Duplicação Guará – N.Bandeirante pronta para ser licitada

Caixa Econômica libera recuros de R$ 11,7 milhões ao GDF para execução da obra. Projeto já está pronto e deve ser licitado nos próximos dias. Obra deve ficar pronta em 2023

Uma das obras mais aguardadas pela população guaraense finalmente vai sair do papel. Após mais de 15 anos de espera desde quando o projeto foi elaborado, o Governo do Distrito Federal anunciou nesta quarta-terça-feira, 11 de outubro, a liberação dos recursospara a duplicação da via entre Guará e Núcleo Bandeirante por parte da Caixa Econômica Federal. O valor de R$ 11,7 milhões é proveniente de emendas da bancada de Brasília no Congresso Nacional e tem a Caixa como agente financeiro. A contrapartida do GDF é de 3% desse valor, ou seja, R$ 350 mil. Mas a liberação dos recursos vem sendo protelada desde o início do ano por causa de exigências de ajustes que a Caixa vem fazendo desde quando o projeto foi apresentado pelo GDF.
Com a liberação dos recursos, a Secretaria de Obras já pode elaborar o edital para a contratação da obra, que deve acontecer até dezembro agora. A obra deve ser concluída entre seis e oito meses, a contar do seu início, previsto para fevereiro a março de 2023. A obra deve gerar cerca de 150 empregos diretos.
O projeto prevê a construção de uma segunda ponte sobre o Córrego Vicente Pires, a duplicação da pista da ponte até o balão entre a antiga estação Bernardo Sayão e o Lar Maria de Madalena (Lar dos Velhinhos) e intersecção com Arniqueira e Park Way. Serão construídas também ciclovias, calçadas e uma rotatória de 30 metros de diâmetro e mais vegetação no canteiro central e nas laterais da via.
A duplicação vai reformular todo o sistema viário no trecho, onde passam cerca de 12 mil veículos por dia, principalmente nas horas de pico. De acordo com o projeto aprovado, a segunda ponte sobre o Córrego Vicente Pires terá aproximadamente 45 metros de extensão e 10 metros de largura, para acomodar duas pistas de 3,5 metros e calçadas de 2,5 metros de largura.
Ao longo da via está prevista uma faixa de serviço, entre a calçada e o meio-fio, para postes de iluminação pública, vegetação, lixeiras e sinalização viária vertical. O espaço ainda cria a possibilidade de plantio de árvores e implantação de mobiliário urbano.
“Com muito empenho e dedicação da equipe técnica da Secretaria de Obras, vamos tirar mais essa obra do papel e torná-la realidade. O governador Ibaneis nos pediu prioridade e assim fizemos. O processo de aprovação do financiamento pela Caixa foi longo e detalhado. Agradecemos essa parceria que tem trazido muitas obras importantes para o DF”, destaca o secretário de Obras, Luciano Carvalho.
A ligação entre as cidades vai beneficiar os motoristas que usam esse trecho nas horas de pico, que chegam a provocar até 40 minutos para a travessia de apenas dois quilômetros. “Guará e Núcleo Bandeirante cresceram e essa ligação é muito importante para a redução do engarrafamento e para facilitar o tráfego das pessoas que precisam se deslocar entre as duas cidades”, comemora o secretário de Governo, José Humberto Pires, um dos membros do governo que mais se empenharam para a realização da obra.

Segurança e mobilidade

O administrador regional do Núcleo Bandeirante, Cláudio Márcio de Oliveira, destaca que a obra na conexão entre as regiões vai dar mais segurança e mobilidade aos mais de 12 mil motoristas que passam diariamente pela ligação, atualmente em condições precárias. “É de extrema importância para essas cidades irmãs. Atualmente, é uma via de condições precárias, tanto a pavimentação quanto a sinalização. É um trecho perigoso e de constante acidente”, revela. De acordo com o administrador, o projeto vai tornar o trajeto mais confortável e seguro.
Para o administrador regional do Guará, Roberto Nobre, duplicação trará muitos benefícios aos motoristas que transitam entre as duas regiões. “A ligação viária entre o Guará e o Núcleo Bandeirante é mais uma importante conquista para a população que o governo Ibaneis Rocha proporciona”, diz ele. “Será mais comodidade e segurança aos moradores, que usufruirão de pistas bem sinalizadas, pavimentadas, além de ciclovias e calçadas. Estamos conseguindo elevar a qualidade de vida do morador guaraense”, acrescenta o administrador do Guará.
Elaborado pela Secretaria de Obras, o projeto do sistema viário foi aprovado pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) por meio da Portaria nº 101, publicada em 3 de novembro de 2021 no Diário Oficial do Distrito Federal.

