MORREU SÔNIA DOURADO

Ela foi mentora, criadora e diretora da primeira Casa de Cultura do DF, a do Guará, que deu origem a todas as outras.

Morreu na madrugada desta quarta-feira, 26 de abril, a professora Sônia Dourado, moradora da cidade e muito conhecida dos guaraenses por criar a Casa da Cultura do Guará na gestão do ex-administrador regional Alexandre Gonçalves, que serviu de inspiração para a criação de outras casas no gênero nas outras regiões administrativas. Sônia, 79 anos, estava internada há uma semana no Hospital Brasília, de Águas Claras, com pneumonia, agravadas pelo quadro avançado da doença de Alzheimer, descoberta em 2019 e acelerada nos últimos meses.
Informaremos mais tarde sobre o velório e sepultamento.

Quem foi Sônia Dourado

A história da cultura da cidade tem em Sônia Dourado o seu marco temporal. Criadora da Casa da Cultura do Guará, a primeira e a que deu origem a todas outras do Distrito Federal, Sônia organizou e turbinou os movimentos que aconteciam na cidade de forma até então desorganizada. Foi a partir da iniciativa dela que a cultura guaraense aflorou com mais intensidade e se transformou numa das mais representativas do DF.
Além de fundadora, ela foi diretora da Casa da Cultura na gestão de cinco administradores regionais, Alexandre Gonçalves, Heleno Carvalho, José Orlando, Alírio Neto e Marcos Dantas. Ninguém mais foi tanto.
Mas a história de Sônia Dirce Barreto Dourado com o Distrito Federal se assemelha à saga da maioria dos nordestinos que vieram para Brasília em busca de leite e mel que a nova capital oferecia. De Irecê, no seco interior da Bahia, a família veio para Brasília na década de 60 acompanhando o pai, que era comerciante, em busca de melhores oportunidades. Aqui, pai, mãe e sete filhos se instalaram na Vila do Iapi, onde é hoje um dos três grandes condomínios horizontais do Guará. Com 14 anos, ela foi trabalhar com o tia, irmã da sua mãe, nas Pioneiras Sociais. Lá, fazia o trabalho social de identificar as necessidades dos pacientes e acompanhantes, se precisavam de alimentação, de roupa, remédios. Ficou lá até passar no concurso de professor da Fundação Educacional, da Secretaria de Educação, como professora de Artes, onde aposentou-se com mais de 30 anos de magistério.

Como foi criada a Casa da Cultura

Como professora de Artes, Sônia promovia eventos em várias partes do Guará e do DF, até que teve a ideia de criar a Casa da Cultura, aproveitando a amizade com a então primeira dama do DF, Wesliam Roriz, combinada com a oportunidade de encontrar vazio o prédio no Cave onde chegou a funcionar uma churrascaria e depois uma boate. Foi juntar a fome com a vontade de comer.
Apresentado por Sônia, o projeto de criação da Casa da Cultura do Guará foi imediatamente aprovado por dona Wesliam, que imediatamente o levou ao governador Joaquim Roriz já como ordem de implantá-lo, como era seu estilo.
Com a ajuda de Lia Samara, um inquieto e criativo artista e agitador cultural, Sônia passou a agitar o movimento cultural da cidade com cursos de dança, música e criou até uma banda da casa que se apresentava em eventos em todo o Distrito Federal.
Numa época sem Internet e com dinheiro público de sobra era muito fácil ainda fazer cultura, desde que houvesse vontade e criatividade, o que sobravam em Sônia e Lia Samara.

Viagens com o filho

Depois que se aposentou, Sônia passou a se dedicar à leitura, uma de suas paixões, e a viajar pelo mundo com o filho Ricardo, que organiza viagens internacionais, e a curtir sua casa no condomínio Bernardo Sayão, abaixo do Polo de Moda.

Sônia deixa os filhos Denizar Júnior, Leandro, Ricardo e Renata Dourado (apresentadora de telejornais da TV Band Brasília), seis netos e três irmãs.