RÊNIO QUINTAS – De músico a ativista cultural

Morador do Guará há 23 anos, um dos mais conhecidos músicos do DF tem se relevado um ferrenho defensor da cultura local

Além de ser um dos mais conhecidos e reconhecidos músicos do DF, o maestro Rênio Studart Quintas tem se revelado um bravo ativista cultural, não apenas como promotor de eventos mas também como lutador pelas causas da cultura local. É um dos mais ferrenhos críticos da privatização do Complexo do Cave – pelo menos é o mais articulado e mais respeitado – e defensor da liberação de recursos financeiros para a classe artística brasiliense, inclusive com livre acesso ao secretário de Cultura do DF.
Morador do Guará há 23 anos, Rênio, 65 anos, se encantou pela cidade quando também se encantou pela cantora Célia Porto, uma das vozes mais proeminentes da música brasiliense. Apaixonados depois de uma excursão à Inglaterra com o grupo Friends (ele era o tecladista), cover do Beatles, os dois resolveram morar juntos no edifício Monalisa, na QI 23 do Guará II, onde estão até hoje, depois de dois casamentos dele e um dela. A parceria entre os dois começou em 1994, quando Rênio passou a ser o diretor musical da carreira de Célia, que na época era uma das cantoras mais conhecidas de Brasília, com direito ao Prêmio Sharp em 94 e 95 como cantora revelação do pop rock do DF.
Com formação acadêmica em Música pela UnB, com especialização em Composição e Regência, cadeira dirigida pelo maestro Cláudio Santoro, e da Escola de Música de Brasília, , Rênio já acompanhou Zélia Duncan, Cássia Eller, Adriano Faquini e hoje se dedica à carreira da própria mulher, de quem foi o produtor do disco Célia Porto canta Legião Urbana em 1997, Palhaço Bonito em 2000, Disco Infantil em 2002. “Todas as músicas tiveram arranjo meu”, conta. Tocou em grupos de jazz e, para sobreviver, integrou o grupo de animação de baile Os Matuskelas, um dos ícones desse segmento no DF nas décadas de 70/80.

ATIVISMO

Carioca, veio para Brasília acompanhar o pai, jornalista Expedito Quintas, transferido para trabalhar no governo federal quando tinha apenas cinco anos de idade. Aqui, quando adolescente teve iniciação musical ao participar de festivais, entre eles o promovido pelo Ceub, em 1972, vencido por Raimundo Fagner com a música “Mucuripe”.
Rênio fez incursões por trilhas musicais de cinema, ao produzir a trilha sonora do filme Guarda Linhas, da diretora Loloye Boile e estrelado por Gianfrancesco Guarnieri, e do filme Araguaia, a Conspiração do Silêncio, do diretor Ronaldo Diegues e estrelado por Norton Nascimento. Além do Friends, que deixou logo após se juntar a Célia, montou o Rênio Quintas Trio, que se apresenta por toda a cidade e no Clube do Choro. Integrou também o grupo instrumental Artimanha na década de 80.
O ativismo começou quando era proprietário do Bar Cafofo, na 407 Norte, muito conhecido por reunir a nata cultural de Brasília, e embrião de movimentos da cena brasiliense, e famoso por ter sido onde Renato Manfredini, o Renato Russo, começou a sua carreia com a banda Aborto Elétrico. Lá, foi criado o Movimento Candango pela Dinamização Cultural (Cuca), que promoveu vários eventos de música, poesia, de comunicação em geral e se destacou pela resistência aos ataques ao segmento cultural, como a defesa da Rádio Cultura, que pertence ao GDF, entregue pelo governo Joaquim Roriz em 1999 a um grupo ligado a um estilo musical bem diferente do que eram seus objetivos iniciais. Criou o grupo instrumental Naipe com o violonista Fernando Corbal com quem ganharam vários prêmios nacionais.
O Forum de Cultura do DF, tendo Rênio como um dos coordenadores, foi responsável pela inclusão do percentual de 0,03% do Orçamento do DF para a cultura na Lei Orgânica do DF, o que representa cerca de R$ 60 milhões por ano ao segmento. Mesmo sendo lei, ele reclama que o governo Ibaneis não tem cumprido o que ela determina, embora elogie o esforço do secretário de Cultura Bartolomeu Rodrigues, o Bartô. Rênio foi um dos criadores da Frente Unificada de Cultura do DF e uma das vozes que se insurgiram contra a proposta do secretário anterior, Adão Cândido, de desviar cerca de R$ 20 milhões desse percentual para a reforma do Teatro Nacional. “Não somos contra a reforma, ao contrário, lutamos por ela, mas esse dinheiro deve sair de outras fontes e não do fomento à cultura”, explica.
Rênio Quintas é também membro eleito do Conselho de Cultura do Guará