Convidado para conhecer in loco as demandas do segmento cultural da cidade, o secretário de Cultura do Distrito Federal, Bartô Rodrigues, esteve no Guará nesta quarta-feira, 26 de maio, das 10h às 12h. Numa reunião na Administração Regional com a administradora Luciane Quintana, o gerente de Cultura Julimar dos Santos, o agitador cultural Miguel Edgar Alves e assessores, o secretário esclareceu os caminhos, as possibilidades e dificuldades para o atendimento das demandas e fez um relato da situação da cultura no Distrito Federal, num papo descontraído e entremeado de causos de sua experiência com a cultura.
O jornalista Bartô Rodrigues começou informando que a primeira providência da sua gestão, que começou em dezembro de 2019 após exoneração do primeiro secretário de Cultura do Governo Ibaneis, Adão Cândido, foi descentralizar os recursos financeiros previstos no Fundo de Apoio à Cultura (FAC) para horizontes além do Plano Piloto, onde historicamente ficavam 70% do orçamento. Segundo ele, a principal constatação é que os agitadores e artistas das cidades satélites tinham dificuldades de acesso aos recursos por ausência de informações, orientações sobre os caminhos de elaboração e encaminhamento de projetos. “O que fizemos foi democratizar a distribuição desses recursos, dando oportunidades a todos que queram concorrer e tenham projetos interessantes. Estamos nos propondo inclusive a orientar a quem encontrar dificuldades na documentação cadastral”, explicou Bartô, ao contar que encontrou 19 agências especializadas na elaboração de projetos para o FAC, que monopolizavam cerca de 70% da liberação dos recursos. Bartô citou reivindicação que recebeu assim que assumiu a secretaria, de destinar R$ 25 milhões (cerca de 40% do FAC, que é de R$ 54 milhões para 2021) somente para o segmento de audiovisual, que contava que esse recurso para continuar sobrevivendo. “Invertemos esse processo e passamos a valorizar mais os artistas do que os projetos. Para um texto bem elaborado, não é necessária monografia, como era a exigência anterior dentro da Secretaria, e se especializaram essas agências”, afirmou.
Projetos do Guará
O gerente de Cultura da Administração do Guará, Julimar dos Santos, a administradora regional Luciane Quintana e o promotor cultural Miguel Edgar Alves queriam saber do secretário sobre as possibilidades da liberação de recursos para a reforma da Casa da Cultura, da implantação da biblioteca pública e da reforma do Teatro da Administração, todas com emendas parlamentares prometidas pelos deputados distritais Reginaldo Veras, Arlete Sampaio e Reginaldo Sardinha.
Bartô explicou que a Secretaria de Cultura dispõe de recursos apenas para manutenção de prédios e equipamentos sob seu domínio e que neste caso a execução deveria partir da Administração Regional ou através da Novacap, que deveriam primeiro elaborar os projetos e depois submetê-los à anuência da Secretaria de Cultura. A administradora Luciane Quintana lembrou, entretanto, que a Administração não dispõe de corpo técnico especializado para a elaboração dos projetos e nem para promover a licitação das obras. O secretário sugeriu então que o caminho seja através da Novacap, mas advertiu que o órgão, segundo ele, está sobrecarregado com a elaboração de projetos técnicos para todo o governo, mas se propôs a intermediar pedido de agilização das providências com o presidente Fernando Leite. “Outra dificuldade é que estamos entrando no funil das próximas eleições, quando aumentam as demandas por obras e projetos de maior visibilidade, ao mesmo tempo em que reduz a capacidade de trabalho das equipes do governo”.
Questionado sobre a proposta do segmento cultural do Guará de transferir a Casa da Cultura da Administração Regional para a Secretaria de Cultura, Bartô afirmou que defende que esses e outros equipamentos continuem mais próximos das suas comunidades e apenas os bens históricos permanecem com a Secretaria, “porque eu e a administradora Luciane somos apenas passageiros e amanhã podemos não estar mais nos cargos. Não podemos ficar promovendo mudanças que alterem a continuidade do funcionamento e gestão desses equipamentos públicos. Melhor deixar como está”, completou.