A quarentena provocada pela pandemia da Covid-19 ocasionou uma mudança radical no dia a dia de muitos trabalhadores pelo Brasil e pelo mundo. E com os professores não foi diferente, eles tiveram de se reinventar em um intervalo curto de tempo a fim de entregar um ensino novo e de qualidade aos seus alunos. Muitas escolas já estão mergulhadas no mundo tecnológico, mas o cotidiano integralmente digital foi a novidade que se apresentou.
A novidade deve ser encarada com dedicação e criatividade. Segundo a professora do Elite Rede de Ensino (que conta com as unidades Guará, CEAC no Gama e Valparaíso) Michelle Bonilha, ela nunca imaginou viver um momento de transição tão intenso e novo. “Deixamos de lado o abraço, o toque e passamos a viver longe um do outro. Tem sido um desafio muito grande esse momento de pandemia, mas tenho me adaptado”, destaca a professora da Educação Infantil.
Atuar por trás das câmeras é a solução do momento. Michelle explica que teve de sair da sua zona de conforto, onde tinha toda a segurança de atuar pessoalmente, para atuar não só para as crianças, mas para todas as famílias. E seu quarto se transformou em sala de aula, ou melhor, em uma produtora de vídeo.
“Passei a gravar uns oito vídeos por dia. Esta quantidade podemos duplicar, pois a cada atividade eu gravo várias vezes para que fique bom. Sempre gostei de entregar meu trabalho bem feito, sou muito exigente comigo mesma e me cobro muito. A cada atividade gravada eu assisto duas vezes e fico pensando se meus alunos e as famílias irão entender a minha aula. Passei a analisar através dos vídeos, a minha postura como professora, a minha forma de passar o conteúdo e o amor, a interação com meus alunos, se aquele conteúdo terá um entendimento, se está de uma forma leve. Pesado já basta os dias que estamos vivendo”.
Rápida rotina de mudança
Vi parte do meu castelo desmoronando e me senti desarmado, num verdadeiro ataque surpresa. Literalmente entrincheirado. Estas foram as palavras do professor Maurício Santos, de Física, que leciona no Elite, quando as aulas presenciais foram suspensas. As videoaulas se tornaram a bola da vez.
“Precisava entrar na rotina da mudança e rápido. Me perguntaram se eu tinha um chroma key. Imaginei que fosse um cachorrinho fofinho que morde qualquer um que se aproxime do dono. Pesquisei na internet, era uma bendita tela verde usada nas filmagens. O efeito ou técnica chroma key é utilizado em vídeos em que se deseja substituir o fundo por algum outro vídeo ou foto. Me debrucei na fabricação deste efeito e ficou lindo, feito de tubos de PVC. Comprei uma câmera para o meu computador e adquiri a tal mesa digitalizadora. Meus amigos, a todo momento, davam dicas”, conta Santos orgulhoso, que dá aulas nas turmas voltadas para os concursos militares.
O professor de Física não hesita ao dizer que o momento atual surgiu como maior desafio em 36 anos de magistério. “A duração do confinamento, a mudança de hábitos e comportamento através de uma tela de computador, ter de me aproximar do meu aluno e dar a ele um norte, um senso de continuidade, derrubando minhas próprias dificuldades emocionais e técnicas por um tempo que ainda não sei, seria eu um tolo se dissesse que esse não está sendo o maior desafio da carreira”.
Para Santos, os estudantes estão colaborando muito, se comportando como verdadeiros tutores das aulas, compreendendo o momento, sorrindo e brincando com os furos dos professores, aprendendo e ensinando, incrível. “Adquirimos um senso de equipe fantástico, onde nossos pontos fracos são os que mais nos une. E fazemos questão de expor isso para não perdemos tempo. Depressa socorremos e somos socorridos: professores, coordenadores e alunos. Inteligente e lindo”, salienta.
Geração tecnológica
Professora do Ensino Fundamental I no Elite, Laurenice Ribeiro, também vê o momento como maior desafio da sua trajetória profissional em função da mudança de rotina. “Saía para trabalhar e agora atuo em casa. O computador que antes era um aliado na produção das provas e atividades corriqueiras, hoje é fundamental para interação com os alunos, pais e também com os colegas de trabalho”.
Na análise da professora de Língua Portuguesa, os estudantes estão levando bem o novo cenário. “É uma geração muito tecnológica e com facilidade em interagir em ambiente virtuais. A adaptação está acontecendo aos poucos e o esforço tem sido coletivo”.