MANÉ DA CODORNA – Quando o dono se funde com o negócio

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Quem curte um boteco bem movimentado, bem frequentado e com uma boa comida e ainda tem o privilégio de bater um papo agradável com o dono, certamente conhece o Mané, o Rei da Codorna, o mais conhecido e um dos mais antigos donos de bar do Guará. Dificilmente um morador da cidade não conhece ou não tenha ouvido falar no Mané, não apenas pelo serviço oferecido pelo seu bar, mas também pela figura dele, sempre disposto a conversar com seus clientes, nem que seja para perguntar se estão satisfeitos com o atendimento.
Mas a vida nem sempre foi fácil para esse tocantinense de Ponte Alta do Bom Jesus. Até aos 17 anos ajudava o pai na labuta da roça, um serviço pesado e de poucas perspectivas para o jovem inquieto que pensava num futuro melhor. Manoel dos Santos Freire, 68 anos, veio para Brasília morar com a irmã e o cunhado, mas a convivência não deu certo. Foi quando surgiu a oportunidade de trabalhar no antigo hotel Brasília Palace, hoje reformado pelo empresário Paulo Octávio depois de muitos anos interditado por causa de um incêndio que destruiu todo o seu interior. Foi morar num antigo alojamento de uma construtora na Vila Planalto, ao lado do trabalho.
No Brasília Palace, Mané era auxiliar de garçom. Mas ele queria mais. “Eu trabalhava das 6h às 15h, mas em vez de ir embora, fiz um trato com o maitre e ficava das 15h às 18h ajudando a servir na piscina e das 18h às 22h ficava na cozinha para aprender como eram preparados e servidos os pratos. De lá, ia para a boate até 4h da manhã, também para aprender. E sem ganhar nada a mais”, conta. Logo, por causa dessa disposição, Mané passou a ser o tapa-buraco da equipe, a ocupar o lugar de quem não poderia ir trabalhar, até que foi promovido a garçom. De lá, foi também ser garçom no Hotel Heron e maitre na concorrida Churrascaria Tordilho, na beira do Lago Paranoá.

Começo de negócio frustrante

Já se achando autossuficiente e com vontade de empreender, Mané resolveu arrendar um bar no Cruzeiro Center, mas a inexperiência em administração impediu o negócio de prosperar. Foi, então, gerenciar uma churrascaria em Goiânia, mas a separação da primeira mulher o fez retornar a Brasília. “Arrendei o conhecido bar Zero Hora no Brasília Rádio Center, que estava praticamente falido, com conta bancária fechada e 13 cheques sem fundos. Paguei tudo e reabilitei o bar, que depois vendi”, conta.
Com algum dinheiro no bolso e uma VW Brasília, Mané trocou o carro por um bar em Taguatinga, até encontrar uma oportunidade de adquirir um ponto de uma floricultura na QE 19 do Guará II, transformado no primeiro Bar do Mané, depois transferido para a QE 5 do Guará I. Em 1991, portanto há 30 anos, o Bar do Mané fixou-se na QE 17, de onde não mais saiu.
Nesse meio da história, Manoel dos Santos Freire resolveu investir num Hotel Fazenda em Tocantins, mas o negócio não prosperou por causa da distância – 500 quilômetros de Brasília -, e a consequente dificuldade dele estar presente na administração.
Mas a veia empreendedora continuava inquieta. No ano passado, Mané criou o Mercado das Bebidas, numa loja própria na QE 19, um misto de distribuidora de bebidas e de embalagens. “É um empreendimento muito menos trabalhoso do que o bar, porque exige menos mão de obra e tem horário definido para funcionar”, diz ele, garantindo, entretanto, que não vai deixar o Bar do Mané.