“Queremos ouvir as demandas da segurança pelo próprio morador” – Coronel Everaldo Aragão, novo comandante do 4º Batalhão da PM

O 4º Batalhão da Polícia Militar do Guará tem novo comandante. O tenente coronel Everaldo Rodrigues Aragão, 49 anos, assume no lugar da tenente coronel Karla Meneses, que ficou nove meses no cargo e assumiu o Batalhão Escolar. Com 27 anos de Polícia Militar, o cel. Aragão ficou três anos e meio no comando do 25º Batalhão (Park Way, Núcleo Bandeirante e Candangolândia) numa das mais longevas gestões de comando de batalhões no DF. Além desse período de chefia, ele serviu no próprio 25º BPM por outros 15 anos, o que aumentou sua identificação com a comunidade da região.
Nesta entrevista ao Jornal do Guará ele conta o que está trazendo da experiência do 25º Batalhão e como pretende se relacionar com a comunidade guaraense.

O sr. foi comandante do 25º Batalhão por três anos e meio. O que está trazendo de experiência que deu certo de lá para implantar no Guará?
A melhor experiência que tivemos lá foi a interação com a comunidade. Fomos ouvir moradores, comerciantes, instituições organizadas e comerciantes sobre suas demandas e o que eles queriam de nós. Ou seja, levamos a população para dentro do comando. Com isso, conseguimos reduzir os índices criminais da região de forma significativa, deixando-a com os menores índices do Distrito Federal.

Como foi feita essa interação, na prática?
Íamos às quadras ouvir os moradores e comerciantes e também os recebíamos no comando. As quadras que tinham associações e prefeituras, procurávamos ouvi-los sempre. Tínhamos também uma boa parceria com o Conselho Comunitário de Segurança, o Conseg.
Quando acontecia um crime, procurávamos ouvir as vítimas e testemunhas, para entender a dinâmica do que aconteceu, se haveria possibilidade desse crime se repetir, oferecer dicas de segurança para evitá-lo…
É esse canal de acesso que queremos ter também com o morador do Guará, porque ninguém conhece mais as demandas da cidade do que ele.
É um trabalho de inteligência que ajuda muito na redução da criminalidade.

O sr. já tem um diagnóstico do mapa do crime no Guará?
Ainda não, pelo menos da forma que pretendo. Claro que já existem estatísticas dos crimes, baseadas nas ocorrências policiais, mas já sabemos que muitos dos crimes não são registrados. Teremos nossas análises próprias, inclusive com a ajuda da comunidade.

 

O sr está dizendo que o policiamento será mais ostensivo no Guará do que é?
Sim, porque estaremos sempre presentes na interação com os moradores, conforme expliquei, embora nossa capacidade operativa esteja no limite da sua capacidae. Não temos como aumentar a presença física do policiamento nas ruas, mas estaremos presentes para ouvir os moradores. Vamos aumentar também a abordagem, o que ajuda a inibir os crimes. E pretendemos solicitar ao comando a vinda de estagiários da área de ensino da PM para atuar aqui. Seria um reforço importante.

A cidade recebeu uma grande operação policial no final da semana passada, com participação de outras forças da segurança do DF. Isso vai se repetir? O comando pretende intensificar essas operações por conta própria?
A operação foi organizada pelo Comando Regional que, por sorte nossa, está sediada também no 4º Batalhão. Essas operações são importantes porque precisamos ter a visão que as cidades não são ilhas e o criminoso não respeita fronteira. Ele pode ter um endereço de residência mas vai cometer o crime onde lhe é mais favorável, onde há possibilidade de ter o maior retorno possível com menor dificuldade.
Em relação à intensificação das operações, não podemos informar a frequência por uma questão de estratégia de segurança.

 

Ainda existem as equipes de policiais em bicicletas, que circulavam nas quadras?
Não. E na minha opinião o policiamento em bicicleta tem um resultado pequeno para o tamanho da mobilização de pessoal. Além da menor agilidade, tem o problema das intempéries, como chuva e calor. São mobilizados três policiais por equipe e, caso seja necessária a prisão de alguém, é preciso recorrer a uma viatura. Ou seja, além dos três policiais das bicicletas, são mobilizados mais dois da viatura.
A viatura ainda é o melhor método de policiamento ostensivo, porque dois policiais podem resolver tudo de uma vez.

 

E de as equipes de moto ainda existem?
Sim. E são importantes onde as viaturas não conseguem circular.

Qual a expectativa da polícia para a redução da criminalidade com o monitoramento que está sendo implantado?
Ainda não dá para falar em números, porque é um sistema novo. Mas, com certeza, vai reduzir bastante os índices de criminalidade onde está implantado.