Horta Comunitária do Guará – Exemplo de sustentabilidade e interação

Implantadas no Governo Arruda com o objetivo de incentivar a produção de alimentos saudáveis e baratos, a prática da cidadania e promover a interação entre os moradores, nem todas as 44 hortas comunitárias espalhadas pelo Distrito Federal deram o resultado esperado. Por falta de apoio das administrações regionais e de interesse dos moradores, algumas delas não vingaram ou não produzem como deveriam. Mas, a maioria deu certo, e a do Guará é a principal referência de todo o projeto, por causa do engajamento de lideranças comunitárias comprometidas e o interesse cada vez maior de voluntários, principalmente durante a pandemia, quando o plantio, a colheita e a confraternização atraem quem não tem um pedaço de chão para cultivar e procura uma forma de sair de casa com menor risco da contaminação pelo vírus. Essas hortas ajudam também no resgate do solo, transformam os locais em práticas terapêuticas e oferecem uma abordagem pedagógica.

A Horta Comunitária do Guará, na QE 38, chegou a ficar abandonada no governo Agnelo Queiroz por falta de incentivo oficial, mas voltou a ser ativada no início do governo Rollemberg pelo então administrador regional André Brandão e desde então não parou mais de produzir, graças ao interesse de um grupo de voluntários liderado pela engenheira ambiental Dahiana Ribeiro, a Dai. Além de ser fonte de alimentação saudável, a horta também produz ervas medicinais, promove cursos relacionados ao plantio e aproveitamento total de alimentos, entre outros temas. Mas, para chegar ao estágio atual, o grupo de voluntários teve que implantar regras e dividir tarefas. Para começar, foram criados dez grupos de atividades específicas, cada um liderado por alguém com atividade profissional ligado ao assunto ou que tenha demonstrado interesse por ele. Os grupos foram divididos em Mobilização de Comunidade, Educação Ambiental, Plantio e Colheita, Insumos e Materiais, Ervas Medicinais Lanche Comunitário, Divisão da Colheita, Comunicação e Marketing, Pomar e Compostagem. Por exemplo, a divulgação é feita por uma voluntária jornalista, responsável pela Comunicação e Marketing, e assim por diante.
A cada 15 dias é feita a colheita, sempre nas manhãs de sábado. Em média, cada encontro semanal resulta na entrega de 25 a 30 cestas, compostas de diferentes produtos. São cerca de 170 voluntários, mas a média de presença nos encontros varia de 40 a 50. O sistema é simples: para colher, é preciso plantar. Por isso, há um cadastro de voluntários responsáveis pelos cuidados com a horta.
Embora o espaço pertença à Administração do Guará, o projeto é mantido pelo Instituto Arapoti, presidido pela própria Dai Ribeiro, que desenvolve outros projetos em outras regiões do Distrito Federal, como “Escola Sustentável”, “Uso da Energia Social”, “Aproveitamento de Resíduos”, entre outros.

Buscas de apoio

Sem recurso financeiro, o grupo se vira como pode para adquirir sementes, insumos, ferramentas e conta com o apoio da Administração do Guará quando precisa de mão de obra ou de transporte e da Emater-DF quando precisa de orientações. A Secretaria de Meio Ambiente também prometeu apoio ao projeto, manifestada na visita do secretário Sarney Filho à horta no ano passado. Até uma emenda parlamentar foi viabilizada pelo deputado distrital Rodrigo Delmasso, para ca construção de pergolado de madeira.
Na semana passada, a Administração do Guará fez a entrega de uma bomba d`água, doada pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF) para ajudar na irrigação. “Anteriormente, a irrigação dependia do manuseio humano e isso demorava em média duas horas por dia para irrigar todas as plantas. Imaginem isso ao longo de um ano”, afirma Dai. “Agora, basta apertar o botão para que a água chegue de forma rápida e uniforme, o que representa também uma economia do recurso hídrico importante e bastante aguardada.”
Outra parceria, mas com a iniciativa privada, formada com a emrpesa Garden Bio, que produz adubo orgânico com base no substrato de cogumelo. O dono da empresa, Glênio Oliveira, adotou três canteiros da horta e em troca expõe e divulga seus produtos durante os encontros.

Ecograna

Outra novidade é a criação da moeda social Ecograna, que é trocada por resíduos recicláveis e vale dinheiro na compra de produtos em comércios parceiros, como a padaria Paihoca na QE 38 e a Pão Nosso, mas que está em negociação para ser ampliada para outros comércios no Guará.
Para ter direito ao vale compras, basta levar garrafas pets, latinhas de alumínio e papelão. Em apenas três meses e cinco encontros foi arrecada uma tonelada de resíduos, doados para uma cooperativa de catadores de lixo da Estrutural.

Plantas medicinais

As plantas medicinais recebem um carinho especial dos voluntários. Na horta são cultivadas mais de 30 espécies, entre as mais buscadas, que são fornecidas para a comunidade. “Queremos ampliar ainda mais o nosso banco de ervas e estamos aceitando doações de quem tem mudas em casa”, pede a engenheira ambiental Simone Vaz, uma das coordenadoras da horta comunitária.
Para participar do projeto, basta entrar em contato pelo Instagram da horta ou pelo telefone 98568-3562.