O simbolismo da vacina do presidente Lula no Guará

UBS 1 é sempre escolhida para lançamento de campanhas nacionais de vacinação ou de programas de saúde. Mas não é por acaso

A escolha da Unidade Básica de Saúde 1 para o lançamento da campanha nacional de vacinação bivalente com a presença do presidente Lula na segunda-feira, 27 de fevereiro, deixou no ar uma curiosidade: por que o posto do Guará 1 é sempre o escolhido para ações nacionais de saúde com a presença de autoridades, como aconteceu recentemente com o ex-ministros da Saúde Marcelo Queiroga e Luis Henrique Mandetta, de Ciência e Tecnologia Marcos Pontes, de Infraestrutura Tarcísio de Freitas, e os ex-presidentes da Caixa Econômica, do Banco Central, além de ministros do STF?
A unidade guaraense também é a preferida de parlamentares do DF e do Congresso Nacional quando querem se vacinar, alguns anonimamente, outros com publicidade.
A preferência não é por acaso. Um dos fatores considerados é a localização da Unidade Básica 1, que facilita montagem de esquemas e protocolos de segurança e mobilidade para caravanas de autoridades, por causa da facilidade de acesso ou fuga em caso de necessidade, a vizinhança do Hospital Regional do Guará para eventuais atendimentos de urgência, a estrutura que foi toda reformada há dois anos, e, talvez a própria tradição de ter se tornado referência para o lançamento de campanhas nacionais, principalmente de vacinação.

O ex-ministro Marcos Pontes, o presidente do Banco do Brasil e da Caixa Econômica e o ex-ministro Tracísio de Freitas escolheram a UBS 1 do Guará para se vacinarem

A escolha também é por méritos. De acordo com levantamento da Secretaria de Saúde, a UBS 1 do Guará é a que mais vacina no DF em proporção ao seu território de atendimento no programa Atenção à Saúde da Família. Segundo a gerente da unidade, Rosineide Antunes, a Rose, a média chega a 600 vacinas por dia em época de campanha, como essa agora da vacina bivalente e o total de vacinas aplicadas na unidade já ultrapassou 1 milhão de doses desde o início da pandemia da Covid. “Montamos inclusive uma estrutura própria para atender essa demanda da vacinação, que é feita com muita rapidez mesmo com a grande procura”, conta Rose.

A gerente da UBS 1, Rose Antunes, garante que não há demanda reprimida no posto
Estrutura facilita o atendimento

Mas não é somente em relação à vacinação que a UBS 1 é referência. Pelo levantamento da direção da unidade, são realizados 120 atendimentos diários de consultas agendadas e outras 45 de emergência, chamadas de “agudas”, com classificação amarela – a classificação, determinada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é feita de acordo com a gravidade do paciente verificada na triagem. No caso da amarela, são casos de suspeita de Covid, febre, dor de garganta, infecção urinária, alteração de pressão, entre outras. Quando o caso requer atendimento com mais estrutura, o paciente é encaminhado às Unidades de Pronto Atendimento (UPA) ou aos hospitais da rede pública, no caso da UBS 1, ao Hospital Regional do Guará (HRGu). Outro número relevante é que a Farmácia da UBS do Guará 1 atende cerca de 350 receitas por dia, ou, 4.500 por mês.


A prioridade da UBS 1, como toda unidade semelhante, é o atendimento ao programa Saúde de Família, que consiste no acompanhamento preventivo da situação familiar, para evitar que seus membros tenham que recorrer o mínimo possível ao sistema público de saúde. E essa ainda é uma carência da UBS 1, de acordo com Rose. “Como as equipes do programa somente podem se locomover a no máximo 4 quilômetros no território de uma UBS, precisaríamos de mais equipes, mas não há mais agentes de saúde disponíveis nos quadros da Secretaria de Saúde, que planeja promover um concurso para a contratação de mais profissionais”, afirma a gerente. A UBS 1 é a única do Guará 1 para atender a uma população estimada em 56 mil habitantes – a população de todo o Guará é de cerca de 147 mil habitantes.
Mesmo com a recomendação para atender prioritariamente pacientes do seu território, mediante comprovação de endereço, Rose garante que a unidade não deixa de atender quem mora em outros locais que busquem a unidade, principalmente se houver necessidade de atendimento emergencial. “Fazemos a avaliação e caso seja necessário o atendimento imediato, explicamos onde o paciente deve ir. Se for emergente, damos um jeito, mas isso não pode acontecer em detrimento dos pacientes do nosso território, porque estaríamos sobrecarregando o nosso atendimento e esvaziamento o de outros postos”, completa.

