Morar no Guará virou meme de pobreza?

Depois do episódio do Alexandre do Guará, rejeitado por uma socialite por ser pobre e morador da cidade, influenciadora digital afirma que sofreu o mesmo preconceito de um affair

A história de Alexandre Leal Silva que colocou o Guará no mapa das redes sociais do país depois que vazou um áudio em que uma socialite do Lago Sul ironizava sua condição de morador da periferia, e que não sabia fazer concordância verbal corretamente, está sendo repetida seis meses depois. A influenciadora digital Kelly Holliver conta que sofreu o mesmo preconceito ao ouvir de um affair que não deveria levá-la para jantar no Bloco C, um restaurante na 211 Sul que se define como “moderno e sofisticado, com um mezanino e pratos variados, preparados por um chef criativo”, mas para comer um Bomba do Guará, uma espécie de sanduiche cheio de ingredientes, e gorduroso, que se tornou símbolo da culinária da cidade e é geralmente servido em quiosques.

Kelly Holliver diz que foi ironizada pelo fato de ser guaraense

“Eu nunca fui de me relacionar com pessoas daqui, meu ex é de São Paulo, acho tudo muito problemático. Fui e falei que ia prestar atenção nas pessoas daqui, fiquei com essa pessoa e não sei o que é pior, me humilhar ou ele ir lá e falar para outro que ficou comigo, tipo, pessoas adultas fazem isso?”, conta a moça. Segundo Kelly, o rapaz ainda completou que ela “era uma lascada moradora do Guará” e que a teria chamado de gorda. “Eu já estava falando para essa pessoa me passar o pix que eu pagaria todos os gastos que ela teve comigo. Prometi a mim mesma não ofender mais ninguém e a bloqueei de tudo, de todas as minhas redes. Misericórdia!”, afirma a moça em reportagem publicada pelo Jornal de Brasília nesta terça-feira, 7 de fevereiro.
Mas, nas redes sociais da cidade, vários internautas duvidaram da história contada pela influenciadora digital, que garante ter 120 mil seguidores. Outros, consideraram a história contada pouco relevante. Para alguns, ela quis pegar carona na repercussão da história do Alexandre do Guará, mas sem o sucesso do rapaz que acabou se tornando conhecido nacionalmente e tratou o preconceito com bom humor a ponto de transformá-lo em meme.

Alexandre fez do limão uma limonada

Boa pinta, como se dizia antigamente, com fama de paquerador, Alexandre Leal Silva, 37 anos, um vendedor de veículos usados, viu sua vida se transformar completamente em apenas uma semana de agosto do ano passado e deixar a cidade do Guará conhecida no país todo e até no mundo, depois que as conversas entre ele e uma patricinha do Lago Sul se tornaram públicas. As falas preconceituosas dela contra o Guará e pelos erros de concordância da língua portuguesa cometidos por ele viralizaram na Internet como pólvora e geraram um monte de memes, piadas e, claro, muita indignação dos moradores da cidade. Pelo menos durante uma semana, ele foi a pessoa mais comentada nas redes sociais do DF, concedeu entrevistas para TVs, rádio, jornais, deu autógrafos, tirou inúmeros fotos com “fãs” e recebeu muitas cantadas.

Alexandre “do Guará” levou na esportiva e até faturou com o episódio

Mas Alexandre, que ficou conhecido como “Alexandre do Guará” jura que a provocação da fama inesperada não foi de propósito. Tudo surgiu, segundo ele, depois de uma discussão entre alguns amigos próximos sobre a declaração do ator Caio Castro nas redes sociais, que viralizou há duas semanas, sobre o incômodo que ele (Caio) sentia por ser obrigado a pagar a conta nos encontros com mulheres. “Foi então que postei os áudios dessa moça com quem tentei me relacionar, para exemplificar as falas do ator”, conta Alexandre. Mas, ele jura que não sabe quem desses amigos repassou os diálogos para a imprensa.
Tudo teria começado em um segundo encontro com a patricinha em um bar no Setor de Clubes Sul, quando a moça, segundo ele, teria proposto um “encontro a dois”, por ser uma mulher já madura etc. “Depois de várias mensagens dela cobrando o encontro íntimo, eu propus que ela viesse à minha casa e trouxesse os frios que eu providenciaria um bom vinho. Indignada, ela me enviou os áudios dizendo que não viria mais ao Guará e nem à minha casa, porque não iria ficar numa garagem cheia de carros e sem mesa e cadeira”, conta. E vociferou outras críticas ao nível social e aos erros de concordância cometidos por ele nas mensagens – a mais comentada “vim” em vez de “vir”.