A deputada distrital Júlia Lucy, ex-moradora do Guará até o ano passado, se desfiliou oficialmente do Novo, depois do anúncio de que ela não teria legenda para tentar a reeleição pelo partido. Júlia foi inabilitada após ser julgada por uma comissão formada por representantes do Diretório Nacional e do Diretório Distrital do Novo, sob a alegação de que ela teria descumprido algumas normas do partido, como o uso de mais da metade dos cargos do seu gabinete, ausência de prestação de contas do mandato e de emendas parlamentares. Ela nega todas as acusações.
A deputada distrital, eleita em 2018 com 7.665 votos, dos quais 790 no Guará, divulgou uma carta de desfiliação do Novo, em que reclama da falta de diálogo com a direção do partido. Na carta, ela afirma que fez “a melhor campanha”, apesar de não ter contado com apoio do partido; que foi a única eleita pela sigla no Distrito Federal; e que “espalhou as ideias e os princípios liberais por todo o DF, em todos os projetos que tramitaram na Câmara Legislativa”. Júlia, entretanto, garante que vai buscar outra legenda para concorrer à reeleição, entre os quatro convites que recebeu para se filiar, de preferência com o que tiver viés ideológico parecido com os do Novo e que ela se identifique. “Permaneço fiel aos princípios que me levaram a estar nesta sigla, apesar de o próprio partido não ter permanecido fiel a eles”, explica na carta.
Falta de diálogo e compreensão
Além de criticar a “deslealdade”, “a falta de respeito” e “a falta de gratidão”, Júlia critica a “linha estratégica” do Novo, considerada por ele como “de difícil compreensão”. De acordo com a parlamentar, “não é surpresa que, há alguns anos, o partido vem perdendo sua base de filiados. Não apenas houve um distanciamento das propostas originais do partido, mas a forma com que o Novo conduz a política demonstra uma inabilidade clara e, sobretudo, uma falta de cuidado e desconsideração para com as pessoas”.
Em entrevista ao programa CB.Poder, do jornal Correio Braziliense, nesta segunda-feira, 7 de março, Júlia Lucy afirmou que a decisão do partido de negar legenda para sua candidatura teria provocado uma debandada de filiados da sigla no DF, incluindo a presidente do Diretório Regional, Luiza Rodrigues. “A despeito de todo o meu esforço, da minha transparência e fidelidade ao Novo, recebi com surpresa a informação da minha inabilitação para concorrer à reeleição pela legenda. Foi com grande pesar que li a nota emitida pelo Novo, construída com base em falácias. Em momento algum, os argumentos redigidos me foram questionados direta e previamente, pelo contrário. Agora, através da Justiça, trataremos essas acusações gravíssimas que me foram feitas”.