GERALDO MAGELA – “Vamos lutar para termos uma frente forte da esquerda no DF”

Com a volta de Lula ao cenário político como provável candidato à Presidência da República em 2022, o PT se prepara para oferecer a ele um bom palanque político no Distrito Federal, em condições de concorrer com chances ao governo local. Uma das alternativas é abrir o partido para uma composição de uma frente de esquerda mesmo que não seja o cabeça de chapa, e a outra, mais provável, é ter seu próprio candidato ao principal posto. Se optar pela candidatura própria, o principal nome do PT é o do ex-deputado distrital e ex-deputado federal Geraldo Magela, que já foi inclusive candidato a governador do DF em 2002, quando perdeu para Joaquim Roriz por 15 mil votos, ou, apenas 1% dos votos válidos, no segundo turno.
Além da ausência de outro pretenso candidato dentro do partido por enquanto, outro ponto a favor de Magela é a amizade dele com o ex-presidente, de quem tem recebido incentivo para concorrer ao governo local. Embora seja o nome mais avaliado como o mais potencial concorrente da esquerda, Magela evita se apresentar como o candidato oficial do partido antes das prévias internas e das negociações para a formação de uma frente de oposição ao governador Ibaneis Rocha. Mas, claramente ele se movimenta para liderar essa frente.
Mineiro de Patos de Minas, servidor aposentado do Banco do Brasil, Geraldo Magela diz que tem a convicção de que a militância do PT no Distrito Federal quer ter uma candidatura própria para ajudar na candidatura de Lula. “Ainda estamos dialogando internamente e com os outros partidos para tentar formar uma aliança, que pode acontecer tanto no primeiro quanto no segundo turno. Eu me coloquei à disposição do PT. A decisão será no final de outubro”, informa. A favor da decisão, o fato do partido ter tido candidatura ao governo em todas as eleições no DF. “É natural que tendo uma militância aguerrida, apaixonada, disposta a lutar, como é a militância do PT, que essa militância queira ter uma candidatura própria. Se a decisão fosse hoje, eu diria que aprovaríamos a candidatura própria”, completa.
Nem a possibilidade de se conseguir formar uma ampla frente de esquerda no primeiro turno no DF, por causa da resistência de alguns partidos, preocupa Magela, que aposta na união de todos num segundo turno. “Eu tenho certeza de que o PT hoje é o melhor aliado para qualquer partido, seja para receber apoio ou para dar apoio. O PT terá uma candidatura presidencial muito forte e uma militância que nenhum outro partido tem no DF. Então, ser aliado ao PT é muito bom. Agora, eu reconheço que nós precisamos fazer um enfrentamento contra esta rejeição que existe aqui ao PT. E, na minha avaliação, a melhor forma de fazer isso é ter uma candidatura própria”.
Magela, entretanto, garante que o PT continua tentando convencer os partidos da esquerda a se integrarem numa grande frente. “Estamos dialogando com todos os partidos. Eu mesmo já estive com várias lideranças de partidos. Estamos tentando formar uma frente para a eleição presidencial com o PSB, PSol e com o PC do B, e tem a possibilidade de ter o PROS e o PSD. Sabemos que o PDT tem uma candidatura a Presidente e que, neste momento, a Rede está próxima desta candidatura do Ciro Gomes. Aqui no DF nós estamos abrindo diálogo. Temos que deixar pontes construídas para estarmos juntos ou no primeiro ou no segundo turno, porque é natural que a esquerda e a centro esquerda estejam juntas no processo político”.


Bandeiras

Caso seja o candidato do PT ou de uma frente de esquerda, Magela já definiu como suas bandeiras de campanha ao governo do Distrito Federal a melhoria da saúde pública, a valorização do servidor, o fortalecimento das empresas públicas, com mais incentivos à iniciativa privada para a geração de emprego e renda, e um cronograma de obras discutido com a comunidade. “É preciso elaborar um projeto de desenvolvimento econômico sustentável para o DF, que dê a oportunidade para as pessoas terem emprego, salário e segurança. Hoje, infelizmente, estamos vendo um desastre na saúde pública, um desastre na gestão da educação, um desastre na gestão da segurança pública. Então é preciso desenvolver um programa de governo que mostre para a população que é possível fazer muito melhor do que está sendo feito. E o PT já fez isso. Na Saúde nós já fizemos muito melhor do que está sendo feito”, garante, ao citar os programas Saúde em Casa, Saúde da Família, Carretas da Saúde, criados e desenvolvidos no governo petista de Cristovam Buarque, mas interrompidos nos governos seguintes.
Com o cuidado de evitar fazer promessas que não possam ser cumpridas caso consiga chegar ao governo, como aconteceu na gestão petista petista de Agnelo Queiros, Magela cita a necessidade de valorizar o servidor que, segundo ele, está desmotivado. “O servidor público tem que ser tratado como um bem essencial para a população. Ele é um servidor da população. Por isso precisa ser valorizado, ter carreiras profissionalizadas, bons salários e ser respeitados. Tendo um Presidente da República como Lula e um governador do PT aqui, vai facilitar muito. Eu tenho essa esperança. E aí nós vamos voltar a ter uma política para o servidor público para que este servidor volte a prestar um excelente serviço para a população”.
Em relação às obras e investimentos, Magela diz que pretende discutir as bandeiras com as lideranças políticas, comunitárias e empresariais de todo o DF. “São esses segmentos que sabem melhor o que precisa ser feito e onde fazer. Claro que o governo precisa também identificar onde deve investir, mas, principalmente, que seja onde houver prioridade. O PT, quando tiver um candidato ao governo, vai assumir o compromisso de dar sequência a todas as obras que foram iniciadas, de fazer obras que sejam necessárias para a população e vai fazer isso com muita seriedade, com muita honestidade, como fizemos no programa habitacional que eu coordenei. Mas nós precisamos ter um governo que cuide das pessoas, que garanta saúde, segurança e educação de boa qualidade”.