“Novo hospital do Guará será referência para cirurgias ortopédicas” – Secretária de Saúde do DF, LUCILENE FLORÊNCIO

A Secretária de Saúde Lucilene Coutinho explica, nesta entrevista ao Jornal do Guará, como será o funcionamento do novo hospital, quais serão as prioridades, a previsão da construção da UPA, como pretende melhorar o atendimento do Hospital Regional do Guará (HRGu) e da Unidade Básica de Saúde (UBS) da QE 38.

 

Por que o governo optou por construir um hospital com especialidade em ortopedia em vez do hospital geral como estava previsto inicialmente?

Porque concluímos que temos uma demanda grande pelo atendimento de cirurgia eletivas de ortopedia, ou seja, aquelas que não são de emergência e que os pacientes muitas vezes ficam internados em hospitais de porta aberta, ocupando leitos que poderiam ser ocupados por quem está necessitando de atendimento de emergência, como vítimas de acidentes automobilísticos, quedas e outras contusões graves que não podem esperar por uma cirurgia. O hospital Ortopédico do Guará terá essa referência, principalmente para atender aos moradores da chamada Região Centro-Sul, que vai do Guará, Candangolândia até Samambaia, Ceilândia, Santa Maria etc. O hospital do Guará vai ajudar a desafogar os centros de traumas, que estão nos hospitais do Gama, Ceilândia, Taguatinga e o Hospital de Base.
Hoje é uma tendência mundial esses hospitais vocacionados, ou seja, que priorizem uma determinada especialidade.

Mas haverá também uma parte para a clínica médica…

Sim, porque há uma demanda na região do Guará e no seu entorno por um hospital de outras emergências que esteja mais próximo. O Guará foi escolhido pela sua localização estratégica e também porque sua população aumentou muito nos últimos e não dispõe de um hospital que atende a essa demanda crescente. Existe essa lacuna na chamada Região Centro-Sul, porque a população mais afastada dispõe de grandes hospitais públicos em Taguatinga, Ceilândia e Santa Maria. O Hospital Clínico e Ortopédico do Guará vai atender preferencialmente essa população, mas não quer dizer que não atenderá quem o procurar, porque somos regidos pelo sistema do SUS e temos que respeitar a universalidade, ou seja, onde quer que eu esteja tenho o direito de ser atendido na rede pública disponível.

O Hospital do Guará então não será um hospital de “portas abertas”, ou seja, que atenda quem o procurar por conta própria…

Exato. Só vai atender pacientes encaminhados por outras unidades de saúde, no caso, outros hospitais que não disponham daquela especialialidade, não tenham equipes ou espaço especializado, e depois de feita a triagem do caso clínico do paciente. Os casos, por exemplo, de crises de hipertensão, diabetes, enxaqueca, serão atendidas pelas UPAs. Os moradores dessa região terão disponíveis as UPAs do Guará, que ficará pronta antes da conclusão do hospital, do Riacho Fundo e da Estrutural.

UPA DO GUARÁ EM 2025
E quando será construída a UPA do Guará, que estava prevista para o ano passado?

O governo administra por prioridades. Como a região da Estrutural é mais vulnerável, a de lá será construída primeiro e depois a do Guará. A da Estrutural ficará pronta no inicio do próximo ano e a do Guará no final de 2024 ou início de 2025.

Como a entrega do novo hospital vai demorar quase três anos, há previsão de melhoria das instalações e ampliação do atendimento do atual Hospital Regional do Guará?

No caso específico, não, até porque não há mais espaço físico para ampliações. O que fazemos são interferências pontuais, dentro do que é possível, considerando o que existe. Mas vamos atacar a demanda de outra forma, com a ampliação do atendimento do programa Saúde da Família, para evitar que muitos pacientes precisem procurar o hospital por qualquer motivo. Estamos preparando reforços significativos nas equipes dos programas Enfermagem de Família, Núcleos de Apoio à Família e Agente Comunitário de Saúde. Vamos fortalecer o Núcleo de Atenção à Família para atendimento aos pacientes que precisam de internação, mas podem ficar internados em casa, como são os casos de portadores de doenças crônicas, idosos, que podem ser acompanhados pelas equipes da estratégia da saúde da família. Vamos receber 52 médicos do programa Mais Médicos do governo federal para reforçar essas equipes de atendimento domiciliar.
Com isso, vamos reduzir a demanda do atual Hospital Regional do Guará, que passará a atender os casos mais graves e emergentes.

Usuários reclamam das condições da UBS 3, da QE 38. O que vão fazer com ela?

Ela será demolida e será substituída por outra, modular, no padrão de construção das novas UBS e UPAs. Mas, a nova UBS da QE 38 será construída em 2026, porque estamos construindo 20 UBS em regiões onde há mais demanda do programa Saúde da Família e que ainda não estão sendo atendidas. Essa nova UBS da 38 será do mesmo tamanho da atual, mas com mais conforto e com maior capacidade de atendimento.

NÃO FALTARÃO PROFISSIONAIS
Os críticos da construção do Hospital Clínico e Ortopédico do Guará citam a possibilidade de termos um grande hospital e não ter pessoal que o faça funcionar, porque há um déficit de recursos humanos na rede pública do DF, incluindo o Hospital Regional do Guará …

A construção de um hospital é um conjunto, uma sucessão de ações que culminam com a entrega da obra física. No caso do Hospital Geral Ortopédico do Guará já temos o projeto arquitetônico, os recursos disponíveis para a construção e o plano de necessidade. À medida em que a obra for prosseguindo, vamos adquirir o imobiliário e os equipamentos e preparando a contratação das equipes necessárias para o seu funcionamento. Os recursos humanos necessários vão fechar antes da entrega da obra, porque não adianta contratar antes e ficar pagando sem necessidade. Só no cadastro reserva de concursados da Secretaria de Saúde temos cerca de 5 mil profissionais aguardando e eles serão chamados conforme forem surgindo as necessidades e à medida que as unidades novas forem sendo entregues. Se esse cadastro zerar e se faltarem profissionais para algumas especialidades, vamos promover novos concursos com prazo suficiente para serviram às novas unidades. Portando, não há risco do futuro hospital do Guará não começar atendendo plenamente por falta de pessoal.