Atraso na duplicação da via Guará – Núcleo Bandeirante

Obra seria licitada em dezembro, mas Tribunal de Contas fez questionamentos sobre edital, que deverá ser reeditado somente em fevereiro

As propostas para a contratação da duplicação da via entre Guará e Núcleo Bandeirante deveriam ter sido abertas no dia 1º de dezembro, com a conclusão do processo na primeira semana de janeiro e início das obras em fevereiro ou março e a conclusão no início do segundo semestre de 2023. Mas a obra deve sofrer atraso de cerca de três meses, porque o Tribunal de Contas fez questionamentos à Secretaria de Infraestrutura e Obras sobre o edital, que já foram respondidos, mas como o órgão estará de recesso até o final de janeiro, somente a partir de fevereiro que as respostas serão analisadas e o edital liberado.
A expectativa de conclusão da duplicação ainda em 2023 continua, porque, de acordo com a Secretaria de Infraestrutura e Obras, os questionamentos do TCDF foram todos explicados.
De acordo com o edital que deveria ser concluído em dezembro, a duplicação está orçada em R$ 12 milhões, recursos provenientes de emendas de bancada de Brasília no Congresso Nacional, que serão liberados através da Caixa Econômica Federal. O projeto prevê a construção de uma segunda ponte sobre o Córrego Vicente Pires, a duplicação da pista da ponte até o balão entre a antiga estação Bernardo Sayão e o Lar Maria de Madalena (Lar dos Velhinhos) e intersecção com Arniqueira e Park Way. Serão construídas também ciclovias, calçadas e uma rotatória de 30 metros de diâmetro e mais vegetação no canteiro central e nas laterais da via.
A duplicação vai reformular todo o sistema viário no trecho, onde passam cerca de 12 mil veículos por dia, principalmente nas horas de pico. De acordo com o projeto, a segunda ponte sobre o Córrego Vicente Pires terá aproximadamente 45 metros de extensão e 10 metros de largura, para acomodar duas pistas de 3,5 metros e calçadas de 2,5 metros de largura.
Ao longo da via está prevista uma faixa de serviço, entre a calçada e o meio-fio, para postes de iluminação pública, vegetação, lixeiras e sinalização viária vertical. O espaço ainda cria a possibilidade de plantio de árvores e implantação de mobiliário urbano. A ligação entre as cidades vai beneficiar cerca de 12 mil motoristas que usam esse trecho nas horas de pico, que chegam a provocar até 40 minutos para a travessia de apenas dois quilômetros.

Expectativa pela obra se arrasta há 15 anos

Considerada essencial para resolver um dos gargalos de trânsito mais problemáticos do Distrito Federal, a duplicação da via entre o Guará e o Núcleo Bandeirante foi considerada uma das prioridades de quatro sucessivos governos do Distrito Federal. Mas não saiu do papel, em parte por intercorrências técnicas do projeto, como a troca de um viaduto sobre a linha térrea por um túnel, ou por dificuldades na liberação da Licença Ambiental.
Faltou também vontade política de secretários e de governadores para agilizar a obra, considerada relativamente barata se comparada aos custos de outras obras menos relevantes executadas no Distrito Federal nesses 15 anos.
Mas, depois de muitas promessas, a duplicação foi confirmada em outubro do ano passado, durante o anúncio do pacote de obras para o Guará em 2021/22, quando o governo prometeu investir mais de R$ 100 milhões na cidade. A obra foi incluída no pacote, a pedido do deputado distrital Rodrigo Delmasso, morador da cidade. Previsto inicialmente em R$ 40 milhões no último governo Roriz, em 2006, o orçamento da duplicação foi reduzido para R$ 33 milhões no governo Agnelo e para R$ 29 milhões no governo Rollemberg, e agora para R$ 12 milhões. As reduções tinham a intenção de ajudar na obtenção dos recursos necessários, mas o projeto não conseguiu sair do papel, mesmo depois das alterações técnicas para a redução do orçamento.
A obra esteve muito próxima de ser executada no governo Rollemberg, depois que a Novacap concluiu o projeto, mas a exigência de mudanças de cálculos do viaduto previsto, por parte do ABNT, abortou as providências. Com a troca de comando do Palácio do Buriti e da Novacap desde o início de 2019, o projeto voltou para a gaveta e não foi incluído em nenhum pacote de obras nos dois primeiros anos do governo Governo Ibaneis, até que uma reportagem de capa do Jornal do Guará em agosto do ano passado despertou o assunto. O pedido para a retomada da duplicação foi feito pelo deputado distrital Rodrigo Delmasso, membro da base do governo na Câmara Legislativa, e morador da cidade, ao secretário de Infraestrutura e Obras, Luciano Carvalho, ao presidente da Novacap, Fernando Leite, e ao então secretário de Economia, André Clemente.
Um dos fatores que ajudou no convencimento ao governo foi a lembrança da reportagem do JG de que o assentamento de cerca de 10 mil pessoas na Expansão do Guará (QEs 48 a 58) nos próximos dois anos iria aumentar consideravelmente o gargalo da travessia, que hoje chega a 40 minutos entre 18h e 20h, em menos de dois quilômetros.

Planejada há quatro governos

A duplicação começou a ser planejada no último dos três governos de Joaquim Roriz, mas ficou parado no governo Cristovam Buarque, como aliás aconteceu com quase todas as obras físicas do período. O projeto voltou a andar no governo Arruda, quando o Distrito Federal recebeu a maior quantidade de investimentos em obras de sua história. Entretanto, a duplicação da via não foi contemplada, mas, desta vez por culpa de entraves na licença ambiental impostos pela Secretaria de Meio Ambiente.
O governo tampão que o sucedeu, de Wilson Lima, e depois o de Rogério Rosso sequer se interessaram pela obra, que voltou a ser discutida efetivamente no governo Agnelo, quando o projeto inicialmente orçado em cerca de R$ 40 milhões foi refeito e readequado para cerca de R$ 33 milhões.
O governo Rollemberg foi o que mais se interessou e avançou no projeto de duplicação da via, mas esbarrou numa outra exigência, desta vez da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que havia alterado os cálculos de concretagem de viadutos e pontes. Por causa dessa alteração das normas, o projeto teve que ser novamente readequado, mas como a Novacap não tinha estrutura para fazê-lo por conta própria, teria que contratar uma empresa externa para executá-lo, mas não houve tempo para a contratação.