Expectativa pela obra se arrasta há 15 anos

Considerada essencial para resolver um dos gargalos de trânsito mais problemáticos do Distrito Federal, a duplicação da via entre o Guará e o Núcleo Bandeirante foi considerada uma das prioridades de quatro sucessivos governos do Distrito Federal. Mas não saiu do papel, em parte por intercorrências técnicas do projeto, como a troca de um viaduto sobre a linha térrea por um túnel, ou por dificuldades na liberação da Licença Ambiental.
Faltou também vontade política de secretários e de governadores para agilizar a obra, considerada relativamente barata se comparada aos custos de outras obras menos relevantes executadas no Distrito Federal nesses 15 anos.
Mas, depois de muitas promessas, a duplicação foi confirmada em outubro do ano passado, durante o anúncio do pacote de obras para o Guará em 2021/22, quando o governo prometeu investir mais de R$ 100 milhões na cidade. A obra foi incluída no pacote, a pedido do deputado distrital Rodrigo Delmasso, morador da cidade. Previsto inicialmente em R$ 40 milhões no último governo Roriz, em 2006, o orçamento da duplicação foi reduzido para R$ 33 milhões no governo Agnelo e para R$ 29 milhões no governo Rollemberg, e agora para R$ 12 milhões. As reduções tinham a intenção de ajudar na obtenção dos recursos necessários, mas o projeto não conseguiu sair do papel, mesmo depois das alterações técnicas para a redução do orçamento.

Quase no governo Rollemberg

A obra esteve muito próxima de ser executada no governo Rollemberg, depois que a Novacap concluiu o projeto, mas a exigência de mudanças de cálculos do viaduto previsto, por parte do ABNT, abortou as providências. Com a troca de comando do Palácio do Buriti e da Novacap desde o início de 2019, o projeto voltou para a gaveta e não foi incluído em nenhum pacote de obras nos dois primeiros anos do governo Governo Ibaneis, até que uma reportagem de capa do Jornal do Guará em agosto do ano passado despertou o assunto. O pedido para a retomada da duplicação foi feito pelo deputado distrital Rodrigo Delmasso, membro da base do governo na Câmara Legislativa, e morador da cidade, ao secretário de Infraestrutura e Obras, Luciano Carvalho, ao presidente da Novacap, Fernando Leite, e ao secretário de Economia, André Clemente.
Um dos fatores que ajudou no convencimento ao governo foi a lembrança da reportagem do JG de que o assentamento de cerca de 10 mil pessoas na Expansão do Guará (QEs 48 a 58) nos próximos dois anos iria aumentar consideravelmente o gargalo da travessia, que hoje chega a 40 minutos entre 18h e 20h, em menos de dois quilômetros.

Planejada há quatro governos

A duplicação começou a ser planejada no último dos três governos de Joaquim Roriz, mas ficou parado no governo Cristovam Buarque, como aliás aconteceu com quase todas as obras físicas do período. O projeto voltou a andar no governo Arruda, quando o Distrito Federal recebeu a maior quantidade de investimentos em obras de sua história. Entretanto, a duplicação da via não foi contemplada, mas, desta vez por culpa de entraves na licença ambiental impostos pela Secretaria de Meio Ambiente.
O governo tampão que o sucedeu, de Wilson Lima, e depois o de Rogério Rosso sequer se interessaram pela obra, que voltou a ser discutida efetivamente no governo Agnelo, quando o projeto inicialmente orçado em cerca de R$ 40 milhões foi refeito e readequado para cerca de R$ 33 milhões.
O governo Rollemberg foi o que mais se interessou e avançou no projeto de duplicação da via, mas esbarrou numa outra exigência, desta vez da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que havia alterado os cálculos de concretagem de viadutos e pontes. Por causa dessa alteração das normas, o projeto teve que ser novamente readequado, mas como a Novacap não tinha estrutura para fazê-lo por conta própria, teria que contratar uma empresa externa para executá-lo, mas não houve tempo para a contratação.