Cobra naja ainda é o assunto da cidade

Guaraense já recebeu alta do hospital depois de ter sido picado por serpente venenosa de estimação. Polícia investiga tráfico internacional de animais. Outras 17 cobras de propriedade do estudante foram recolhidas ao Zoológico

Depois de ter sido o assunto da semana passada no Distrito Federal, a cobra Naja que picou o estudante guaraense no Edifício Sports Club no Guará II continua em destaque na mídia e nos grupos sociais da Internet. É que o assunto não se esgotou na internação e alta do jovem, na descoberta da cobra nas proximidades do shopping Pier 21 e de outras 16 cobras numa chácara em Planaltina, todas também de propriedade de Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkul, 22 anos, estudante de Medicina Veterinária com Ênfase em Animais Silvestres e Exóticos. O assunto teve vários desdobramentos nesta semana.
Na quinta-feira, 16 de julho, a Polícia Civil voltou ao apartamento do estudante para cumprir novo mandado de busca e apreensão à procura de mais provas que comprovem o tráfico de animais. O amigo dele, Gabriel Ribeiro, que tirou a cobra do apartamento após a picada e a levado para as proximidades do Pier 21, e outros dois amigos do estudante também foram alvo da ação policial. A operação, batizada de Snake (cobra em inglês), é conduzida pela 14ª Delegacia de Polícia (Gama), para onde o estudante foi levado para um hospital particular após a picada.
Foram apreendidos diversos documentos, celulares, medicamentos de uso veterinário, mais uma serpente conhecida como Corn Snake (Cobra do milho) e vários itens usados na criação ilegal de animais silvestres e exóticos. A Corn Snake tem origem americana e é usada em exposições e como alimento para outras cobras. A serpente não é peçonhenta (não tem veneno), mas é proibido criar a espécie do animal em casa. Com mais essa serpente apreendida na casa de Gabriel, são 18 animais resgatados pela polícia ligados aos estudantes.
Na segunda-feira, 13 de julho, peritos criminais da Seção de Engenharia Legal e Meio Ambiente da Polícia Civil do DF (PCDF) estiveram no Jardim Zoológico de Brasília para fazer uma análise nas 16 cobras que pertenciam a Pedro Henrique e que estavam escondidas numa chácara em Planaltina. Segundo a polícia, a identificação das espécies é importante para determinar a origem e um eventual tráfico de animais.
O padrasto de Gabriel, o coronel Eduardo Condi, da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), também foi alvo da operação desta quinta-feira, por ter ajudado o jovem a ocultar as cobras.

Alta do hospital
Pedro Henrique recebeu alta do Hospital Maria Auxiliadora, no Gama, na segunda-feira, 13 de julho, depois de ficar internado durante seis dias, onde chegou a ficar em coma. No hospital, ele foi medicado com soro antiofídico (contra veneno de cobra), fornecido pelo Instituto Butantan (SP), mas outras doses tiveram que ser importadas às pressas dos Estados Unidos porque as doses disponibilizadas pelo laboratório brasileiro não seriam suficientes.

Ibama multa o dono das cobras em R$ 61 mil

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) multou em R$ 61 mil o estudante Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkul acusado de criar animais exóticos, incluindo uma Naja, sem autorização.
A mãe e o padrasto do estudante também foram penalizados, em R$ 8,5 mil cada. O casal esteve, nessa quinta-feira, 16 de julho, na 14ª Delegacia de Polícia (Gama), onde prestou depoimento à Polícia Civil do DF (PCDF). Pedro Henrique é acusado de dificultar a ação dos fiscais, maus-tratos e manter animais nativos e exóticos sem autorização. A mãe, Rose Meire dos Santos Lehmkuhl, e o padrasto, o coronel da Polícia Militar do DF (PMDF) Eduardo Condi, por sua vez, foram penalizados por terem dificultado a ação de resgate.
Segundo o Ibama, também foram multados: o proprietário da chácara onde encontraram 17 serpentes (no valor de R$ 68 mil) e Gabriel Ribeiro, amigo de Pedro, que teria o ajudado a esconder as serpentes (em R$ 61 mil).