CADÊ OS CRIMINOSOS? Dois crimes bárbaros no Guará continuam sem solução

Catequista pedófilo acusado há cinco anos de molestar 26 jovens e assassino de idosa na QE 30 no ano passado estão desaparecidos. Pedófilo pode estar no exterior

Dois crimes emblemáticos que chocaram a comunidade guaraense continuam sem punição de seus responsáveis. O primeiro deles, o do catequista José Antonio da Silva, 47 anos, acusado de aliciar e estuprar 26 crianças de 4 a 10 anos, foi descoberto em maio 2019, mas o autor continua foragido, provavelmente no exterior. O segundo, do assassinato da idosa na QE 32 em dezembro do ano passado, está esclarecido, mas o criminoso identificado ainda não foi preso.
Nesta quarta-feira, 14 de abril, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal anunciou uma recompensa de R$ 5 mil para quem souber do paradeiro de José Paulo Trindade, 64 anos, acusado de matar Geralda Cândida, 79 anos, na QE 30, com um fio de telefone, depois de oferecer seus supostos serviços de reforma de móveis e entrar na casa dela e cometer o crime. Identificado por câmeras de segurança da rua, José Paulo foi indiciado pelo crime de latrocínio e tem, em aberto, mandado de prisão preventiva expedido pela Vara Criminal e Tribunal do Júri do Guará.
De acordo com o texto da oferta, publicado no Diário Oficial do DF nesta quarta-feira, 13 de abril, “o pagamento da recompensa ficará condicionada à apresentação de relatório por parte da autoridade policial responsável pela investigação. Esse relatório demonstrará se foi eficiente a informação passada”.

Sem informações do paradeiro

Há dois meses, o delegado titular da 4ª Delegacia de Polícia do Guará, Anderson Espíndola, informava à reportagem do Jornal do Guará que havia indícios de que o criminoso estaria escondido numa favela do Rio de Janeiro, mas a polícia estava encontrando dificuldades para entrar lá e confirmar se as informações eram verdadeiras. Depois disso, as informações sobre o possível paradeiro dele cessaram.
José Paulo Trindade é foragido do sistema prisional do DF desde 2015 e acumula 16 passagens criminais por roubos e furtos. Natural de Porto Alegre (RS), José também tem seis mandados de prisão em aberto em São Paulo. Segundo as investigações, ele morava em Trindade (GO) e vinha ao DF somente para cometer crimes. Assim que assassinou a idosa, ele teria fugido para a casa da filha, em Planaltina de Goiás, de ônibus, onde deixou a camiseta usada no dia do crime e entregue à polícia.

Enforcada

Geralda Nascimento foi encontrada morta, com um fio de eletricidade envolto no pescoço, no dia 8 de dezembro, às 16h, por uma das netas com quem morava no Conjunto A da QE 30. De acordo com as imagens das câmeras de segurança da rua, ela teria sido morta por volta de 14h15, quando o homem deixou a casa dela com uma mochila nas costas, possivelmente com o laptop de uma das netas.
Imagens de câmeras de outras quadras recebidas pela 4ª Delegacia de Polícia do Guará mostraram que José Paulo tentou entrar em outras casas na QE 36 e depois na QE 32 antes de ser recebido por dona Geralda.
Ele se apresentava nas casas como marceneiro, especializado em pequenas reformas de móveis e pequenos serviços. Antes, procurava se informar quem estava em casa. Se fosse criança ou idoso, ele dizia que um parente havia solicitado que ele fosse até lá executar um determinado serviço. Minutos antes de entrar na casa de dona Geralda, ele tentou aplicar o golpe numa empregada doméstica de uma casa vizinha, mas, desconfiada, ela não abriu a porta.

 

Acusado de estuprar 26 crianças, catequista pode estar no exterior

A descoberta de que um professor de Catequese numa igreja católica do Guará teria aliciado e abusado de 26 crianças de 4 a 10 chocou os moradores da cidade e teve grande repercussão no país. Mas, quase três anos depois, José Antonio Silva, 49 anos, continua foragido e a polícia acredita que ele esteja morando no exterior. O nome do catequista pedófilo está incluído no Cadastro Nacional de Foragidos e na lista de difusão vermelha da Interpol, a polícia internacional, mas a polícia continua sem informações concretas sobre o paradeiro dele.
Os supostos abusos cometidos por José Antônio ficaram ocultos até maio de 2019, quando um dos sobrinhos do acusado, na época com 23 anos, resolveu procurar a polícia. Pai de um bebê, ele temeu que o crime se repetisse com o filho e denunciou o tio, considerado até então acima de qualquer suspeita. O sobrinho contou que teria sofrido abusos do tio dos 4 aos 8 anos. “Ele fez isso com todos os meninos da família. A psicopatia começou depois de uma certa idade. Um mais velho que eu e todos os mais novos também foram abusados”, contou.
De acordo com a vítima, as crianças eram violentadas aos domingos, quando a família estava reunida. “Algo muito ruim de se recordar”, conta. O rapaz afirmou na época que decidiu denunciar o tio após uma comemoração do Dia das Mães na casa da avó. “Ele [José Antônio] foi dar a bênção ao meu bebê e aquilo me causou repulsa. Lembrei de tudo que ocorreu na minha infância e percebi, naquele momento, que eu tinha que fazer algo, caso contrário, aconteceria o mesmo com o meu filho”, relatou.
De acordo com o sobrinho, após juntar coragem para denunciar o tio, outros primos apoiaram a postura e fizeram o mesmo. José Antônio teria abusado de pelo menos 12 crianças do núcleo familiar, de acordo com as denúncias dos parentes à polícia.