Ele é, provavelmente, o mais combativo líder comunitário do Guará. Um defensor intransigente da cidade em qualquer situação e assunto. Em todas as reuniões ou audiências públicas, convidado ou não, ele está presente, contestando, argumentando, protestando e sugerindo, onde forem realizadas.
A paixão de Klecius Oliveira, ou, “Professor Klecius”, pelo Guará é inexplicável. E nem é por outro interesse, porque não busca cargo público, como é comum nas lideranças comunitárias, e nem participa de negócios com o governo – é professor aposentado da rede pública.
A história de Klécius, 73 anos, com Brasília começou em 1968 e com o Guará em 1975. Depois de estudar durante seis anos num seminário em Terezina (Piauí) – ele jura que realmente pretendia ser padre – abandonou tudo e veio para a capital, onde já morava a única irmã, em busca de emprego e estudo. Foi morar inicialmente em Planaltina e precisava, naquela época, pegar três ônibus para chegar ao Colégio Elefante Branco, onde estudada. Começava alí sua veia militante. Com um grupo de colegas, protestaram e conseguiram que o governo disponibilizasse uma linha de ônibus direto para a W3 Sul. Depois de entrar para o curso de Matemática, na UnB, em 1969, passou a lecionar em cursinhos particulares dois anos depois. Em 1973 passou no concurso da Fundação Educacional (Secretaria de Educação), onde conheceu sua mulher, Leni, moradora do Guará, com quem casou-se em 1975. Como ela já tinha a casa na QE 32, onde moram até hoje, ele mudou-se para a cidade. Aqui, passou a se interessar pelas reivindicações da comunidade, enquanto dividia seu tempo entre a escola pública e aulas de Matemática em cursinhos para concursos, onde ficou bastante conhecido. Em 1980, convidado por um franqueador das redes Anglo e Objetivo, lecionou durante seis meses em Uberlândia, mas retornou a Brasília, porque não conseguiu a licença da Secretaria de Educação, que era dirigida por Eurides Brito, ex-deputada distrital. “Foi uma retaliação da parte dela, porque eu tinha sido um dos líderes da maior greve dos professores da rede pública, com 106 dias de paralização, em 1976”, relembra.
Lutas pelo Guará
Na década de 80, ao lado de Severino Marques, Samuel Santana, Otacílio Norberto Mendes, José Viana, Adão Jacob, Klécius ajudou a fundar a Associação de Moradores do Guará (AMG), que era temida pela governo quando buscava melhorias para a cidade. Ele recorda que a AMG foi responsável pelo cancelamento de mudança de destinação de um terreno na QI 20 do Guará I, onde é hoje a Igreja Universal, inicialmente destinado para uma faculdade, para abrigar um shopping. “Numa reunião na Administração Regional, o governador Joaquim Roriz iria assinar a mudança de destinação, mas as lideranças protestaram e ele cancelou o decreto que estava pronto para ser assinado”, conta.
Outra luta que participou foi pela implantação oficial do Parque do Guará. Foi o mentor e primeiro presidente do Comitê em Defesa do Parque do Guará, que era composto por seis representantes do governo e sete da comunidade. “Foi o comitê que exigiu a conseguiu a desocupação do parque, com a retirada dos mais de 70 chacareiros, que só veio a acontecer no Governo Rollemberg, mas a luta começou bem antes”, explica.
Bem relacionado no meio sindical, foi diretor da Regional de Ensino do Guará e subsecretário de Educação, na Gestão de Pessoal, no Governo José Aparecido, onde prosseguiu sua luta pela melhoria das condições dos professores da rede pública. Foi também chefe de Gabinete da Administração Regional do Riacho Fundo, do seu amigo administrador Trajano Jardim, no Governo Cristovam Buarque. Klecius foi, durante mais de dez anos, colunista do Jornal do Guará, mas agora cuida do seu blog próprio, o Blog do Klecius.
Com os amigos Sidrônio, falecido há três anos, e José Gurgel, ficou mais conhecido como um dos “três mosqueteiros do Guará”, pela presença constante em todos as reuniões e eventos em que o Guará estava em discussão. Mas a luta em defesa da cidade continua, principalmente através de seu blog.