Asfalto antigo e mal executado, escoamento ruim nas ruas, impermeabilização do solo por invasões e demora na manutenção: estes são os principais fatores para a proliferação dos buracos nas ruas do Guará. As falhas no asfalto podem causar acidentes de trânsitos que colocam motoristas, pedestres e ciclistas em risco, além de causar muito prejuízo.
Passar por buracos danifica os pneus ou os componentes da suspensão dos veículos. E além dos buracos, existem desníveis em cruzamentos e consertos malfeitos no asfalto que fazem o veículo trepidar. Nos dias de chuva a situação é ainda pior: o alagamento de alguns trechos esconde as deficiências das vias.
Danos aos veículos
Os problemas mais comuns ocorrem nos pneus, suspensão e amortecedores. Mas, a roda também pode ser danificada. “Ao passar por um buraco, a roda desce e realiza o contorno da superfície para depois voltar a subir. O problema acontece quando o pneu retrai. Isso porque, por se tratar de um veículo em movimento e tudo acontecer em questão de centésimos de segundo, a aceleração do sistema tem uma alta intensidade. Portanto, quanto maior a aceleração, maior a força que atua nos componentes, causando danos consideráveis aos carros”, explica o mecânico guaraense Júnior Rios.
Operações tapa-buracos
Para a administradora Regional do Guará, Luciane Quintana, áreas inteiras da cidade precisam ser completamente recapeadas, como foi feito nas QEs 13 e 15 recentemente. Porém, a complexidade e o custo de obras desse nível impedem que sejam feitas em toda a cidade. Por enquanto, resta à Administração correr para tapar os buracos à medida que eles aparecem.
Para tapar os buracos das ruas, a Administração Regional conta com apenas uma equipe, composta por três trabalhadores que cumprem pena (os funapeiros), servidores da própria Administração, com um caminhão, uma carretinha e um rolo compactador. O asfalto é produzido pela Novacap e entregue às administrações regionais sob demanda. Diariamente, a Administração do Guará solicita apenas 3 toneladas de massa asfáltica, a capacidade de seu caminhão. Como esse material deve ser usado ainda quente em até três horas após a produção, não pode ser estocado. Essa quantidade pode tapar no máximo 10 buracos nas vias, dependendo do tamanho, profundidade e das condições climáticas.
Obviamente, se outra equipe estivesse disponível o dobro de buracos poderia ser tapado por dia. Segundo a Novacap, não há falta de massa asfáltica para as operações tapa-buracos. “Toda o material solicitado é entregue às administrações regionais e o serviço precisa ser devidamente comprovado e os locais vistoriados, para que não haja desperdício”, responde, em nota, a assessoria de imprensa da Novacap.
A Administração do Guará tem os caminhões e os trabalhadores. Atualmente são 27 detentos que prestam serviços ao órgão em troca da redução da pena e um auxílio financeiro para suas famílias. Com o aumento do orçamento, este número pode chegar a 30 em 2022. A única coisa que falta para se montar uma nova equipe de tapa-buracos é um rolinho compactador. Comprar ou alugar um equipamento simples poderia dobrar a velocidade com que os buracos das vias do guará são consertados.
“Estamos aguardando a abertura de licitação e a elaboração de ata de preços para a compra de um rolo compactador”, explica o gerente de Obras da Administração do Guará, Sinésio Veras. Enquanto o processo de aquisição não sai, a Administração continua com apenas uma equipe.
Participação da população
Como a maioria dos buracos aparece repentinamente, a Administração do Guará precisa contar com a ajuda da população para fazer seu planejamento. É justamente através das denúncias na Ouvidoria do órgão que as prioridades são definidas. As reclamações pela Ouvidoria são a única maneira de avisar e cobrar o governo para fazer a manutenção de locais específicos. Ainda assim, em 2021, apenas 59% das reclamações de buracos nas ruas foram resolvidas, e em 2022 o número é ainda menor: 21%, segundo a própria Ouvidoria do GDF.