Embora o basquete não seja um esporte tão popular como são o futebol e vôlei para os brasileiros, ele é conhecido e reconhecido como um dos maiores atletas expoentes da modalidade no país. E, para orgulho dos guaraenses, ele nasceu, foi criado e continua morando na cidade, depois de uma temporada como profissional em São Paulo. Agora, Artur Belchior Silva está deixando as quadras, onde jogou por 22 anos profissionalmente, para dedicar-se às suas escolinhas de basquete. Mas sem deixar o Guará.
Aos 40 anos, o ala de 1m95, que estava jogando no time do Basquete Brasília até o anúncio da aposentadoria, é considerado um dos melhores jogadores do país na história do esporte.
A história de Arthur com o basquete começou no antigo Colégio Compacto do Guará I, aos 12 anos, sem influência de qualquer familiar, como geralmente acontece com a maioria dos jogadores que se tornam profissionais em qualquer modalidade. Mas poderia ser jogador de futebol, esporte que praticava na quadra poliesportiva da QE 19 do Guará II, onde nasceu e continua morando. Mas, como tinha altura acima da média, foi incentivado na escola a praticar vôlei ou basquete. Escolheu o basquete.
Depois de se destacar nos torneios e campeonatos escolares e amadores, e com a falta de perspectivas de seguir carreira em Brasília, Arthur foi convidado a jogar pelo clube Continental, de São Paulo, onde se profissionalizou, e depois foi para o time do COC de Ribeirão Preto.
Mesmo com destaque nacional – jogou durante oito anos pela Seleção Brasileira de Basquete – Arthur preferiu voltar às suas raízes e desde 2006 atuava pelo time do Basquete Brasília, um dos dois times do DF no Novo Basquete Brasil (NBB) – o outro é o Cerrado Basquete. No meio desse período, jogou por dois anos no Vitória (BA).
Como jogador da seleção brasileira, Arthur conquistou vários títulos, entre os mais importantes o Sul Americano por três vezes.
Do vôlei para o basquete
Apesar dos seus 1m95, Arthur é considerado um jogador de altura mediana para o esporte. Mas, não foi sempre assim. Ele cresceu cedo demais e logo era um dos mais altos do time da escola. Por isso, e devido sua facilidade de movimentação, os técnicos sugeriram que deixasse de jogar de pivô e passasse a ser ala. “Essa é uma posição em que você precisa arremessar mais e foi a partir disso que comecei a investir em treino de arremesso que hoje é o meu carro-chefe”, conta o agora ex-jogador, que é reconhecido por seus arremessos de três pontos.
Voltar a jogar em Brasília não estava nos planos de Arhur. “Antigamente, o basquete não tinha estrutura aqui, ainda mais se comparado ao estado que eu estava, São Paulo, que era uma referência para o país. Eu achava que voltar para Brasília era uma regressão”, conta. Mas retornou para a capital federal para integrar o elenco do Brasília Basquete. “No meu primeiro ano, fomos campeões com três meses de salário atrasados, mas hoje as coisas melhoraram bastante. Atraso de salário mesmo nunca mais aconteceu”, garante. Mas reclama da falta de mais apoio ao basquete brasiliense, que é mantido somente às custas do patrocínio do banco BRB.
Cuidar das escolinhas
A partir de agora, Arthur Belchior diz que vai cuidar apenas das suas quatro unidades da escolinha de basquete – no Colégio Rogacionista do Guará II, no colégio COC do Sudoeste, no COC do Jardim Botânico e no colégio Eva, da Asa Sul. E o projeto é abrir mais o leque e estender para outras regiões do DF. Tudo, segundo ele, “com pés no chão”. Arthur diz que se preparou para o momento de parar, financeira e mentalmente. “Embora me sinta bem fisicamente, entendi que meu ciclo como jogador havia se encerrado. O atleta precisa saber a hora certa de parar”, aconselha.
Além de cuidar das escolinhas, Arthur quer acompanhar a carreira do filho mais velho Gael, que aos 9 anos já planeja seguir a carreira do pai. A filha Maitê, de 8 anos, não manifesta interesse pelo esporte, pelo menos como sonho de futuro profissional.