TECNOLOGIAS REDUZEM DENGUE NO DF

Fumacê e armadilhas são algumas das técnicas utilizadas pela Vigilância Ambiental. Outras estratégias estão em fase de estudo

Além do trabalho intersetorial entre diversos órgãos do Governo do Distrito Federal (GDF), as tecnologias utilizadas pela Vigilância Ambiental foram cruciais para a queda no número de casos prováveis de dengue na capital federal.
As armadilhas que capturam os ovos do mosquito e o UBV pesado, mais conhecido como o fumacê, somados à atuação dos agentes da Vigilância, Serviço de Limpeza Urbana (SLU), Corpo de Bombeiros, administrações regionais e Novacap, resultaram em uma queda de quase 60% no número de casos da doença, de janeiro a 1º de abril deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.


A chamada ovitrampa é um local onde o mosquito Aedes aegypti deposita os ovos, que, em seguida, são contados e descartados pelos agentes. Segundo o diretor da Vigilância Ambiental em Saúde, Jadir Costa, essa estratégia tem dois objetivos importantes no combate à dengue.

Armadilhas de ovitrampa permitem a contagem de ovos do mosquito, o que é útil para a adoção de estratégias de combate à doença

“Por meio dessa armadilha, a gente consegue cessar o desenvolvimento desses ovos e permite que nossos agentes façam a contagem para chegar à conclusão se aquela região está com alta incidência do mosquito ou não. Isso serve para que a gente atue com mais eficiência nos locais que exigem uma atenção maior”, explicou.

Mais tecnologias

Outras tecnologias que estão na fase de estudo e análise de dados para serem implementadas no DF, como outras alternativas eficientes no combate ao mosquito Aedes aegypti, são as estações inseminadoras e o novo modelo de pulverização de larvicida natural.

Equipamento de aplicação espacial de larvicida contra o Aedes aegypti, testado no final do ano passado, tem o alcance de pelo menos 60 metros

“Nas estações inseminadoras, o próprio inseto será utilizado como dispersor do produto químico. E a nova tecnologia de pulverização de larvicida natural, cujo alcance é bem maior que o fumacê tradicional, é para atuar diretamente no estágio primário do inseto. Por enquanto, estamos nas fases de testes deste larvicida. Já fizemos quatro aplicações e agora estamos compilando os dados para validar a eficácia”, detalhou.

Redução de quase 60% dos casos no primeiro trimestre

Queda se deu pela atuação intersetorial do GDF: fumacê, inspeção por agentes e manejo ambiental são algumas das ações para combater o mosquito

As ações do Governo do Distrito Federal (GDF) contra a proliferação do mosquito Aedes aegypti tiveram resultado positivo no primeiro trimestre de 2023. De acordo com o Boletim Epidemiológico nº 13, da Secretaria de Saúde (SES), houve uma redução de 58,8% no número de casos prováveis de dengue, de janeiro a 1º de abril deste ano, em comparação com o mesmo período de 2022 – foram 14.539 casos prováveis nos três primeiros meses de 2023, contra 24.535 em igual período do ano passado.
Somente no primeiro trimestre deste ano, foram mais de 585 mil imóveis inspecionados e 418 mil estabelecimentos impactados pelo fumacê.
A queda no número de casos prováveis de dengue no DF é resultado de uma série de ações promovidas pela Vigilância Ambiental, como o controle químico, que é o famoso fumacê, a inspeção presencial realizada pelos agentes e o manejo ambiental, que inclui o recolhimento de material inservível, as podas de árvores e a limpeza de gramados. Trata-se de uma atuação intersetorial na promoção da saúde pública que resulta em um impacto positivo direto na população. “Cada região tem suas particularidades, então a gente vai nas administrações para entender a demanda daquele local e conseguir fazer um trabalho efetivo. É um trabalho em conjunto com as administrações regionais, a Vigilância Ambiental, o Corpo de Bombeiros e os órgãos de execução, como a Novacap”, explica o diretor da Vigilância Ambiental em Saúde, Jadir Costa.
De janeiro a março de 2023, os agentes da Vigilância Ambiental inspecionaram mais de 585 mil imóveis. Desse total, cerca de quatro mil não autorizaram a entrada dos agentes para a inspeção de rotina, o que prejudica as ações preventivas contra a reprodução do mosquito e o combate à doença.

Facilitar o acesso
Jadir Costa ressalta a importância de as pessoas autorizarem a atuação dos agentes nos domicílios. “É preciso que o dono ou responsável pelo imóvel confira se o agente está devidamente identificado, com colete e crachá, e o deixe entrar para fazer a inspeção. A gente atua com fumacê nas regiões, mas a inspeção interna por algum técnico é essencial para identificar possíveis focos”, defende.
Além disso, a Vigilância Ambiental informa que inspecionou, neste ano, mais de 1 milhão e 400 mil de depósitos com eventuais focos do mosquito da dengue. Deste número, foram mais de 140 mil recipientes tratados com aplicação de larvicida ou com a atuação mecânica, ao identificar e descartar água parada nos recipientes.
A atuação da população é fundamental para que os números de casos prováveis diminuam ainda mais. A inspeção feita pelo proprietário do imóvel leva cerca de dez minutos e basta que seja feita uma vez por semana. “É bem rápido. Os donos dos estabelecimentos fazem a própria inspeção em poucos minutos. Basta ficar atento nos gramados e no quintal se não tem nenhum acúmulo de água por lá”, ensina.