A criminalidade no Guará nunca teve tanto destaque na imprensa e nas redes sociais como agora. A sensação é que aumentou a insegurança na cidade. Mas, não aumentou. Ao contrário, diminuiu. Essa falsa impressão, entretanto, é provocada pela divulgação das ações policiais mais relevantes em andamento na 4ª Delegacia de Polícia do Guará, diferente do que era antes da chegada, em maio, da nova equipe para cuidar da segurança da cidade – as equipes anteriores entendiam que a divulgação do que estava apurando ou que tinha apurado era de interesse apenas dos envolvidos e não de toda a população. Para a equipe atual, a divulgação e a transparência tem ajudado a solucionar vários casos investigados, a partir de informações sobre paradeiros de criminosos procurados e informações de testemunhas de crimes. Ou seja, a publicidade das ações pode fazer da população uma aliada.
O principal responsável por essa nova metodologia de tratamento com a comunidade e a imprensa é o delegado adjunto João Ataliba Nogueira Neto, 40 anos, que faz contraponto ao delegado titular, Gerson Salles, 48 anos, de estilo discreto. Mas os dois se entendem muito bem há muito tempo, desde quando começaram a trabalhar juntos. Os dois estavam no comando da 1ª Delegacia do Plano Piloto há três anos. Contemporâneos da Polícia Civil, eles foram aprovados no concurso para delegado em 2006 e fizeram o curso de formação na mesma turma, o que gerou uma grande amizade entre eles, mas somente foram trabalhar juntos a partir de 2015, na Corf, e como dupla em 2017 na 1ª DP. Os dois são paulistas – Gerson, de Sorocaba, e Ataliba, de Atibaia.
Ataliba Neto já passou pelas especializadas Divisão de Repressão à Corrupção e aos Crimes Contra a Administração Pública (Dicap/Cecor), Divisão de Defesa do Consumidor (Dicon), Coordenação de Repressão aos Crimes contra o Consumidor, a Ordem Tributária e a Fraudes (Corf), além das circunscrionais do Paranoá (6ª DP), Taguatinga Norte (17ª DP), Asa Norte (2ª DP), São Sebastião (30ª DP), Sobradinho II (35ª DP) e Asa Sul (1ª DP).
Cuidados com a pandemia
Com muitas apurações policiais na carreira, uma em especial marca a carreira do João Ataliba. “Jamais vou esquecer da investigação que desmantelou uma organização criminosa que vendia a falsa pílula de fosfoetanolamina, que prometia a cura do câncer. Na época, ano de 2015, eu estava na Dicon. A prisão dos autores e o fechamento do laboratório clandestino ocorreu em Conchal(SP), para nós uma grande vitória”.
Com 14 anos de carreira, o paulistano conta que não tem sido fácil atuar em tempos de pandemia. “É um desafio à parte. Acabamos tendo contato com a população em geral e estamos vendo muitos policiais contaminados por essa doença terrível. Tentamos ao máximo minimizar a nossa exposição e a de nossos colegas ao coronavírus, seguindo os protocolos sanitários do governo e da Organização Mundial de Saúde (OMS). No entanto, como trata-se de atividade essencial, a Polícia Civil do DF não pode parar e continuamos exercendo a nossa missão na apuração das infrações penais”.
A carreira de policial civil não foi apenas uma questão de oportunidade. Era um desejo antigo. “Um sonho que se iniciou na publicação do edital no início de 2004, logo após eu iniciar os estudos para concursos públicos. Depois da aprovação e da nomeação, percebi que tinha feito a escolha certa. Fui me apaixonando cada vez mais pela profissão e pela missão policial e não consigo me imaginar em outra área. Sabe aquele sonho de nunca ter que trabalhar? Eu conquistei. É a famosa frase do filósofo chinês Confúcio: Escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um único dia em sua vida”.
Tornar-se delegado foi a confirmação dessa vocação. “O delegado é o primeiro garantidor dos direitos do cidadão. É ser aquela pessoa que pode ajudar alguém com uma simples orientação no balcão da delegacia e que também pode salvar um número enorme de vidas ao prender uma organização criminosa que falsamente prometia a cura do câncer”, explica.