OBRA DA CICLOFAIXA DO GUARÁ II – Governo, enfim, resolve ouvir a comunidade

Secretarias de Governo e de Cidades determinam adaptações ao projeto diante da intensidade de reclamações de moradores e motoristas

Diante da passividade da Administração Regional em não ouvir e considerar o peso das críticas de moradores e motoristas às distorções do projeto de construção da ciclofaixa no centro do Guará II e intermediar soluções para os problemas surgidos, a cúpula do Governo do Distrito Federal resolveu agir. Assim que leu a reportagem do Jornal do Guará na edição passada, que mostrava o fechamento do estacionamento do comércio da QI 23, o secretário de Governo José Humberto Pires e o secretário de Cidades Valmir Lemos agendaram uma reunião com representantes da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação e da própria Administração Regional para a quarta-feira, 23 de fevereiro, para discutir a redução dos impactos da obra.
Após a reunião no gabinete da administradora regional Luciane Quintana, onde foram discutidas as possíveis soluções, o grupo foi conferir o problema na própria obra, em frente ao comércio da QI 23. Depois de ouvir os empresários da quadra, o secretário de Cidade, Valmir Lemos, resolveu encaminhar as propostas de adaptações à Seduh para que o Grupo de Trabalho que elaborou e aprovou o projeto da ciclofaixa há dez anos, volte a ser consultado.
“Vamos propor algumas adaptações para adequar o projeto à realidade atual da cidade, enquanto resolvemos o problema imediato, que é abrir um novo acesso ao estacionamento da quadra comercial”, explicou Valmir Lemos, que criticou o fato de não ter havido a divulgação necessária sobre a obra aos moradores e motoristas.
Além da falta de divulgação – não há qualquer placa com informações sobre a obra – a principal reclamação é contra a redução de até metade da pista de três faixas para uma faixa e meia em alguns locais, além do fechamento do acesso ao estacionamento. Em apenas quatro dias, a reportagem do Jornal do Guará obteve mais de 12 mil acessos na Internet e mais de 400 mensagens, quase todas de críticas às interferências na via.

 

O secretário de Cidades, Valmir Lemos, a engenheira responsável pela obra,
Cláudia Mansur, e a administradora do Guará, Luciane Quintana, visitando o local da obra após reunião no gabinete da Administração
Projeto de 2010

O projeto de construção de uma ciclofaixa na via central do Guará II foi elaborado em 2010, ainda no governo José Roberto Arruda, como compensação urbanista a ser paga pelas incorporadoras que construíram grandes edifícios residenciais na cidade, como forma também de amenizar as críticas que a população fazia na época ao crescimento desordenado que o Guará passou a sofrer de uma hora para outra.
No acordo, intermediado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, ficou acertado que as incorporadoras investiriam R$ 1,2 milhão (valor atualizado para R$ 5,3 milhões em 2021) em obras de melhoria de espaços públicos, em projetos a serem elaborados pelo governo. Entretanto, no início do Governo Ibaneis, em 2019, o MPDFT resolveu cobrar a execução do acordo, que até então não havia sido cumprido porque os projetos não haviam sido apresentados ainda. O problema é que o único projeto concluído, inclusive com todas as etapas cumpridas, era o da ciclofaixa e de uma praça no quadradão entre as QIs 23 e 25 e QEs 15 e 26, ao lado da 4ª Delegacia de Polícia.
Sem qualquer divulgação do que estava acontecendo, a obra da ciclofaixa iniciada em outubro do ano passado surpreendeu moradores e motoristas, que passaram a intensificar críticas ao projeto nas redes sociais. As críticas foram se intensificando à medida em que a via ia retirando espaço para os carros, com a redução de três para a uma faixa e meia em alguns locais.
A preocupação dos motoristas é que o problema iria se aprofundar quando todos os terrenos no centro do Guará II licitados pela Terracap ou pela União (QI 33) estiverem ocupados com os 30 mil novos habitantes previstos quando as projeções forem entregues.
O fechamento do acesso ao estacionamento da QI 23 foi o estopim da insatisfação popular, o que provocou a reação do governo para, enfim, ouvir a opinião da comunidade.