúde está investindo no velho método do fumacê, aqueles carros que borrifam inseticida nas áreas mais vulneráveis. “Mas, é preciso lembrar que o inseticida só abate o mosquito e não a larva, que pode ficar incubada durante algum tempo para depois eclodir em novo mosquito”, completa José Aparecido Miranda, o mais antigo agente de Vigilância Ambiental em atividade na unidade do Guará.


Multa aos donos de imóveis com foco
Outra frente definida pelo governo no combate à dengue no DF é a promessa de cobrança de multa aos donos ou ocupantes de imóveis do Distrito Federal que sejam focos de infestação do mosquito Aedes aegypti. A multa pode chegar a R$ 2 mil.
De acordo com a legislação, quem for negligente com os cuidados em casa pode ser advertido ou até mesmo multado. A infração está prevista no Decreto nº 37.078/2016, que estabelece a responsabilidade compartilhada pela adoção de medidas para evitar a proliferação do inseto. Nos locais em que forem identificados potenciais criadouros de vetores, havendo resistência ou inércia na adoção das medidas eficazes para eliminação de focos ou ausência de um responsável pelo local no momento da inspeção, o fato será encaminhado ao respectivo Núcleo de Inspeção Ambiental da região.
Desde a publicação do decreto, mais de 200 autos de infração foram aplicados pela Vigilância Ambiental do DF, alguns gerando multa. O dinheiro arrecadado é investido em ações de conscientização na Saúde.
Quando o agente identifica o problema, é aberto um processo contra o morador, relatando o fato e dando um prazo para a defesa. Caso o processado não se manifeste ou sua justificativa não seja aceita, ele recebe a infração. A penalidade vai de advertência à multa mínima de R$ 2 mil.