Por onde anda ALEXANDRE GONÇALVES – Ex-administrador regional do Guará

Oficializou o Parque do Guará, criou a Casa da Cultura e anexou o SIA ao Guará

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Os moradores mais jovens ou que moram no Guará há menos tempo pode não saber ou não se lembrar, mas quem vive a cidade há mais de 30 anos certamente se lembra do ex-administrador regional do Guará, Alexandre Gonçalves, que comandou a cidade entre abril de 1998 a março de 1989, durante o primeiro governo eleito de Joaquim Roriz.

Mesmo com pouco mais de um ano no cargo, Alexandre deixou algumas marcas importantes da sua passagem pela cidade, as principais delas a criação oficial do Parque do Guará – na época ainda não havia ainda a Secretaria de Meio Ambiente – , a primeira Casa da Cultura do DF, a criação da QE 40 e a ampliação da área territorial da Região Administrativa 10 com a inclusão do SIA e do Setor de Oficinas Sul.

A história de Alexandre com o Guará começou por acaso, quando ele tinha 40 anos – hoje está com 74 -, e era secretário-geral adjunto do antigo Ministério da Indústria e Comércio (MIC). Ao ser apresentado ao então governador eleito Joaquim Roriz no segundo mandato à frente do governo do DF – ele já havia sido governador nomeado no governo José Sarney – pelo amigo comum dos dois, o senador Meira Filho, Alexandre foi convidado a fazer parte do novo governo. “Com apenas 20 minutos de conversa na residência dele, no Park Way, Roriz me convidou para trabalhar em seu governo e me pediu que escolhesse uma administração regional. Respondi que seria uma honra, mas a escolha deveria partir dele. Então, me pediu que aguardasse até escolher uma e me chamaria”, conta Alexandre.

O anúncio da escolha, entretanto, foi de maneira inusitada. “Quando eu retornava de uma chácara nos arredores de Brasília, onde criava cavalo, uma emissora de rádio transmitia o discurso do governador, direto da Aruc (no Cruzeiro), anunciando a composição das administrações regionais. Para minha surpresa, quando chegou a vez do Guará, Roriz anunciou o meu nome. Até então, nem ele, nem qualquer assessor dele havia me confirmado a escolha”, completa. Mas havia uma outra questão a resolver: Alexandre havia sido convidado para assessorar o ministro da Justiça Oscar Correia, seu conterrâneo de Minas. “Quando contei ao ministro do convite de Roriz, ele me aconselhou a aceitar, porque, segundo ele, eu teria uma experiência nova na parte administrativa, diferente da burocracia do Ministério”, relembra.

 

Resistência das lideranças

Morador do Plano Piloto, Alexandre teve uma recepção nada cordial por parte das lideranças comunitárias locais da época, que não aceitavam a indicação de um “forasteiro” para administrar a cidade. “Mas essa resistência foi logo superada. Abri as portas do meu gabinete e passei a me reunir com todos os líderes, que naquela época tinham muito mais peso político que hoje. E passei a dividir com eles todas as minhas decisões. Aprendi isso com Roriz. Em pouco tempo, eram todos meus amigos e parceiros”, afirma, lembrando também da convivência social que fazia questão de manter com essas lideranças, em encontros no Bar Brechó, na QI 22, onde é hoje o Savassi, e nos eventos sociais e culturais que fervilhavam na cidade numa época sem internet.

Além dessa aproximação com as lideranças, Alexandre avalia que superou todas as desconfianças com muito trabalho. “Dedicava mais de 12 horas por dia ao Guará. Vivia intensamente a cidade, não apenas pela missão, mas também porque passei a amá-la e à sua gente”.

 

Legados

Com apenas pouco mais de um ano na gestão, Alexandre Gonçalves deixou um significativo legado para o Guará. Foi dele a ideia e a iniciativa de criar a Casa de Cultura, que deu origem a todas as outras do Distrito Federal. Foi na gestão dele que a Região Administrativa 10 anexou o Setor de Indústrias e Abastecimento (SIA), que depois viria a se desvincular em região própria, e o Setor de Oficinas Sul, e a criação oficial do Parque do Guará. “Foi o primeiro parque oficialmente criado no Distrito Federal. A área estava sendo cada vez mais invadida e, como a gestão dele era somente da Administração do Guará, levei a ideia ao governador Roriz, que me autorizou a oficializá-lo como parque. Depois, deram o nome ao pesquisador Ezechias Heringer, mas, na minha opinião, deveria ter se chamado Parque Joaquim Roriz, pela importância da decisão”, opina.

Alexandre lembra também da parceria com os empresários para reforma de todas as praças da cidade. “Nós fornecíamos a mão de obra e os empresários patrocinavam o material e fiscalizavam as obras. Foi um sucesso”. Ele relembra ainda da grande festa de aniversário do Guará, para 100 mil pessoas no Cave, animada pela cantora Sandra de Sá, que estava no auge na época, e a dupla sertaneja Chico Rey e Paraná, “sem um centavo de dinheiro público, só com patrocínio privado”, faz questão de dizer.

Convidado pelo governador Vanderley Valim, que assumiu o GDF no lugar de Joaquim Roriz, que havia sido convidado pelo presidente Fernando Collor para o Ministério da Agricultura, Alexandre Gonçalves foi para Secretaria do Trabalho. De lá, para a Administrativo e Financeiro da CEB, diretor imobiliário da Sociedade Habitacional de Interesse Social (SHIS), atual Codhab, diretor comercial da Terracap, diretor do Metrô, diretor-geral do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) e, por último, presidente da Terracap. “Foram 23 anos de GDF em cargos relevantes”, contabiliza, orgulhoso.

Aposentado como advogado da Advocacia Geral da União (AGU) há oito anos, Alexandre se dedica atualmente aos três filhos e seis netos e em temporadas na casa de praia da família em Nova Almeida (Espírito Santo).