Feira do Guará – Reformas emergenciais começam. Grandes obras só em 2021

Após visita do governador Ibaneis Rocha, reparos no telhado estão em andamento. Uma licitação para resolver definitivamente os problemas estruturais da feira será realizada em janeiro

O governador Ibaneis Rocha anunciou obras na Feira do Guará no sábado (26 de setembro), em visita aos feirantes. Ele anunciou uma grande reforma a ser licitada em janeiro de 2021, após conclusão do projeto encomendado pela Novacap. Porém, por conta das chuvas, a recuperação do telhado foi ordenada para início imediato.
Com custos de R$ 5 mil e trabalho executado por equipes próprias do GDF, a intervenção iniciada tem previsão de durar uma semana. Apesar de ser paliativa, é eficaz e já serve como preparação para uma reforma mais ampla da feira, prevista para começar em janeiro de 2021.

Marilsa Lopes tem uma banca de roupas na entrada sul da feira. E estava apreensiva com o início das chuvas. “Aqui a água desce de enxurrada quando chove, já perdi muita mercadoria. Mesmo quando chove pouco, a água corre pelas vigas que sustentam o telhado e vem parar no forro da minha banca. Preciso sempre afastar os produtos, limpar tudo, o que é impossível nos dias em que a feira está fechada. Tomara que acabem com as goteiras nos telhados logo”, conta a feirante.

De acordo com os técnicos que estão no local, após o estudo e identificação dos pontos críticos, foi concluído que a aplicação de mil metros lineares de uma manta asfáltica fria aluminizada será suficiente para concluir a impermeabilização nas juntas, aplicar veda-calhas nos parafusos desgastados e desentupir calhas, que estão muito sujas. O trabalho conta com a colaboração da Administração Regional do Guará.
“Há muitos anos os feirantes aguardavam essa melhoria, e o governador Ibaneis Rocha foi o único gestor comprometido com a causa da Feira do Guará”, comemorou a administradora da cidade, Luciane Quintana.

Na Feira do Guará desde 1984, a paraibana Idagma leite, 58 anos, foi uma das primeiras a abordar as equipes da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) para entender melhor a movimentação da manhã na quinta-feira (1º) no local. Técnicos da empresa pública fizeram os estudos e já iniciaram a aplicação do material para impermeabilização do telhado da estrutura. “Na verdade, eu nem acreditei quando o pessoal começou a subir no teto”, contou a comerciante. “Nunca fizeram isso aqui antes. Toda época de chuva era uma dor de cabeça. Muitos feirantes tiravam dinheiro do próprio bolso para instalar uma cobertura em seu boxe.”

Há 25 anos atuando como comerciante na Feira do Guará, o vendedor de roupas e boné, Vandelson Araújo, 45 anos, ficou feliz com a notícia imediata da reforma do lugar ao qual dedicou boa parte da vida. “Estávamos nos sentindo abandonados pelo poder público, mas o governador Ibaneis é um homem sensível, tanto que veio aqui nos ouvir, vai cuidar muito bem da nossa feira”, elogiou.

Obras em 2021

Além da recuperação completa dos 13 mil metros quadrados de telhado, o pacote de intervenção na feira inclui construção de mezaninos para todas as bancas, reformas nos banheiros e nas instalações elétricas. As obras que serão executadas no cativo espaço da cidade fazem parte do programa Feira Legal e estarão sob responsabilidade da Novacap. Técnicos da empresa já visitaram o local e estão debruçados sobre os detalhes das futuras obras.
O projeto prevê não apenas a impermeabilização do telhado, como descrito anteriormente pela Administração do Guará, mas também a captação de energia solar e água das chuvas em toda extensão do telhado. Além disso, a troca das portas de ferro dos boxes por vidro temperado, reforma da área administrativa, reforma e construção de banheiros e uma nova área, chamada de Praça de Alimentação.

 

Ex-administrador acusa gestão da Feira do Guará de irregularidade

Edberto Silva afirma que atual presidente de Associação de Feirantes
esticou mandato sem respaldo dos associados e não presta contas do que arrecada

O anúncio de investimentos de R$ 40 milhões, a visita do governador Ibaneis Rocha no sábado passado e a eleição para a nova diretoria da associação de feirantes colocam a Feira do Guará como o principal assunto da semana na cidade. Mas surgiu um outro. O ex-administrador regional do Guará em 2015, no início do governo Rollemberg, Edberto Silva, acusa o atual presidente da Associação dos Feirantes, Cristiano Jales, de ter ampliado o seu mandato por dois anos sem o respaldo da assembleia dos associados e de não prestar contas do que arrecada de taxa de ocupação dos boxes na sua gestão.


