Para boa parte dos torcedores que acompanharam o time do Clube de Regatas Guará desde a década de 70, incluindo este jornalista, ele foi o maior jogador da história do Clube de Regatas Guará, embora não tenha conquistado nenhum título local e nem tenha conseguido projeção nacional, pelo menos no Brasil. Jânio Pinto foi também um dos principais jogadores produzidos pelo futebol brasiliense. Canhoto, extremamente técnico, inteligente, era um exímio lançador e cobrador de faltas, além de artilheiro nato. Fez parte do lendário meio de campo do lobo da colina – Barão, Niltinho e Jânio -, que a torcida da velha guarda não esquece. Se não fez sucesso fora dos horizontes do planalto central, ele é um dos principais destaques da história do futebol equatoriano.
Mas, por onde anda Jânio Pinto?
Depois de “ralar” do semiamador futebol brasiliense das décadas de 80/90, Jânio teve a oportunidade de jogar e se destacar no futebol do Equador, onde foi artilheiro e eleito o melhor jogador do campeonato nacional. Lá, jogou nos principais times do país, sempre com destaque. Depois que parou de jogar, foi ser treinador lá mesmo no vizinho tropical, onde é conhecido como o “rei dos acessos”, por ter conseguido subir quatro times das séries inferiores para a elite local. Atualmente, Jânio está envolvido num projeto para elevar o clube empresa Libertad, da cidade de Lojas, a 800 quilômetros da capital Quito. É um projeto tocado por ricos empresários, semelhante ao que acontece no Red Bull Bragantino. Faltando quatro rodadas para terminar a divisão de acesso, o time dele é o líder isolado do campeonato e está praticamente classificado para a elite do próximo ano do futebol equatoriano. Como técnico, elevou o Independente Del Vale, que está sempre participando da Copa Libertadores e da Sul Americana, da série A para Série B e participou ativamente como conselheiro da construção do complexo desportivo do clube.
Destaque no Guará
Nascido em Volta Redonda (RJ), Jânio veio para Brasília com um ano de idade, acompanhando o pai comerciante em busca do eldorado da capital em 1960. Depois de morar na Vila Planalto, a família mudou-se para a 414 Sul, onde se destacava nos campos de terra batida que existiam nas proximidades. Aos 16 anos, foi convidado pelo técnico do Brasília Futebol Clube, Ercy Rosas, para participar de uma “peneira” que o clube iria promover no campo do SLU, nas proximidades do reservatório da Caesb, no Lago Sul. Foi aprovado de cara.
Como juvenil do Brasília, foi participar de uma preliminar de um jogo do Clube de Regatas Guará em 1975 no estádio do Cabe, quando fez três gols e entusiasmou o técnico guaraense Bugue, que encarregou seu auxiliar-técnico Mozair Barbosa a contratar aquele garoto habilidoso. Como não tinha assinado contrato com o Brasília, ele optou pela oportunidade que o Guará lhe oferecia.
A estreia aconteceu logo na Copa do Brasil, contra o Bahia, aos 17 anos. E foi bem. Com o Guará, no período de março a abril de 1979, Jânio sagrou-se campeão do Torneio Seletivo, que escolheria o clube que ocuparia uma vaga no Campeonato Brasileiro reservada para o Distrito Federal – as outras eram do Brasília e do Gama.
Foi vice-campeão brasiliense de 1981, com o Guará perdendo a final para o Taguatinga, em 15 de novembro de 1981, por 1 x 0. Em 1982, o Taguatinga pagou três milhões de cruzeiros pelo seu passe, a maior transação do futebol brasiliense até então.
Ficou três anos no Taguatinga. Logo depois, teve uma rápida passagem pelo São Bento, de Sorocaba, onde disputou apenas cinco jogos pelo Campeonato Paulista de 1984. Em 1985 disputou o Campeonato Paulista pelo Noroeste, passou pelo Londrina, do Paraná, e retornou ao Gama. No ano seguinte, 1986, defendeu o Tiradentes. Ainda em 1986, transferiu-se para o Equador, contratado pelo América, de Quito, depois foi para a Liga Deportiva Universitária (LDU), onde foi artilheiro do campeonato nacional de 1988, com 18 gols e eleito o craque do campeonato. No ano seguinte, foi para o poderoso Barcelona, de Guayaquil, sagrando-se campeão equatoriano e artilheiro da equipe, com 14 gols.O último time em que jogou no Equador foi o Delfín.
Em 1990 Jânio se transferiu para o futebol da Bélgica e, no ano seguinte foi acometido de uma pubalgia, lesão essa pouco conhecida na época. Depois de curado, em 1992 retornou para jogar no Guará, onde disputou os campeonatos brasilienses 1992 e 1993. Sua carreira de treinador começou em 1996 no Comercial, de Planaltina, no campeonato brasiliense de 1996 depois o Brazlândia e de lá para a Desportiva Bandeirante. Em 1999 dirigiu os juniores e depois o time principal do Clube de Regatas Guará. Em 2000, resolveu voltar ao futebol equatoriano.
Sucesso no Equador
Desde então, treina times no Equador. Logo que chegou, comandou as equipes do Panamá, Juvenil de Quinindé e Milagro Sporting. Porém, seu maior feito ocorreu quando resolveu aceitar o convite para assumir o modesto Deportivo Azogues, criado em maio de 2005. A cidade de Azogues (a 405 km de Quito) queria ter um time de futebol profissional. Jânio foi chamado. Não havia nenhum jogador contratado. Jânio levou 14 atletas de Guayaquil e fez teste com vários outros para montar o plantel. O trabalho deu tão certo que Jânio conseguiu levar o clube à elite nacional em apenas 12 meses. Ganhou a terceira divisão no segundo semestre de 2005 e a segunda divisão na metade de 2006. Com a campanha histórica, virou um herói na cidade, mas foi demitido um ano depois quando o time atravessava fase ruim. Passou por outros times equatorianos até se destacar em 2009 ao levar o Independiente José Terán à primeira divisão. Passou depois por Independiente Del Valle, Sociedad Deportiva Aucas, da Segunda Divisão, e voltou a treinar o Macará, o Imbabura Sporting Club.
Depois de ficar um ano parado por causa da Pandemia, Jânio está prestes a conquistar mais um título na carreira de técnico para depois, quem sabe, retornar ao Brasil se tiver convite. ou voltar a trabalhar no futebol dos Estados Unidos, onde tem parentes