Policiais da 4ª Delegacia de Polícia do Guará prenderam na manhã desta terça-feira, 16 de novembro, três dos acusados de agredir Daniel Júnio Rodrigues Freitas, 24 anos, até à morte na madrugada de 10 de outubro no Polo de Moda. Foram cumpridos três mandados de prisão contra L.A.A. (44 anos), K.S.S. (19 anos) e G.S.A (20 anos) pela prática de homicídio qualificado por motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima. Na residência dos acusados foram encontradas e apreendidas peças de roupas usadas no dia do crime. Outros quatro foram identificados pela polícia e são considerados foragidos.
De acordo com o delegado titular da 4ª DP, Anderson Espíndola, a identificação dos três primeiros acusados tinha sido confirmada uma semana depois do crime, mas a prisão deles dependia de ordem de prisão expedida pela Justiça, o que aconteceu somente nesta terça-feira, 16 de novembro. “Estamos aguardando agora a ordem de prisão dos outros quatro identificados para prendê-los também”, afirma o delegado, que já estão sendo monitorados para evitar que tentem fugir.
Os sete estão sendo acusados de homicídio qualificado, incursos no Artigo 121, parágrafo 2º, II e IV do Código Penal e podem pegar de 12 a 30 anos de prisão.
Como foi o crime
Uma briga no Polo de Moda na madrugada dos dia 10 de outubro, domingo, em circunstâncias semelhantes à da Feira do Guará, terminou com a morte de um rapaz, que, após ser agredido, caiu, bateu a cabeça no asfalto, continuou sendo agredido por cinco rapazes, e morreu com traumatismo craniano.
A discussão entre Daniel Rodrigues dos Santos, 24 anos, e um grupo de sete rapazes teria começado dentro de um bar nas proximidades da sorveteria Nosso Sabor por causa de um esbarrão. Depois que foi expulso do bar pelo dono do estabelecimento, o grupo ficou do lado de fora aguardando a saída de Daniel. Ao perceber que estava em desvantagem, ele tentou correr, tropeçou e bateu a cabeça no asfalto. Inerte, passou a ser chutado pelo grupo.
Depois de sofrer as agressões, Daniel Junior Rodrigues Freitas, 24 anos, chegou a ser socorrido e reanimado por paramédicos do Corpo de Bombeiros, mas morreu ao dar entrada no Hospital de Base. Um vídeo mostrando as agressões viralizou nas redes sociais e foi notícia em veículos nacionais de imprensa. Pelo vídeo, gravado por um morador, vê-se que as agressões somente foram interrompidas depois do som de tiros, o que provocou a dispersão dos agressores.
De acordo com investigações da 4ª Delegacia de Polícia do Guará, a agressão aconteceu depois de uma briga entre dois grupos, mas sem motivos anteriores. “Dois rapazes se esbarraram dentro do bar, começou a discussão e um dos grupos foi retirado, mas aguardou o outro do lado de fora. Os grupos não se conheciam e nem tinham rivalidade”, esclarece o delegado Anderson Espíndola, titular da 4ª DP.
Policial tentou evitar
Ao perceber as agressões, o policial militar aposentado Sidney Sebastião da Silva, 53 anos, que lanchava na praça da Moda com o filho, disparou algumas vezes para o alto para dispersar os agressores.
“No começo, achei que estavam curtindo. É comum ver jovens brigando aqui no Polo de Moda. Depois que percebi que o grupo estava espancando um rapaz, eu me levantei e agi”, conta o policial, que disparou os tiros para o alto. Antes de atirar, Sidney afirma que tentou apartar a briga, mas não conseguiu. “Algumas garotas aplaudiam os agressores e gritavam ‘Bate! Bate! Espanca!’ Quando o rapaz caiu, os outros o viraram para continuar batendo”, conta o policial. Segundo ele, algumas pessoas que estavam no bar e nos quiosques nas proximidades não esboçaram reação e nem tentaram ajudá-lo a apartar a briga, e só foram para o local do espancamento depois que a vítima estava inerte no chão.
A falta de reação de quem presenciou a briga deve ter acontecido porque o fato é recorrente no Polo de Moda. Dos cinco homicídios no Guará de janeiro até aqui, três foram na quadra – outro aconteceu na QE 7 e um feminicídio foi no setor Lúcio Costa. Nesse período aconteceram duas tentativas de homicídio no Polo, o último em julho, quando o dono de uma distribuidora na quadra recebeu vários tiros, mas sobreviveu.
Daniel, que comemorava o aniversário no bar com amigos, tinha um histórico de roubos e agressões, a maioria praticada no Polo de Moda, e estava com um mandado de prisão em aberto.
Mesmo já identificados pela polícia, os sete agressores continuam em liberdade porque a Justiça ainda não tinha liberado o pedido de prisão deles até esta quinta-feira, 11 de novembro. Eles vão responder pelos crimes de homicídio e de roubo, porque levaram o aparelho celular da vítima.