Ele não aparece nas pesquisas nem entre os cinco favoritos e é pouco conhecido dos moradores do Distrito Federal, com exceção da área de segurança. Mesmo assim, Elziovan Matias Moreno Lima, mais conhecido como Coronel Moreno, aposta que vai surpreender na votação final contabilizadas pelas urnas no próximo dia 2 de outubro. Esse otimismo vem de uma conta simples, que é conseguir a maioria dos votos dos 200 mil militares que trabalham no Distrito Federal nas forças locais e nacionais e seus familiares, e no eleitorado de direita, afinal, ele garante que é o único dos candidatos ao governo local que pode se apresentar como direitista, no estilo bolsonarista – os outros, como Ibaneis e Paulo Octávio, são apenas aliados do presidente.
É nesse eleitorado silencioso que aposta esse guaraense de 50 anos, que nasceu, foi criado e continua morando na cidade, que acredita de verdade que pode contrariar as pesquisas. “Em 2018, o ex-governador Rodrigo Rollemberg foi para o segundo turno com Ibaneis com 210 mil votos, votação que acredito que vou conseguir. Portanto, estou no páreo”, espera o tenente coronel que ficou mais conhecido por ter sido comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar e comandante de outros seis batalhões comunitários, e por ter introduzido no Distrito Federal o programa Rede de Vizinhos Protegidos, uma interação entre os moradores e a Polícia Militar para garantir a segurança em ruas e quadras, ideia que tem se expandido em todo o DF, inclusive no Guará.
Lembranças da cidade
Esta reportagem pode surpreender também boa parte dos moradores do Guará, que desconhece que o candidato é seu “conterrâneo”. Afinal, mesmo tendo sido lançado no último dia do registro da candidatura (13 de agosto) – o policial militar não pode se filiar antes do prazo final do registro – Coronel Moreno não se divulgou ainda como filho do Guará. “Tenho concentrado minha campanha no meio das forças de segurança e em todas as regiões do DF, mas acredito que posso ter o apoio significativo dos guaraenses, principalmente de quem já me conhece na cidade”, avalia.
Morador no edifício Via Blanc, do Guará II, com a mulher e os dois filhos – Victor, 23 anos, estudante de Medicina, e Miguel de 7 anos – e a esposa, Coronel Moreno nasceu e foi criado na QE 28, onde ainda vivem seus pais. Dos tempos de criança e adolescência na quadra, ele lembra das gincanas da rua que envolviam os jovens e os pais em disputas animadas, e os passeios de mobilete com os amigos pelas amplas áreas verdes que ainda existiam no Guará II e os jogos de futebol de rua, conhecidos como “golzinho”.
Ainda ativo na farda, Coronel Moreno entrou para a Polícia Militar aos 19 anos e nesse período formou-se em Educação Física pela Faculdade Dom Bosco, que pertencia à rede Universidade Católica. Teve carreira meteórica na força – trabalhou durante dez anos no Batalhão da Asa Sul, onde chegou a comandante, foi comandante também do 6º Batalhão (Plano Piloto e Ministérios), do Gama, foi chefe da Seção de Doutrina Operacional da PM, responsável pela liberação de todas as operações policiais, do 3º Batalhão da Asa Norte, do 1º Comando Regional (Plano Piloto, Lagos Sul e Norte, Sudoeste e Varjão) e do 6º Comando Regional (Santa Maria, Gama e Riacho Fundo I e II).
Incursão na política e bandeiras
Sem qualquer outra incursão na política, Coronel Moreno explica porque preferiu “de cara” escolher a candidatura majoritária a governador. “A primeira intenção era me candidatar a deputado distrital ou a federal, mas descobri que existiam mais de 20 candidatos para os dois cargos disputando os votos dos militares. Aí, surgiu a oportunidade da candidatura ao Governo, convidado pelo PTB, comandado nacionalmente pelo ex-deputado Roberto Jeferson. Aliou-se a isso, a minha vontade de ocupar um cargo com poder de decisão, para resolver os problemas do Distrito Federal que não estão resolvidos pelos governos que tem passado pelo Buriti. Como conheço os quatro cantos da região, conheço também todas as demandas da população”, garante.
Resolver os problemas da saúde e da segurança pública são as principais bandeiras do candidato guaraense ao governo do DF. Segundo o candidato, “saúde será prioridade de governo”, caso seja eleito. Ele defende melhorias, principalmente na administração dos hospitais, e destaca que além de recursos e gestão, é preciso ter “vontade” e coragem para resolver os problemas. “O médico e o enfermeiro têm que estar ali prontos para atender, o foco dele deve ser o paciente. Ele não tem que estar preocupado se quebrou a máquina de raio-x, quem tem que estar preocupado é a parte administrativa do hospital”, aponta.
Para a segurança pública, Coronel Moreno defende que as polícias Militar, Civil, e o Corpo de Bombeiros devam trabalhar de forma alinhada. Entre os investimentos citados por ele, estão a criação de um aplicativo para o cidadão acionar as forças de segurança com mais facilidade. “Vamos implantar câmeras de segurança em todas as regiões do Distrito Federal e fazer o monitoramento com um banco de dados único para as três corporações terem acesso simultaneamente”, afirma.
Moreno também defende que os atendimentos ao número190 sejam feitos por policiais militares e não por funcionários terceirizados. “Pelo telefone, já ocorreram situações para salvar vidas, precisam orientar sobre determinadas situações de crime, colher informações importantes”. Sobre a implantação de câmeras nos uniformes dos policiais militares, como já acontece em São Paulo e no Rio de Janeiro, ele garante que apoia, “desde que a Polícia Militar tenha o controle das imagens, ou seja, que elas fiquem no banco de dados da corporação”.
Para a educação, Coronel Moreno diz ser a favor das escolas militarizadas, e que quer manter e ampliar o modelo. Segundo ele, “o projeto traz benefícios e perspectiva de futuro para as crianças e adolescentes”, que segundo ele, por receberam uma formação cidadã. Ele defende que o projeto continue sendo definido a partir de reuniões com pais, alunos e professores. “[O modelo] traz exemplos bons a serem seguidos, afasta a criminalidade da escola, o tráfico e qualquer tipo de ato criminoso ao redor das escolas. O efeito dele é benéfico e atinge até as famílias das crianças”.