Público não retornou ao circo

Mesmo com capacidade reduzida, apenas 10% está sendo ocupada. Pouca divulgação e medo de aglomeração podem ser as causas

Após ficar um ano e quatro meses sem atividades por causa da pandemia, os integrantes do Circo Vitória, instalado no quadradão entre as QEs 15 e 26 e QI 23 do Guará II, tinham a esperança de retomar pelo menos a metade da média de público anterior. Mas o público que voltou aos espetáculos está muito longe disso. A média caiu de 200 a 300 pessoas até início do ano passado por espetáculo para apenas 15 a 20, ou menos de 10%, nos finais de semana e apenas 10 durante a semana.
A expectativa era de pelo menos a metade no retorno às atividades, até porque a capacidade do circo foi reduzida de 300 para 100 lugares para atender aos protocolos determinados pela Secretaria de Saúde. A esperança deu lugar à preocupação. Como ficou sem arrecadar durante quase um ano e meio, a família que controla o circo gastou todas as suas economias para se manter no Guará durante esse período e agora não sabe como continuar sobrevivendo se o público não retornar. “A última possibilidade será ir embora, porque gostaríamos de permanecer mais um tempo aqui, para retribuirmos o carinho e a generosidade com que fomos tratados pelo guaraense durante a pandemia”, afirma a porta-voz da família, Michele Mocelin.
A falta de melhor divulgação, provocada pela pouca disponibilidade de recursos financeiros para investir em propaganda, o receio de aglomeração e o frio nesta época em Brasília são os fatores apontados pela família Mocelin para o pouco retorno do público. “Temos recebido muitas ligações de moradores perguntando se o circo retornou, o que prova que a maior parte da população ainda não sabe que os circos foram liberados para funcionamento. E essa crise é geral em todos os circos montados no Distrito Federal”, avalia Michele.
No período em que se viu obrigado a ficar parado, o grupo de artistas e de direção criou novas atrações, para atrair inclusive quem já tinha ido antes. A principal das novidades são os trapezistas voadores, que se juntam ao globo da morte, malabaristas, mágicos, bambolê, lira e tecido acrobático. Há também atrações para as crianças que acompanham os pais, como shows com os personagens Mickey, Minie e Pateta. Outra novidade é a única mulher do país como forte aparadora, a que apara os malabaristas quando eles retornam ao solo. São 18 pessoas envolvidas diretamente e indiretamente nos espetáculos, e a exceção do grupo que acompanha o circo são as cinco crianças abaixo de 14 anos.

Solidariedade na sobrevivência

Acostumado a aportar aonde é bem recebido pelo público e escolher para onde ir, o Circo Vitória se viu diante de uma realidade única e dura nos seus 28 anos de existência, ao ser pego de surpresa pela pandemia do coronavírus quando se apresentava no Guará desde o final de 2019 e se ver obrigado a não deixar a cidade e, pior, suspender seus espetáculos.
Essa parada forçada, poderia provocar desespero nas 20 pessoas (agora são 23) que dependem da arrecadação dos espetáculos do Circo Vitória para continuar sobrevivendo. Mas não provocou. Embora preocupados com o futuro, as 16 pessoas da família Mocelim – menos uma idosa de 80 anos foi para a casa de uma das filhas por segurança – e quatro ajudantes resolveram enfrentar a realidade sem lamentações e aproveitar a proximidade com o guaraense para fazer e reforçar amizades – é a terceira vez que o circo aporta no Guará. É dessa relação que os membros do circo receberam exemplos de solidariedade através de doações. A situação mobilizou campanhas nas redes sociais da cidade para arrecadar gêneros alimentícios que pudessem reforçar e melhorar a alimentação dos integrantes do circo. “Foi lindo o carinho que recebemos da comunidade. Os moradores não nos deixaram passar necessidades. Agora, queremos retribuir esse carinho através dos nossos espetáculos”, diz Loiri Mocelin, a primeira dama do Circo Vitória.

 

Circo Vitória

Quintas e sextas, às 20h30
Sábados e domingos às 16h, 18h30 e 20h30

Os ingressos têm preço único (sem meia entrada), de R$ 20 adulto e R$ 10 criança.
Venda somente na bilheteria, mas pode ser antecipada