O ecossistema de arte e galeria-escola A Pilastra apresenta mostra coletiva com o trabalho de três jovens pintoras negras do entorno de Brasília. A exposição faz parte do projeto de manutenção do grupo de pesquisa curatorial da Pilastra e contará com mediação de programa educativo, publicação de pesquisa e outros desdobramentos.
No próximo dia 01 de março (quarta-feira), às 19h, A Pilastra realizará a mostra coletiva Superfície Sensível, com obras das artistas Cris Akanni, Pamella Wyla e Rayza de Mina, sob curadoria de Gisele Lima. Ocupando a galeria da Pilastra, no polo de modas do Guará II, a exposição apresentará ao público um recorte da produção de três artistas, mulheres, negras, do entorno de Brasília que se dedicam a pela pintura investigar, criticar e se aprofundar em questões identitárias, raciais e subjetivas que atravessam as suas existências. Compõem a mostra cerca de 18 trabalhos inéditos e pertencentes a coleções privadas que apresentam as mais variadas facetas daquilo que aqui estamos entendendo como superfície sensível: A Pele, o Cabelo e a Pintura negra.
Ao longo do período da mostra, serão realizadas oficinas e encontros com outros artistas, grupos populares e coletivos. As ações são coordenadas pela artista e arte educadora Lua Cavalcante que tem sido a responsável por desenvolver o programa educativo Quintal Pilastra. Pautado em conhecimentos da cultura popular e embasado pela pedagogia griô. A primeira ação de mediação-espetáculo está marcada para o dia 18 de março às 15h com a convidada Maria das Alembranças.
Em cartaz na Pilastra, de 01 de março a 20 de abril – Superfície Sensível tem visitação de quarta à sábado das 15h às 20h . A entrada é gratuita e livre para todos os públicos. A participação dos encontros com o educativo Quintal Pilastra também é gratuita e livre. A Pilastra fica na QE 40 do guará II, no polo de modas final da rua 21.
Na mostra Superfície Sensível, o público poderá ver um retrato do cotidiano, da vivência, da delicadeza, do afeto e da subjetividade de mulheres negras. Suas provocações e seus
desdobramentos e como isso influenciou na produção artística delas e na formação de toda uma sociedade. As obras que participam da exposição serão fotografadas e registradas. Junto com textos críticos produzidos por curadores e historiadores da arte parte do grupo de pesquisa curatorial e convidados. As obras serão apresentadas em um catálogo digital a ser lançado ao final do projeto com o fim da terceira mostra idealizada pelo grupo, em setembro.
Sobre A Pilastra
A Pilastra, foi fundada em 2017. Nascida do desejo de exibir jovens artistas em desenvolvimento, em um ambiente propício ao diálogo crítico e à troca de experiências. Ultrapassando as fronteiras das artes visuais, mantém um trabalho de base com jovens artistas, curadoras, musicistas, atrizes e arte experimental em Brasília. Fazedoras e pensadoras alinhadas no desejo de estreitar pontos entre produção de arte contemporânea e vivências em sociedade limítrofe, questionam as balizas e entram em conflito direto com políticas vigentes.
Construída sobre o pilar da descentralização da arte e valorização de corpos dissidentes, atenta às discussões sobre sociedade, violências e realidades periféricas. Questiona e transita territórios de testes em meio à cidade não planejada. Tendo como mote a instrumentalização e formação profissional no meio cultural a partir do compartilhamento de saberes. Enxergando a cultura não apenas como um patrimônio intelectual, mas também como vetor de transformação social.
Sobre as Artistas
Cris Akanni é graduada em Arquitetura e Urbanismo. Impulsionada pela pandemia, começou a desenvolver suas obras. Com tinta a óleo fez sua primeira obra “Senhora da Criação” (2020) numa referência a Nanã, orixá africana, representada num cenário cotidiano, como uma mulher simples que se orgulha em mostrar suas criações. Ainda num cenário íntimo e familiar, produziu “O ramo” e “Quem cuida está sempre por perto”, obras que relembram as práticas dos antigos. A pintura “Tenho um apetite de leão” traz a imagem da mulher preta em cena, com a mesa farta, sorrindo. O cheiro, sua infância, as ruas de Ceilândia, o sotaque, o facão na cintura de seu avô são elementos e memórias que emergem em suas obras e resgatam suas raízes nordestina, representadas por pessoas pretas.
