Árvores caídas sobre carros, muros desabados, casas destelhadas e ruas alagadas – esse era o cenário encontrado em várias quadras do Guará após as fortes chuvas da noite desta terça, 21 de fevereiro. Não foi a chuva mais forte do período chuvoso, mas, com certeza, foi a mais perigosa, por causa da força dos ventos. Moradores relatam também a presença de granizo em algumas regiões da cidade, principalmente na QE 38, onde o estrago foi maior.
Onde não houve queda de alguma coisa, havia muita lama e sujeira nesta quarta-feira. Equipes do Corpo de Bombeiros, da Novacap, do programa GDF Presente e da Novacap passaram o dia fazendo a limpeza das ruas, podando e recolhendo restos de árvores, mas os prejuízos materiais ficaram com os proprietários de casas e muros. Na QE 38, duas árvores caíram e atingiram três carros, parte do muro do clube do Grêmio, entre as QEs 44, 46 e saída Sul, desabou e a enxurrada arrastou bastante lama para a avenida que divide as quadras novas (QEs 48 a 58) e o setor Iapi.
O pior é que há risco do problema se repetir nos próximos dias, porque o Instituto de Meteorologia prevê chuvas fortes que podem vir acompanhadas de ventania até o próximo domingo, 26 de fevereiro.
Comandante do Corpo de Bombeiros recomenda cuidados
Os maiores riscos das chuvas acompanhadas de ventos fortes são a queda de árvores, de muros, postes e destelhamentos. Para a comandante do quartel do Corpo de Bombeiros do Guará, coronel Erika Veruska de Araújo, a queda de árvores ou somente de galhos são os mais comuns e em alguns casos os riscos podem ser evitados pelos próprios moradores.
“Basta observar se as árvores do seu quintal ou da sua rua sofreram inclinação, estão com as raízes expostas ou estão ressecadas. Nesses casos, basta chamar o Corpo de Bombeiros, que tomaremos as providências depois da avaliação dos riscos”, recomenda a comandante.
Mas, de acordo com ela, nem sempre é possível evitar danos quando as chuvas mais fortes são inesperadas. “O clima tem mudado muito e provocado reações da natureza. A intensidade da chuva dessa terça-feira não estava prevista e não haveria como prevenir. Infelizmente, temos que nos acostumar com esses desastres ecológicos, como o que aconteceu no litoral de São Paulo, por causa do desequilíbrio ambiental que tem aumentado cada vez mais ”, explica coronel Erika.
Como funciona o serviço de poda de árvores em áreas públicas
A atividade é de responsabilidade da Novacap, mas em caráter emergencial pode ser
feita pelo Corpo de Bombeiros. Pedidos podem ser encaminhados à Administração Regional
O Distrito Federal conta com mais de 100 espécies diferentes de árvores. Só no Plano Piloto, a Novacap contabiliza mais de 1,5 milhão. Essa vasta arborização da cidade tem muitos benefícios, mas também causa algumas adversidades, corrigidas com as podas. A retirada de galhos mortos tem o objetivo de reduzir riscos, aumentar a penetração de luz e liberar a passagem de pedestres nas vias.
Desde 2018, a manutenção da arborização do DF é de responsabilidade da Novacap, que faz as podas a partir de um contrato com cinco empresas selecionadas por meio de pregão eletrônico. Ao todo, são 40 equipes, compostas por operadores de motosserra e motopoda, auxiliares de limpeza, técnico agrícola, engenheiros e encarregado de equipe, totalizando mais de 500 funcionários. Eles atuam em ações feitas nas 33 regiões administrativas subdivididas em dez áreas.
Intervenção
O serviço funciona tanto para atender demandas da população feitas pela Ouvidoria (por meio do telefone 162) e das administrações regionais, quanto a partir das próprias vistorias preventivas da Novacap. “Fazemos uma avaliação e, se for necessário, a intervenção é feita de forma técnica e partindo do princípio de interferência mínima”, explica o chefe do Departamento de Parques e Jardins da Novacap, Raimundo Silva.
A avaliação consiste na análise da saúde da árvore, conferindo se há situações como rachaduras no tronco e fungo na base, e também nos riscos para a comunidade, como a queda de galhos. “A questão da poda é muito difícil. Alguns querem um maior tipo de intervenção e outros, não. Seguimos um padrão. Toda poda nossa tem uma triagem, em que o técnico vai ao local e analisa o grau de necessidade do atendimento”, afirma.
Em 2022, a Novacap realizou mais de 100 mil intervenções desse tipo, e 10 mil árvores que ofereciam risco à população foram erradicadas. “Noventa por cento das árvores que retiramos e que caem não são da Novacap. São plantadas por terceiros com espaçamento errado, espécies que não se adaptam ao DF ou próximo a estacionamentos – o que resulta em queda e na necessidade de intervenções”, explica Raimundo.
Até por isso, o órgão orienta a população a não plantar em área pública. O plantio e a manutenção da arborização devem ser feitos apenas pela Novacap. “Também é importante frisar que a população não é autorizada a fazer poda nem a contratar empresas terceirizadas para o serviço em área verde pública”, acrescenta. A Novacap não faz o recolhimento de poda, galhadas e resíduos de jardinagem que não tenham sido realizados por equipes dela.
Corpo de Bombeiros e Neonergia podem podar
Além das ações executadas pela Novacap, o corte ou a erradicação de árvores podem ser feitos em situações emergenciais pelo Corpo de Bombeiros ou ainda pela Neoenergia, nos casos em que a vegetação coloca em risco o fornecimento de energia. “O Corpo de Bombeiros atua somente quando a árvore apresenta um potencial iminente de queda ameaçando algum patrimônio ou vidas, ou no caso de obstrução de vias”, explica coronel Erika Araújo, do Corpo de Bombeiros do Guará. “Como Brasília tem vários locais com arborização antiga e algumas com saúde debilitada, existe a queda de árvores em cima de veículos, casas e obstruindo as vias públicas. Nesse caso, pode ser acionado o 193”, completa.
No caso de situações em área privada, o morador deve pedir autorização para a administração regional para contratar uma empresa para realizar o serviço. Na área pública, a população deve fazer a solicitação pela Ouvidoria, no número 162.