Movimento cultural aumenta barulho contra a PPP do Cave

Dois abaixo-assinados, um físico e outro eletrônico, alcançaram mais de 2.700 assinaturas contra a privatização do espaço

Dois abaixo-assinados, entrevistas para emissoras de rádio e TV, artigos em jornais, pedido de ajuda ao Ministério Público – com diversas ações, artistas, produtores e lideranças comunitárias do Guará intensificam a luta contra privatização do Complexo de Esporte e Lazer do Cave, que o governo pretende repassar à iniciativa privada nos próximos dias. Na sexta-feira, 14 de janeiro, o barulho aumentou com o recolhimento de 289 assinaturas no “Livro de Outro contra a PPP do Cave”, no protesto divulgado com faixas, discursos e música. O protesto está sendo reforçado em outro abaixo-assinado na Internet, que já havia alcançado 2.430 assinaturas até esta terça-feira, 18 de janeiro.
O movimento corre contra o tempo para tentar evitar a PPP, porque a Secretaria de Esporte e Lazer (SEL) foi autorizada pelo Tribunal de Contas do DF a preparar o edital de licitação para a escolha do concessionário do espaço. O órgão fez apenas algumas recomendações de ajustes no projeto, mas que não atrapalhariam mais o andamento do processo e a conclusão do edital. A SEL, por seu lado, informa que foi formada uma comissão interna para elaborar o edital, previsto para ser lançado até a primeira quinzena de fevereiro, e que não recebeu qualquer orientação da cúpula do GDF para interromper o processo.

Com o “Livro de Ouro Contra a Privatização”, Rênio Quintas espera sensibilizar o governo a desistir da privatização do Cave
Tentativa de sensibilizar o governo

Além dos abaixo-assinados no livro de Ouro e no site Change.org que tem o objetivo de sensibilizar o governo a desistir da ideia, o movimento cultural recorreu ao Ministério Público do DF e Territórios “contra o formato e a falta de transparência dessa PPP, e no Tribunal de Contas do DF com uma queixa na Ouvidoria pelo fato do Conselheiro Manoel Andrade ter exarado um voto favorável à continuidade da licitação, mesmo ainda com algumas correções no projeto às quais solicitaram acesso”, explica o líder do movimento, o músico Rênio Quintas, presidente do Conselho de Cultura do Guará.
“Estamos propondo uma ampla mobilização da comunidade do Guará contra essa violência que o GDF comete contra nossa cidade e nossa população. Reivindicamos que os equipamentos culturais, recreativos e esportivos, todos públicos, do Cave permaneçam na alçada pública e fiquem à disposição da população do Guará de forma gratuita e permanente e que o Distrito Federal faça sua manutenção periódica e rotineira para o bom funcionamento dos mesmos”, completa Rênio.

Para Hamilton Zen, membro do Conselho de Cultura do Guará, o governo está provocando intencional a deterioração dos equipamentos do Cave para justificar a PPP

Para o movimento, o GDF, através da Administração do Guará, tem deixado de investir nas estruturas existentes para provocar o desgaste dos equipamentos, a ponto de não ter mais recuperá-los. “Daí se depreende o abandono completo dos equipamentos culturais esportivos e de lazer do Cave para atender aos interesses do capital”, reclama o artista plástico Hamilton Zen, membro do Conselho de Cultura do Guará.
Para Rênio, não se justifica a falta de investimento na recuperação do Cave por parte do governo. “De acordo com o Orçamento do DF para 2022, anunciado na semana passada, estão previstos obras e investimentos de R$ 2,04 bilhões e previstos mais R$ 1.5 bilhão de sobra de caixa. Vai ter dinheiro de sobra este ano”, afirma. O músico lembra que o próprio governo anunciou R$ 15 milhões para investimento no Taguaparque, R$ 22 milhões na recuperação da piscina de ondas do Parque da Cidade e R$ 300 milhões para a recuperação do Teatro Nacional. “Bastariam apenas R$ 23 milhões para recuperar todo o Cave, segundo está estabelecido no projeto da concessão”, completa.