Pamella Wyla, 26 anos, artista e arte-educadora em formação. Mãe e moradora de Ceilândia. Sua linha de pesquisa artística investe em diversas linguagens como pinturas, colagens, escritas e fotografias. Sua temática se concentra na apresentação de poéticas e existências do corpo preto, pensando tempo e afetividade, como um chamamento identitário em suas obras. Em 2021, foi uma das finalistas no Programa Arte Ocupação, parceria da Galeria Risofloras e a Galeria Index, com a exposição Laços e Confrontos e sendo essa sua primeira exposição coletiva, logo após integrou a mostra coletiva Circuito em Ebulição: Nova arte contemporânea em Brasília.
Rayza de Mina, natural de Lago da Pedra-MA, Brasil. Vive e trabalha em Brasília, Brasil. É graduanda em licenciatura em Artes Visuais na Universidade de Brasília/UnB. Trabalha com artes visuais e poesia, tem como base o desenho, trabalhando com suportes como gravura, pintura, muralismo e tatuagem. Traz um reflexo sensitivo da sua realidade, condensado em traços, cores e texturas. Completando uma jornada de 10 anos como agente cultural e produtora cultural da sua comunidade, foi integrante do Movimento Cultural SuperNova, co-fundadora do Ponto de Cultura e Arte de Rua Casa Frida, co-fundadora da coletiva Território Sebastianas. Participou de exposições coletivas como Ondeandaaonda III no Espaço 508 sul (2018), Conversa e Ponto no Pé Vermelho (2022). Em 2019 foi premiada na 1° Bienal Black Brasil Art e também ganhou o prêmio Aldir Blanc de Cultura.
Sobre a curadora
Bacharela em Teoria, crítica e história da arte pela Universidade de Brasília. Desde de 2015 desenvolve pesquisas que investigam processos de criação, do fazer, do trabalho artístico, da produção cultural e da curadoria. Tece sua pesquisa poética pelo estudo das poéticas têxteis e do feminino. Com especial interesse em explorar como afetos se materializam em pontos, fios e tramas ao mesmo tempo que estes se transmutam em corpos e vivências.
Como Agente cultural se mantém plural e versátil na missão de fazer acontecer eventos de arte apesar dos pesares, se tornando um especialista em produção de guerrilha e fazedora de exposições sem grana. Foi Co-curadora da mostra Triangular – Arte deste século (2019/2020), realizada na Casa Niemeyer – UnB, melhor exposição coletiva institucional pela revista Select (2019); Curadora convidada da 14a Bienal Internacional de Arte
Contemporânea de Curitiba com a mostra Contraforte (2019) e Ganhadora do primeiro edital de curadoria da Galeria OMA ( 2018), São Bernardo do Campo – SP, com a mostra Métrica realizada no mesmo ano. Hoje é sócia e co-coordenadora da Galeria e casa de
Cultura A Pilastra parte da direção do projeto ConexãoAfro.
Sobre o Educativo
Trazemos o nome Quintal com o desejo de reforçar a experiência artística para além da galeria, ou da ideia de arte enquanto cubo branco. Aproveitando-nos das instalações arquitetónicas da Pilastra, ocupando e entendendo que o espaço expositivo se expande e alcança os quintais, a calçada e até mesmo a rua.
Nesse sentido, as proposições educativas do Quintal vão de encontro às práticas presentes nos ambientes das chamadas Culturas Populares, tendo como referências principais o viés comunitário, o conjunto de saberes determinados pelas relações dos indivíduos, a valorização da diversidade cultural, a multiplicidade de corpos e identidades, a noção de pertencimento, a exaltação da festa e a celebração da vida.
Propõe-se a elaboração de mediações que seguem o modelo de curva da vivência da Pedagogia Griô, para isso teremos formações em Pedagogia Griô com a educadora Luciana Meirelles, onde serão compartilhados os rituais de aprendizagem presentes nas propostas pedagógicas, como por exemplo o círculo de cultura. Serão criadas propostas de mediação para o público infantil e adulto, podendo seguir a curva da vivência de modo mais profundo ou leve, a depender da demanda dos públicos. Além das mediações, o projeto prevê ações da educadora Luciana junto ao público e momentos de apresentação de grupos populares como capoeira, samba de roda, palhaçaria etc.
Superfície Sensível
Cris Akanni, Pamela Wylla e Rayza de Mina, curadoria Gisele Lima
Realização: A Pilastra
Patrocínio: Fundo de Apoio a cultura do Distrito Federal
Abertura:01 de março, às 19h
Local: A Pilastra
QE 40, Polo de modas, final da rua 21.
Telefone: (61) 98636-1774
Em cartaz até: 20 de abril
Visitação: De quarta á sábado, das 15h às 20h