UBS 1 foi reformada há dois anos

A unidade recebeu uma grande reforma em 2021. Durante seis meses e sem interrupção dos serviços à comunidade, foram realizadas intervenções para melhorar a estrutura e criar novos espaços com o objetivo de atender melhor à população do Gaurá I.
Os trabalhos foram divididos em três etapas. A primeira foi dedicada às manutenções mais estruturais, no telhado e nas redes elétrica e hidráulica. A segunda contou com a revisão das redes hidráulica, de esgoto e de lógica; a substituição de estruturas internas, como divisórias, cobertura do teto, pinturas e adequação de piso e paredes; e intervenções nas salas de atendimento, como consultórios – que foram ampliados -, e áreas comuns dos servidores. A última fase garantiu a individualização de consultórios odontológicos, pintura externa da fachada e limpeza nos arredores da unidade.
A reforma ocorreu por meio de contrato de manutenção predial emergencial com recursos da Secretaria de Saúde e de emenda parlamentar e custou R$ 460 mil, destinada pelo ex-deputado distrital Rodrigo Delmasso.
Segundo a conselheira de Saúde do DF e funcionária da UBS há 40 anos, Fátima Rôla, foi a primeira reforma que o posto recebeu na sua história. “Foram montados consultórios para atendimentos individuais, salas de curativo e medicação, para a administração. Tudo isso aconteceu sem parar os atendimentos, o que foi importantíssimo para os usuários. A reforma também foi gratificante para os trabalhadores de saúde”, completa a conselheira.

Lula e Alckmin no contraponto a Bolsonaro, o antivacina

Até para se contrapor ao discurso negacionista à vacina do ex-presidente Jair Bolsonaro, o presidente Lula fez questão de abrir a nova campanha de vacinação com o gesto de se vacinar. O ato teve seu simbolismo ampliado porque o aplicador da vacina foi o vice presidente Geraldo Alckmin, que é médico.
O presidente, em seu discurso, fez um apelo para a população se vacinar e disse que esse é um gesto para as pessoas não morrerem por “falta de responsabilidade”.
“Daqui para frente, a hora que vocês lerem um aviso, virem na televisão um aviso, uma propaganda no rádio ou na internet que está dando vacina no bairro de vocês, na vila de vocês, na cidade de vocês, pelo o amor de Deus, não sejam irresponsáveis. Se tiver vacina, vá lá tomar a vacina, porque a vacina é a única garantia que você tem de não morrer por falta de responsabilidade. A vacina é uma garantia de vida”, disse Lula.
A campanha terá ações para ampliar o percentual de brasileiros imunizados em todas as vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Com a mensagem “Vacina é vida. Vacina é para todos”, a mobilização inclui vacinação contra a Covid-19 e outros imunizantes do Calendário Nacional de Vacinação em várias etapas.

Vacina bivalente
A ação marcou o início do plano de vacinação contra Covid-19 para 2023. As pessoas serão vacinadas com o reforço do imunizante bivalente da Pfizer.
Os grupos mais expostos ao risco da doença que foram vacinados com ao menos duas doses da vacina monovalente receberão a bivalente.
A vacina bivalente é uma atualização em relação aos primeiros imunizantes fabricados contra a Covid-19 e protege contra a cepa original do coronavírus e as subvariantes ômicron.