A maior parte da população do DF continua pensando que a CEB e a energia elétrica no DF foram completamente privatizadas. O que realmente aconteceu e está acontecendo?
Agradeço a oportunidade de esclarecer a quem ainda não sabe ou ainda não entendeu. Antes, a CEB distribuía a energia residencial, por meio da CEB Distribuição, e cuidava da iluminação pública, por meio da própria Holding, juntamente com a Secretaria de Obras. O que ela privatizou foi a distribuição domiciliar e criou uma nova empresa, a CEB Ipes, para cuidar somente da iluminação pública. Por exemplo, se a iluminação da rua, a lâmpada do poste apaga, é com a Ceb Ipes, aí tem que ligar para o número 155 ou acessar o aplicativo dela (IluminaDF). Se a energia da sua residência cai, é com a Neoenergia, basta ligar para o número 116, ou acionar o WhatsApp de atendimento, por meio do número 61. 3465-9318, ou acessar neoenergiabrasília.com. As duas empresas tem um ótimo relacionamento, até porque trabalham com o mesmo produto, se interagem bastante, mas são empresas e operações separadas.
O que aconteceu com o apagão da semana passada, especialmente no Guará?
Houve uma necessidade de manutenção na rede local por conta de um contratempo provocado por um equipamento antigo e obsoleto, que precisou ser trocado. É o caso da troca de um chuveiro, quando precisam ser desligados os disjuntores.
Quando assumimos a distribuição, fizemos várias vistorias em toda a rede que abastece o DF, para avaliar o que precisava ser feito para melhorar o serviço. Nesse período, fizemos troca de equipamentos por outros mais modernos e acrescentamos outros que não existiam. Trocamos cerca de 90 quilômetros de cabos antigos ou danificados, sendo que 10% foi na Estação Guará, ao lado da EPTG e da linha férrea. A Estação Guará recebeu dois novos disjuntores, que religam automaticamente sem precisar da interferência humana, como acontecia antes. A rede do Distrito Federal tinha uma tecnologia ultrapassada de distribuição de energia e a própria CEB reconhecia isso, aliás, foi esse o principal motivo da privatização do serviço.
Além disso, fizemos mais de 300 podas de árvores que interferiam na rede elétrica e 208 ações de manutenção no Guará este ano, um volume proporcionalmente maior do que em todas as outras regiões administrativas do DF. Era a rede que mais carecia de revitalização e manutenção.
Essas interrupções, então, estavam todas programadas?
Todas são programadas e informadas com antecedência, com exceção dos casos pontuais, como acidentes na rede. Todos os serviços de manutenção exigem desligamento da rede, até que sejam resolvidos. Mas, às vezes a população não presta atenção nos avisos, não se informa através da imprensa, e fica com a sensação de que as quedas de energia aumentaram, o que em parte é verdade, mas por outros motivos e não por precariedade dos serviços.
Para se ter uma ideia, no ano passado, 88% dos consumidores tiveram a energia restabelecida em até 3 horas, contra 92% este ano. E assim esse tempo vai sendo reduzido gradativamente.
Bom, pelo que o sr. tá informando, a população do Guará pode ficar tranquila em relação aos apagões, que vão reduzir bastante…
Não totalmente, porque ainda temos muito o que fazer, como já expliquei. Mas vai melhorar bastante, garanto.
Se a distribuição estivesse com a CEB, estaria pior?
Não dá para responder exatamente, porque a distribuição ou os percalços da distribuição dependem de vários fatores. Mas, pelos equipamentos que existiam antes da Neoenergia assumir, as probabilidades seriam bem maiores. A Subestação Guará por exemplo já foi quase toda reformada. Desde março, quando assumimos, já gastamos R$ 130 milhões com a modernização dos equipamentos, contratamos mais 230 pessoas e outros 340 terceirizados só para cuidar da manutenção. Criamos inclusive uma escola de formação de eletricistas, inclusive mulheres, que vai formar 50 agora em dezembro e mais 50 até março. Vamos contratar mais 100 eletricistas também até março. Infelizmente, pela complexidade do sistema, não são ações de curto prazo. Vão aparecer com o tempo. Os resultados vão começar a aparecer em 2022.
