Feira reaberta

Nos três meses em que a Feira do Guará ficou fechada o guaraense ficou com saudade de fazer compras. Mas, quem mais sentiu foram os feirantes. Nos 89 dias fechados, a renda da maioria dos donos de banca foi reduzida a quase zero. “Os boletos não pararam de chegar e não consegui vender nada enquanto estava fechado. O meu faturamento, que era de R$ 10 mil por mês, desapareceu. E mesmo com a reabertura, vai ser muito difícil recuperar o prejuízo”, lamenta o vendedor de roupas Alessandro Oliveira da Silva.
A reabertura da feira vem com uma série de medidas para evitar a contaminação por coronavírus de clientes e feirantes. “Estipulamos uma entrada e uma saída, únicas, para que quem entre tenha a temperatura checada e higienize a mão. Todas as bancas devem oferecer álcool em gel para os clientes e os restaurantes e lanchonetes não podem servir no balcão ou mesas, apenas para levar. É uma forma de reabrirmos com mais segurança, para evitar que o prejuízo fosse maior. Dificilmente os feirantes vão conseguir recuperar o imenso prejuízo causado pela pandemia. Mas, estamos oferecendo toda a segurança aos clientes, para que retornem à feira”, explica Cristiano Jales, presidente da associação de feirantes. Que lembra que todos devem usar máscara durante todo o tempo no interior da feira. Aliás, existe uma grande oferta de máscaras de pano em vários corredores.

Movimento
A reabertura ainda não animou os guaraenses. Apesar de aberta desde quarta, o movimento ainda é bem inferior ao de antes da pandemia. Os corredores de roupas estão vazios. Movimentação grande mesmo apenas nas peixarias, que fecharam por um período muito curto. “O governador liberou o funcionamento da peixaria bem antes, por isso não sofremos quase nada. Estamos vendendo da mesma forma”, comemora Haruko Ueda, dona de uma peixaria no loca.
Mas, nem todos foram bem. Principalmente os da área de alimentação. “Tenho 20 funcionários e mantive o emprego de todos, porém está difícil. Não podemos servir o pastel, vendemos apenas para viagem, isso diminui muito as vendas. Nãos ei como vamos conseguir nos manter”, diz Heitor Moraes, proprietário da mais tradicional pastelaria da Feira do Guará.
O aposentado Armando Fialho Neto se diz satisfeito com a abertura. “Os mercados estão abertos e lotados, qual a diferença de abrir a Feira do Guará? Nenhuma. Tem que deixar o pessoal trabalhar. Moro aqui pertinho e gosto de vir aqui ver o movimento e comprar um peixinho”, conta, com a máscara do queixo.
O vendedor de castanhas e especiarias Adeílson Macedo reclama do pouco movimento. “Ainda assim é melhor do que a feira fechada. Só no delivery não dá pra manter toda a estrutura da loja e funcionários”. O mesmo acontece com o gerente de uma loja de acessórios de celular Lucas Barreto. “Vendemos muito pela internet, mas nossos principais clientes são idosos, que tem dificuldade em mexer no celular e gostam de ver o produto, perguntar, testar. O movimento ainda não voltou ao normal, mas temos esperança”.

Fiscalização
A punição para os estabelecimentos que desrespeitarem as determinações do decreto podem ser de multa à interdição. A falta do uso da máscara, por exemplo, pode gerar uma multa de até 4 mil. Se a infração for a falta de condições para a proteção contra o vírus, a multa é de R$ 3,6 mil e pode haver fechamento.
Para verificar se as medidas de proteção estão sendo respeitadas e seguidas corretamente, a Vigilância Sanitária já fez várias notas técnicas específicas para combater a proliferação da Covid-19, com diversas orientações para os estabelecimentos – higienização constante, aferição da temperatura dos clientes, disponibilização de álcool em gel etc.
“Percorremos os supermercados do DF inteiro há dois meses. Exigimos barreiras nos caixas, limpeza de máquinas de cartão, máquinas registradoras, higienização de carrinhos e cestas, marcação e organização de filas. Mas, assim mesmo, ainda encontramos muitas filas. Lotéricas cheias, mercados sem respeitar as filas etc”, relata o gerente de Alimentos da Vigilância Sanitária, André Godoy.
Entre as orientações para os comerciantes estão: afixar material com as orientações e disponibilizá-lo em locais visíveis aos clientes, como balcões de atendimento, caixas, portas de acesso ao estabelecimento e sanitários; estar dotado de pia para lavagem de mãos para clientes, com sabão líquido, papel toalha e lixeira disponíveis, quando couber; fornecer, em locais estratégicos, álcool gel a 70% para clientes; e suspender o consumo de alimentos em comércio varejista e atacadista, entre outras.
Para os consumidores também há recomendações. Exemplos: evitar aglomerações e longa permanência nos estabelecimentos, mantendo distância de dois metros de outras pessoas, inclusive nas filas; disponibilizar somente uma pessoa por família para a realização das compras, evitando a presença de idosos; quando possível, pagar suas compras com cartão, diminuindo o contato com o funcionário do caixa, evitando manusear cédulas e moedas.
Além disso, usar álcool gel a 70% após tocar superfícies, produtos e outras pessoas; evitar falar excessivamente, rir, tossir, bocejar, espirrar, tocar nos olhos, nariz e boca enquanto escolhe os produtos expostos; preferir produtos previamente embalados, evitando tocar os produtos em exposição; e não degustar bebidas e alimentos no interior dos estabelecimentos comerciais, entre outras orientações.