O ex-administrador garante que tomou a decisão de denunciar as possíveis irregularidades apenas como cidadão e não motivado pela eleição da nova diretoria da associação dos feirantes, no dia 16 de outubro. “Recebi o relatório de uma banca de advogados, contratada por um grupo de feirantes, atestando os mal feitos do atual presidente e sua diretoria. Esse grupo recorreu a mim, porque participei ativamente das demandas deles quando fui administrador regional. Não posso ficar calado”, afirma Edberto Silva. De acordo com o documento assinado pelos advogados Luis Carlos Ormay Júnior e Rafael Echeverria Lopes, com base no Estatuto da Associação, e depoimentos de feirantes, a atual gestão teria prorrogado a gestão por dois anos, a primeira vez em 2015 e a segunda em 2019, quando deveria ter ocorrido a eleição para a renovação da diretoria.
“Em 2013, conforme ata registrada em cartório, foi alterado o período do mandato para 48 meses (quatro anos), mudança essa feita por alteração no Regimento Interno, contudo sem alteração do Estatuto. A mudança apenas no Regimento Interno não é suficiente para validar tal alteração, conforme rege o Código Civil”, diz o documento assinado pelos advogados. “A mudança de 3 para 4 anos, ainda que tivesse sido alterado pelo Estatuto, teria validade apenas para o mandato seguinte. Portanto, o primeiro mandato deveria ter sido encerrado em 2015, o que não aconteceu. O mandato foi estendido ilegalmente até 2016. Na sequência desse raciocínio, o segundo mandato iniciando-se em 2015, como seria o correto, teria seu término em 2018. Portanto, temos aí 2 anos de mandatos ilegais, cujos atos praticados pela presidência nesse período podem ser juridicamente contestados na Justiça Comum. As eleições, portanto, deveriam ter ocorrido em 2018 e não em 2020”, completa o documento.

Não prestação de contas

“Além dessa ilegalidade, nessas duas gestões a atual diretoria não submeteu a prestação de contas ao Conselho Fiscal, que, portanto, foi omisso, e nem à Assembleia Geral Ordinária, conforme prevê ata registrada em cartório no dia 8 de junho de 2018. Os feirantes não sabem o que está sendo arrecadado, quem está pagando ou não, porque não há transparência”, ataca Edberto. Segundo o ex-administrador regional, o recebimento das taxas é feito de forma manual “numa caixa de sapatos”, porque a Associação está com suas contas bancárias bloqueadas pela Justiça por causa de dívidas que somam R$ 3 milhões, com Caesb, CEB, TV Record e outros fornecedores.

 

Cristiano nega irregularidades e diz que Edberto está sendo instrumento da oposição

“O ex-administrador Edberto Silva está sendo usado por um pequeno grupo apenas com interesses eleitoreiros. Esse grupo tenta retomar a associação a qualquer custo, porque não tem o respaldo da maioria dos feirantes. Sequer conseguiu formar uma chapa de oposição à nossa”, contra-ataca o presidente da Associação dos Feirantes da Feira do Guará (Ascofeg), Cristiano Jales, candidato à reeleição.
Cristiano garante que as denúncias não tem fundamento. “A ampliação do mandato foi decidida em assembleia e registrada em cartório. Como a assembleia é soberana, as suas decisões são automaticamente legais. A mudança basta constar no Regimento Interno e desde que seja registrada”, explica o atual presidente. Em relação à prestação de contas, ele garante que falta apenas a de 2019, que deveria ter sido submetida à assembleia até março de 2020, mas foi suspensa por causa da pandemia que provocou o fechamento da feira por quatro meses. “Mas todos os balancetes e contas estão à disposição de quem quiser consultar, inclusive no dia da votação”, afirma Cristiano.
Para Cristiano, as denúncias tem o único objetivo de tentar evitar a sua candidatura à reeleição. “Por que apareceram somente agora, às vésperas da eleição?”. Ele acusa também o grupo opositor de forjar uma chapa cujo candidato à presidência da associação, Tiago Alberto Meireles, sequer mora no DF. “Basta acessar o Facebook dele para comprovar que ele mora em Caldas Novas. Ninguém o conhece aqui na Feira. Além disso, a banca em nome dele está alugada e na verdade pertence ao pai de criação dele. Não por coincidência, o vice dele é o ex-presidente da Associação, Kleber Nunes, que seria o presidente de fato caso a chapa fosse eleita”, ataca Cristiano. Segundo o atual presidente, a chapa opositora só teria conseguido a adesão de seis feirantes para a Diretoria e nenhuma para o Conselho Fiscal.