A população tem reclamado de dificuldade no atendimento às reclamações, no acesso aos canais da Neoenergia…
Não procede. Em março, quando assumimos, existiam 90 canais de atendimento, e agora temos mais de 300, sendo 150 suficientes para o atendimento normal e outros 150 para os momentos de emergência. Não existem mais linhas ocupadas, mas na espera, porque no momento da ligação pode haver uma grande quantidade de ligações simultâneas. Temos hoje 1,3 milhão de clientes no DF e todas as ligações são atendidas. Além disso, criamos um site moderno, de fácil acesso e o contato de WhatsApp. Nem sempre todas as pessoas que ligam precisam de atendimento de emergência, por isso facilitamos o atendimento automático, sem precisar necessariamente recorrer ao atendimento humano. No Guará, com essa modernização da estação, os moradores ficaram 30% menos sem energia em 2021, de acordo com acompanhamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Tá bom? Ainda não. Vai ficar? Muito! É só aguardar.
Os moradores tem reclamado muito de queda de fases de energia, para quem tem, por exemplo, trifásico…
Neste caso, não temos como detectar automaticamente. Aí o morador tem que nos ligar, para que providenciemos os reparos. Mas essa queda parcial também vai ser reduzida com o tempo.
Quem teve eletrodomésticos queimados por queda de energia, o que deve fazer?
Deve pedir o ressarcimento do que ele se sentir lesado. Não é qualquer caso que é ressarcido. Mas, nós vamos avaliar caso a caso em função dos acontecimentos. Se for falha nossa, vamos ressarcir. O consumidor pode acionar a Neoenergia Brasília por meio do teleatendimento 116 ou presencialmente com hora marcada em um dos postos do Na Hora.
Há risco de desabastecimento de energia em Brasília?
Entendemos que não há. O controle é do Ministério das Minas e Energia e da Operadora Nacional do Sistema (ONS), mas não há risco aqui. A Neonergia tem energia comprada antecipadamente e todos os dias monitora o volume de energia que chega ao DF e onde está sendo produzido na fonte.
Como a Neoenergia está combatendo a pirataria, as ligações clandestinas?
Lembrando que não existe almoço gratuito, se alguém está desviando energia, outros estão pagando pelo que é desviado. Criamos um programa chamado Energia Legal que já conseguiu regularizar 22 mil ligações clandestinas no DF somente em 2021. Mas ainda existem cerca de 40 mil irregulares, e quando não tivermos mais, o custo do sistema será menor para todos e vai refletir de alguma forma na conta de cada um. Antes, como o serviço era de uma empresa estatal, havia sempre interferências políticas ou falta de vontade política de combater a pirataria. Hoje, não acontece mais. A nossa obrigação é fornecer a energia e quem recebe tem a obrigação de pagar, ou deixa de receber. E quando ele paga ou regulariza, passa a ter direito de nos cobrar qualidade no serviço.
Existe forma de localizar remotamente essas ligações clandestinas?
Aqui, ainda não. Mas a Neoenergia tem em outras subsidiárias e vai trazer essa tecnologia para Brasília também.
O que tem provocado tantos aumentos na energia ultimamente?
Os aumentos das tarifas podem ser provocados por alguns fatores externos à distribuidora, como aumento dos custos de produção, crises hídricas, como está acontecendo agora, e por aumento de investimentos. Vale ressaltar que quase nada desses aumentos é repassado para as distribuidoras de energia, vão direto para o governo federal, que usa esses recursos para pagar termoelétricas e outros investimentos para evitar o desabastecimento.
Por curiosidade, pegue sua conta de energia e veja que apenas 13% fica com a distribuidora, para fazer investimentos, pagar seus funcionários e impostos.