O GDF anunciou a contratação da Noble Engenharia e Arquitetura para fazer o projeto de reforma da Feira do Guará. A contratação prevê a “elaboração de projetos de arquitetura e projetos complementares de engenharia para a prestação dos serviços técnicos profissionais visando a realização de atividades técnicas de elaboração dos projetos executivos para a reforma com ampliação da Feira Permanente do Guará” por R$ 748.502,42.
O projeto deve seguir o que a Administração Regional do Guará chama de “Programa de Necessidades da Feira Permanente do Guará”. Um relatório lista o que os servidores da Administração entendem como necessário reformar, mudar e implementar na Feira. O documento lista entre outros, a aplicação de um impermeabilizante em todo o telhado, a troca das portas de ferro dos boxes por vidro temperado, reforma da área administrativa, reforma e construção de banheiros e uma nova área, chamada de Praça de Alimentação.
A Administração Regional do Guará informou que, “durante o período de levantamento das necessidades, manteve o diálogo com os feirantes e com a Associação Comercial da Feira para desenvolver o conceito apresentado” e “realizou vistorias no local para verificar o estado das instalações e das áreas de uso comum. A Secretaria das Cidades (Secid) também esteve no local para acompanhar o trabalho”. Mas, não é o que dizem os feirantes.
Divergências
Para o presidente da Associação de Feirantes, Cristiano Jales, este diálogo não existiu e, por conta disso, parte dos feirantes não concorda como levantamento da Administração. Um exemplo é a praça de alimentação, segundo o croqui elaborado pela Administração, haverá necessidade de realocação de bancas. “O feirante está instalado há décadas no mesmo local, acha que ele vai concordar em sair para se colocar mesas e cadeiras no local?”, reclama Cristiano. A Administração rebate, dizendo que seguiu os critérios determinados pelo Programa Feira Legal do GDF, instituído pelo Decreto nº 40.076, de 3 de setembro de 2019, que visa requalificar os espaços urbanos das feiras permanentes do DF para criar um ambiente agradável e familiar para os usuários e moradores das cidades”. E afirma ter apresentado aos feirantes os layouts propostos para a praça de alimentação e que o modelo apresentado sugere a requalificação das áreas próximas aos boxes do tipo restaurante, que são utilizadas por mesas e cadeiras. Portanto, não haveria realocação de bancas.
Outra divergência é sobre a impermeabilização do telhado com borracha líquida com tratamento das juntas da telhas de zinco. Este projeto havia sido feito pela própria Associação de Feirantes e encaminhado à Novacap. E a execução do serviço custaria cerca de R$ 230 mil. “Fizemos o projeto e doamos ao governo, agora o governo vai pagar para refazer este mesmo projeto”, critica Cristiano Jales.
Áreas da feira ausentes no projeto
Outro ponto que desagrada os feirantes é que a Praça de Alimentação já existente, os quiosques no antigo arco da cultura, foi excluído. Um dono de restaurante, que prefere não se identificar, indigna-se com a atitude: “Estamos aqui desde os anos 90. Já foi o ponto mais frequentado da feira, mas agora, precisamos de melhorar o piso, fazer um banheiro decente e organizar toda a área. Somos uma das principais portas de entrada da feira, bem em frente à avenida, e estamos sendo ignorados”.
O novo Arco da Cultura, espaço destinado a apresentações culturais também está fora do projeto, assim como a ampliação da Feira com os moveleiros do Park Sul. A ideia, gestada pelo gabinete de Rodrigo Delmasso, previa transferir os moveleiros daquela área para a Feira do Guará, ciando mais um atrativo para ao espaço.
Outro proejto ignorado foi a Rota Acessível da Feira do Guará, pois o projeto passou por alterações na Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) e foi devolvido para Novacap para cumprimento de exigências e, posteriormente, ser encaminhado para procedimentos licitatórios.
Ainda há tempo
Os R$ 750 mil são justamente para a elaboração do projeto de reforma, e não tem a obrigação de seguir exatamente o que a Administração Regional do Guará apontou como sendo o necessário para a Feira. Como passará por uma elaboração longa (7 meses para elaborar e 4 meses para aprovar), é possível ouvir os feirantes e a população da cidade, para dirimir as dúvidas e chegar a um projeto que agrade aos comerciantes e aos moradores e aos frequentadores da feira.