Enfermeira, defensora de sua classe profissional e das políticas de saúde comunitária. Presidente (licenciada) do Sindicato de Enfermagem do DF, reformulou toda a instituição durante a pandemia, época que exigiu sacrifícios ainda maiores da classe, e foi recompensada com o apoio em sua campanha para deputada distrital. Dayse Amarilio Diniz, 45 anos, foi eleita com 11.012 votos, sendo 965 no Guará.
Formada pela UnB, Dayse é professora de enfermagem há 15 anos em universidades e cursinhos, e servidora de carreira da Saúde há 20 anos. Uma das criadoras da Frente Única da Enfermagem, tem como bandeiras a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), da gestão pública dos hospitais e das práticas da saúde de família.
A sra. mora no Guará há quanto tempo? Como é a sua relação com a cidade?
Moro no Guará desde os 2 anos de idade, quando viemos de Belém (Pará), onde nasci e onde meu pai servia como militar da Aeronáutica. Como minha mãe tinha se separado quando viemos, sempre moramos de aluguel no Guará e por isso já morei em várias quadras – 21, 10, 12, 13, 31 – e agora moro no Iapi, em imóvel próprio. Estudei no GG (escola pública) e no Colégio Rogacionista. Minha relação com o Guará é de amor verdadeiro. Gosto da energia, gosto do comércio local, conheço muitos comerciantes, gosto da Feira… Sou uma guaraense raiz. Sou casada e tenho um filho, Altair, de 19 anos.
A sra trabalhou – aliás, é servidora de carreira -, na UBS 2 (na via contorno do Guará II), né? Como foi a sua jornada lá?
Foi excelente em todos os sentidos. Quando cheguei no Centro de Saúde 2 já fui para o programa de Agente Comunitário de Saúde antes mesmo dos centros de saúde tradicionais virarem estratégia de saúde de família. Foi uma experiência fantástica, onde eu vi realmente como a atenção primária pode ser resolutiva com a atuação dos agentes comunitários da saúde. Foi excelente. Eu criei um vínculo com a comunidade que eu convivo. Ali eu cresci muito como pessoa e enfermeira.
Agora, como deputada distrital, o Guará será uma de suas bandeiras? Afinal, a cidade deve receber em breve novos equipamentos de saúde pública, como a UPA na QE 23 e o Hospital Centro-Sul.
A preocupação com a saúde permeia todas as cidades, mas a atenção e o carinho pelo Guará prevalecem. Até porque o Hospital do Guará precisa ser ampliado. O hospital atende várias cidades ao redor do Guará e ainda é um hospital muito pequeno. Sempre sonhei com um hospital mais modernizado e uma cidade com mais UBSs. É uma cidade que está crescendo (nas novas quadras, por exemplo) e é preciso ampliar as equipes de Saúde de Família. Dentro do Guará temos áreas muito vulneráveis que ainda precisam de muita atenção.
Tenho uma expectativa muito grande e espero que esses projetos (UPA e Hospital Centro-Sul) realmente aconteçam. Não vamos somente fiscalizar e lutar para que sejam implantados, mas garantir que eles realmente funcionem. Serei uma fiscal da saúde do DF em especial do Guará.
Pretende indicar novos investimentos na saúde da região? Como a reforma das UBS?
Como enfermeira da Saúde da Família e presidente do sindicato dos enfermeiros, vejo quanto as UBS estão abandonadas, muitas delas sem condição de funcionamento. As salas de vacina são péssimas, há problemas elétricos… Há problemas até mesmo em locais que são alugados pela Secretaria de Saúde e os contratos não são cumpridos. A gente precisa pensar a saúde da família como eixo norteador da saúde no DF. Precisa, inclusive, reformular a Portaria 77 (sobre a atenção primária) colocando índice de segurança técnica, enfermeiro em sala de acolhimento, em vacinas. E tentar que haja uma ligação entre saúde e educação, colocando programas dentro das escolas e já temos alguns projetos para integrar essas duas áreas.
Embora tenha sido eleita por um partido mais de esquerda, o PSB, que fez oposição ao governador eleito Ibaneis Rocha na campanha deste ano, há possibilidade de se compor com o novo governo, por exemplo, de apadrinhar a indicação do administrador regional?
Antes de mais nada, não quero ser representante de um partido ou de uma frente. Quero ser uma deputada que representa a sociedade brasiliense, seus anseios, suas dificuldades. Não vou fazer oposição sistemática ao governo e nem me aliar incondicionalmente. Vou votar e apresentar projetos de interesse da comunidade, independente de ser ou não de interesse do governo.
Quando ao apadrinhamento da Administração Regional, não há qualquer possibilidade, porque sou contra esse modelo de negociação de apoio. Defendo que a escolha do administrador regional seja feita pela comunidade e não apenas por um deputado ou grupo político. Que busquemos um instrumento para fazer isso.
Além da saúde, quais as bandeiras que pretende defender na Câmara Legislativa?
Minhas bandeiras são a saúde, claro, a educação, as mulheres, a geração de empregos e o cuidado com os mais vulneráveis.