Por Zuleika Lopes/Blog da Zuleika
Juntos e misturados: assim foi a 3ª Conferência de Saúde Mental da Região Centro-Sul, que engloba as regiões de Guará, ParkWay, Candangolândia, Riacho Fundo I e II, Núcleo Bandeirante e Estrutural, nesta quarta-feira, 13 de abril, no Clube da Saúde, como prévia da Conferência Distrital, que se seguirá à Conferência Nacional, com propostas que visam um melhor atendimento pelo SUS aos usuários da saúde mental.
Foi um dia inteiro de palestras, debates e muito lazer. Um evento diferenciado, onde usuários e corpo técnico da Saúde-DF, composto por médicos, enfermeiros e técnicos e administrativos, puderam dialogar em prol de uma saúde mental de qualidade. Foram muitos relatos impactantes e, entre eles, destaque para o fundador e presidente do Instituto Barba na Rua, Rogério Barba. “Entrei para o mundo do crack em 1989. Perdi todos os meus vínculos e fui morar na rua, onde passei por inúmeras dificuldades, e cheguei até a comer comida do lixo. Hoje, com o Instituto, dedico minha vida a ajudar meus irmãos que estão na mesma situação que já passei. Meu pedido, em nome dos moradores em situação de rua, é que em cada cidade tenha um Caps (Centro de Atenção Psicossocial) para atender a população de sua região. Que possamos ter um Caps Ambulante para atendimento emergencial. Não é possível continuar como está. Tantos irmãos que hoje, neste momento, sem condições mentais de conviver em sociedade. Se escondem nos matos com medo de tudo e de todos. Eles precisam ter acesso a um tratamento e não conseguem. Queremos ampliação deste atendimento”, conclamou Barba.
A deputada federal Erika Kokay (PT), ao usar da palavra argumentou que a presença maciça de todos na conferência significava que não se pode admitir retrocesso. “Precisamos cada dia mais de espaços para lidar com o sofrimento do outro, escutá-los. Manicômios, nunca mais. A reforma psiquiátrica bate à nossa porta”, disse.
Público além do esperado
O grupo Os Aguerridos da Cidade Estrutural marcou presença com o objetivo de lutar pela implantação de um Caps 24 Horas na região. Margarida Brito e Djalma, da Rede Social Local, não mediram esforços durante a realização da conferência e entregaram moções e abaixo-assinado virtual, com 209 assinaturas da comunidade. Na discussão dos eixos, muitas temáticas foram abordadas e a paralisação dos serviços de saúde mental, até então oferecido pelo Samu, foi reclamação de consenso.
Com números de participações bem expressivos, pela manhã 200 pessoas e à tarde 216, a 3ª Conferência de Saúde Mental da Região Centro-Sul, foi um esforço conjunto da equipe da gestora Flávia Costa, diretoria da Região Centro Sul de Saúde Pública, que inseriu cada voluntário da comunidade e os trabalhadores da saúde em uma rede colaborativa, onde o esforço individual brilhou no coletivo. Importante citar o esforço do Mauro, Marôa Santiago e de Fátima Rola na retaguarda do evento.