Com mais de 15 mil seguidores do seu Blog da Zuleika, a jornalista guaraense Zuleika Lopes teve que se reinventar para não continuar dependendo de emprego público e dos humores da política para continuar trabalhando e criando suas filhas. Ao completar 60 anos e depois de se aposentar pelo INSS, viu no início da pandemia em 2020 a oportunidade de criar uma atividade nova, em que pudesse continuar exercendo a profissão de informar, ao mesmo tempo em que pudesse defender as causas que gosta, a defesa dos animais, da mulher, da segurança pública e conscientizar as pessoas a se cuidar em todos os sentidos. Nasceu alí o Blog da Zuleika. Bem patrocinado, o blog deu a ela também a oportunidade de melhorar sua condição financeira, até então garantida pelo emprego na empresa de produção de cimento Ciplan e a aposentadoria do INSS.
Mas nem tudo foi fácil para Zuleika. Aliás, foi, em alguns momentos, bem difícil, como no começo da chegada a Brasília. Nascida em São Paulo e criada em Goiânia, onde se formou em Jornalismo em 1987, Zuleika se achou profissionalmente na capital do país. Com o mercado de trabalho restrito a dois jornais e uma emissora de TV em Goiânia – não havia Internet ainda – aceitou a sugestão de uma amiga que já trabalhava em Brasília e veio em busca de uma oportunidade na área. Assim que chegou, conseguiu um emprego na antiga Agência Apoio, que prestava assessoria de imprensa a empresas e ao governo, mas logo depois conseguiu uma vaga como revisora no Jornal de Brasília. Foi nessa época que ela sentiu as primeiras dificuldades que a vida lhe apresentara. “Cheguei a pedir dinheiro na Rodoviária do Plano para pagar a passagem para conseguir chegar no trabalho. Era muito constrangedor e me fez mudar a visão de muita coisa na minha vida e a me tornar mais humana e mais preocupada em ajudar o próximo”, conta, emocionada.
Dois empregos ao mesmo tempo
Com vontade de trabalhar e melhorar a renda, ela dividia o emprego de revisora no Jornal de Brasília com a de jornalista no antigo jornal Tribuna do Brasil, no SIA. Foi numa das caminhadas da EPTG até à sede do jornal, que ela conheceu o ex-administrador regional do Guará, Heleno Carvalho, então gerente da Brahma. “No trajeto, eu tinha que passar em frente à empresa que distribuía a cerveja e ficava ouvindo piadinhas dos funcionários que estavam de folga na rua, até que um dia o Heleno veio me defender. Quando ele assumiu a Administração Regional do Guará pela primeira vez, em 1991, me convidou para ser assessor de imprensa dele. Começava ali a minha ligação com a vida pública e com o Guará”, relembra.
A escolha do Guará como moradia, onde está há quase 30 anos, veio da frustração de morar em apartamentos no Plano Piloto. “Fui criada morando em casas e não conseguia me adaptar à vida de apartamento. Até que um dia vim conhecer o Guará e decidi que aqui que iria morar, numa casa”, conta.
Depois da assessoria no período de Heleno Carvalho, Zuleika ficou quatro anos fora, assessorando o ex-deputado distrital Carlos (Adão) Xavier e a ex-depuada distrital Lúcia Carvalho na Câmara Legislativa, mas voltou para a Administração Regional em 1995 com o retorno de Heleno pela sua segunda passagem no cargo. De lá, assessorou a ex-secretária Márcia Fernandez na Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedest). Cansada de ficar pulando de emprego público, conseguiu ser contratada pela empresa Ciplan, de produção de cimento, onde produz um boletim diário para a diretoria, de segunda a sexta, o que a obriga a acordar às 5h da manhã. Na Ciplan já se vão dez anos.
Mãe de duas filhas, Kátia e Marina, e avó de dois netos, David, de 10 anos, e Valentina, de 2 anos e meio, Zuleika divide seu tempo com a família e o blog.
“Eu sou um exemplo de que não há prazo para se reinventar e recomeçar, desde que tenha disposição. Ao completar 60 anos, decidi que daria uma guinada em minha vida. E consegui”, completa, como conselho a quem ainda tem saúde e disposição para trabalhar, mas acha que seu ciclo profissional terminou.